Arquiteto e membro da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), o deputado estadual Edmilson Rodrigues (PSOL) pedirá um laudo completo ao Corpo de Bombeiros sobre a real situação do prédio, onde a Prefeitura de Belém pretende colocar em funcionamento o Shopping João Alfredo. A decisão foi tomada, na tarde de ontem, durante a visita feita pelo parlamentar ao prédio. "Como arquiteto e até mesmo como cidadão, eu estou chocado com o que vi aqui. Aarquitetura assim como a engenharia são sistêmicas, ou seja, é preciso que se avalie as condições de todo o prédio, e não apenas dos andares onde foram feitas as obras para o funcionamento do shopping popular", destacou Edmilson, que esteve na visita acompanhado do deputado estadual Augusto Pantoja (PPS) e da vereadora Marinor Brito (Psol), além de várias lideranças representativas dos trabalhadores ambulantes.
De acordo com Edmilson, que visitou os seis andares do prédio, a situação é muito grave. Há rachaduras nas paredes, intervenções de engenharia em relação à tubulação, grandes infiltrações que se agravam pela falta de esquadrias para circulação de vento, além da presença de pássaros mortos e sujeira, todas características de um prédio abandonado. "É preciso que se tenha um laudo completo da situação desse prédio e que verifique também as condições do mesmo em casos de incêndio ou outras situações de perigo para evitar catástrofes ou mesmo colocar em risco a vida dos trabalhadores e das pessoas que venham a frequentar o local. Por isso, viemos fazer essa visita, para tentar buscar uma solução através do diálogo e para evitar maiores problemas", disse Edmilson, que foi ouvido pelo secretário municipal de Economia, Marco Aurélio Nascimento e pelo capitão do Corpo de Bombeiros, Marcelo Nogueira, que também acompanharam a visita.
Marco Aurélio disse que uma grande preocupação da Prefeitura de Belém está sendo pelo fato de ter sido investido muito dinheiro público com aquela obra. Porém, garantiu estar disposto a dialogar para buscar uma solução mais adequada para o problema. Já o capitão Nogueira, do Corpo de Bombeiros explicou que a corporação já fez uma vistoria na área e que um laudo demoraria cerca de dez a 15 dias para ser concluído. Os ambulantes estão tensos e preocupados com a situação do prédio e alegam que a obra sequer prevê instalações elétricas adequadas para a utilização de aparelhos eletrodomésticos, como liquidificadores, chapas e outros equipamentos necessários para serem usados pelos trabalhadores que vendem lanche, como é o caso de Josiane Madeira. "Eu trabalho com a venda de salgados que são fritos na hora e sanduíches feitos na chapa, mas aqui não há nem tomadas para que a gente possa trabalhar", reclamou a ambulante que sustenta a família com o dinheiro que ganha na rua João Alfredo há 16 anos.
Segundo o diretor da Associação dos Ambulantes do Centro e do Comércio, Osmar Campos, um total de 142 ambulantes estão cadastrados para ser alocados no shopping João Alfredo, mas outros 130 ficarão de fora e terão que ser redistribuídos nas vias transversais do Comércio. "Está muito difícil essa situação porque ela não resolve a questão por completo, já que muitos terão que ficar nas transversais que já estão lotadas. Precisamos ter conhecimento real da situação do prédio para podermos tomar uma decisão em conjunto", disse o diretor da associação, que tem 70 anos de idade, dos quais 51 trabalhando naquela área. Na manhã de ontem, cerca de 30 vendedores ambulantes do centro comercial foram às galerias da Alepa assistir ao segundo pronunciamento do deputado Edmilson sobre a transferência de parte do segmento para um prédio deteriorado da Rua João Alfredo, imposta pela Prefeitura de Belém. Ele voltou a criticar as condições do imóvel do antigo Banco Real, que oferece risco à segurança da população em geral. "O próprio 'habite-se', concedido pelo Corpo de Bombeiros para apenas dois andares do imóvel, atestando o 'risco médio', já deveria ser suficiente para que o processo fosse paralisado e novas negociações estabelecidas com os trabalhadores", destacou, na ocasião, o líder do PSOL.
Edmilson também declarou que o teto do segundo piso do prédio de sete andares, caiu recentemente após uma forte chuva. "O povo de Belém clama pela revitalização do centro comercial, que encontra-se em situação deplorável após oito anos de abandono. Porém, qualquer intervenção do poder público deve ser pautada no respeito ao direito ao trabalho das centenas de famílias que tiram seu sustento do difícil trabalho nas ruas, harmonizando essa atividade econômica com a vocação comercial que há séculos está presente na área histórica da capital paraense. Por isso, é inadmissível que a transferência dos ambulantes seja imposta, sem discussão com a categoria, numa tentativa autoritária de ordenamento que provocará desordem e caos social", disse. Edmilson, que foi bastante aplaudido pelos trabalhadores.
Fonte: Assessoria Parlamentar
Um comentário:
É por isso que esse deputado fazia restaurantes à céu aberto na época em que era prefeito (quem não se lembra do lixão na praça da República?), porque não precisava de aprovação de projetos de prevenção contra incêndio, não tendo, pois, quem lhe viesse cobrar responsabilidades. Esquecia apenas de mandar limpar.... mas isso nada tem a ver com bombeiros... era descaso da prefeitura mesmo.
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