segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Pelo Remo, choremos. Mesmo parecendo patéticos.


Recebi essa mensagem ao lado, como vocês podem ver, exatamente às 18h39 do último domingo, 23 de novembro de 2025.

Foi-me enviada por uma de minhas filhas, a mais velha.

O Remo acabara, então, de ascender à Série A, após vencer de virada o Goiás, por 3 a 1, num Mangueirão lotado por 50 mil torcedores, 200 deles, se tanto, de outros times.

A última vez que remistas choraram ao comemorar a subida do time à Série A foi em 1994. Ela tinha, então, apenas 10 anos. Eu, 34.

Criança ainda, ela talvez nem tenha se dado de que eu chorei naquela ocasião.
 
Mas não me achei patético. E nem ela deve achar-se agora.

Porque não é patético chorar quando seu time conquista um triunfo. Não qualquer triunfo. Mas um triunfo glorioso. Como o do Filho da Glória e do Triunfo (sim, secadores, esse é um par perfeito, altivo, galhardo e glorioso, apesar de alguns reveses, que fazem parte do jogo).

Não é patético chorar quando você já foi humilhado, espezinhado, menosprezado e debochado porque seu time, como diziam, era um sem-série, mas agora extasia o Brasil por ter retornado ao topo do futebol brasileiro após mais de três décadas - que mais se parecem com três eternidades, cada uma de mil anos.

Não é patético chorar quando se vê um fenômeno como a Fenômeno Azul - formada por todas as gentes que vocês imaginarem - envolver sua paixão com o manto da Fé e berrar "eu acredito" a plenos pulmões, do primeiro ao último o minuto de um jogo dramático. E acreditar, afinal, resultou no que viria mesmo a acontecer: o acesso à Série A.

Não é patético chorar porque seu time representa o que você quer para si mesmo e para os outros, sobretudo os outros que lhe são mais próximos e que você mais quer bem.

O que você lhes quer?

Quer que vençam na vida, que sejam resilientes, que persistam, não esmoreçam, não desistam, não recuem nas adversidades, não se desviem de seus objetivos, que honrem seu valores e tenham, sempre, garra e paixão na trajetória que enfrentam em busca de ideais.

Uma coisa eu te peço
Joga com raça e paixão.
Honra essa camisa
Meu poderoso Leão.

Não é esse é um dos hinos de luta que ecoam das arquibancadas fenomenais? Pois é.

Choramos, parecendo ou não patéticos, porque o futebol se parece com a vida, meus caros.

Ou seria a vida que se parece com o futebol?

Sabe-se lá.

Mas o certo é que essa fusão de experiências, numa e noutra situação, é pateticamente visível. Não reconhecer esse fato, aí sim, isso é patético.

Choremos, pois.

Sem pudores.

Sem peias.

Choremos, se quiserem, pateticamente.

De tanto que já choramos quando era patética nossa situação de sem-série, qual o problema de deixarmos rolar patéticas lágrimas porque entramos, enfim, no paraíso?

Em cada um de nós mora a esperança
Essa pujança, nosso ideal
E como somos do Clube do Remo
No nosso amor diremos que não tem igual

Foi Antônio Tavernard quem eternizou esse versos.

Entre lágrimas - patéticas, que sejam -, assinamos embaixo.

E cantemos, lagrimando, sem parar.

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Em livro com reedição ampliada, Lúcio Flávio Pinto traça a crônica de dois séculos sobre Santarém


Santarém, com o Tapajós e Amazonas a banhá-la, sem se misturarem, mas sempre
juntos: na crônica dos tempos, em livro reeditado de Lúcio Flávio Pinto (Foto: Espaço Aberto)


Vai ser lançada neste dia 18, em Belém, a reedição do livro “Memória de Santarém”, que reúne artigos do jornalista Lúcio Flávio Pinto. 

Considerado um dos maiores jornalistas especialistas no tema Amazônia, o paraense de Santarém, Lúcio poderia ser o grande ausente dos debates da COP 30; mas, longe dos holofotes, sua participação indireta será marcada pelo evento literário, às 18 horas, no auditório do Ministério Público Federal (MPF), em Belém.

Ambientada a partir de Santarém, “Memória de Santarém” [904 páginas – Editora Letra Selvagem], a obra tem o mérito de ser uma fonte autêntica e segura de informações sobre acontecimentos que marcaram a região do Baixo Amazonas paraense, durante dois séculos; e que extrapolam essa região revelando um conjunto impressionante de fatos personagens. Por exemplo, o desmatamento e o extrativismo mineral, que produz riquezas sem melhoria expressiva das condições de vida das populações nativas.

O livro reúne crônicas e artigos publicados durante 25 anos no jornal O Estado do Tapajós (já extinto) e no portal www.oestadonet.com.br, editado a partir de Santarém pelo jornalista Miguel Oliveira, um dos organizadores da reedição, juntamente com Nicodemos Sena, diretor da editora Letra Selvagem.

O conjunto da obra transita entre o jornalismo e a sociologia, e explica as razões da secular estagnação econômica, social e política da Amazônia, sempre a reboque dos interesses dos governos centrais, desde a Colônia até os dias de hoje.

“O livro não trata exclusivamente dos acontecimentos de Santarém, a rigor, aborda as questões amazônicas desse lugar emblemático na história da região, desde a colonização", diz Miguel Oliveira.

Jornalismo visionário

Nélio Palheta, jornalista que comandou o jornalismo da TV Liberal, quando Lúcio Flávio Pinto foi comentarista do programa "Bom Dia, Pará", ressalta a dimensão do olhar crítico do autor: “Lúcio foi sempre atento, dedicado, estudioso, ousado e dono de um senso crítico profundo sobre muitos fatos que ocorriam e ainda ocorrem na Amazônia. Sem superficialidades ou autocensura, Lúcio apontou sugestões de solução para não reduzir seu jornalismo, a meras críticas.  Jornalismo que ainda tem valor como retrovisor de uma visão sobre o futuro da Amazônia que, podemos dizer, não demorou muito para chegar, de maneira destruidora”, comenta Palheta.

Os artigos resultaram de um trabalho de “garimpagem de fatos, dados e personagens em arquivos públicos e privados; em coleções de jornais antigos e outras fontes em que Lúcio mergulhou com paixão, cuidado e ciência” - acrescenta Nicodemos Sena, diretor da Letra Selvagem.

Reconhecimento

Com o reconhecimento de várias instituições nacionais e internacionais, Lúcio Flavio, hoje aposentado, dedicou mais de meio século da sua vida a uma insistente defesa da região.  Sua obra, lançada no calor da COP30, é importante para os debates atuais e futura, para que nada seja esquecido. É o corolário de uma trajetória do jornalista visionário, que viu o futuro bem à frente das forças que atuam na região. 

“Como repórter de vários jornais, autor de dezenas de livros, Lúcio esteve sempre atento aos problemas ambientais, econômicos e sociais da Amazônia. Seu jornalismo o incansável de repórter investigativo, haverá de reverberar sempre” - observa o jornalista Paulo Roberto Ferreira, que trabalhou O Liberal na mesma época que Lúcio Flávio era articulista e editor da coluna “Repórter 70”.

O lançamento do livro tem o apoio do Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor), entidade presidida por Lúcio Flávio no período 1978-1981. Será acontecimento de justa homenagem ao Lúcio, pelo jornalismo sempre atento em defesa da Amazônia, e dos jornalistas paraenses - não raro em conflito com governos e corporações privadas poderosas que, à luz do pensamento e da apuração rigorosa do jornalista, concorreram para o estado de depredação da região.

O lançamento do livro, na sede do MPF [Rua Domingos Marreiros, 690 Umarizal – Belém-Pará], tem significado simbólico do papel do jornalismo profundo, ao lado de instituições que, por natureza ou missão, têm o papel de proteger bioma fundamental para o equilíbrio do clima global, que é a Amazônia.

Fonte: Divulgação

terça-feira, 4 de novembro de 2025

Voos com drones sofrerão severas restrições durante a COP30. Desobediências poderão ser punidas com base na Lei Penal.

Droneiros, fiquem, ou melhor, fiquemos em alerta durante todo este mês de novembro - pelo menos até o dia 21.

Durante a COP30, que começa no dia 10, mas será antecedida nesta quinta e sexta (06 e e 07), com a realização da Cúpula de Líderes, haverá severas restrições para o uso de drones no espaço aéreo de Belém, tanto para os aficcionados de voos recreativos, quanto para os que fazem voos profissionais.

"O voo com drones é uma preocupação muito grande das autoridades, sobretudo as aeronáuticas, durante a COP30. Você sabe que o cara decola um drone de qualquer lugar, e assim como ele pode levar uma flor, ele pode levar uma granada, né? E a preocupação da Força Aérea é principalmente durante esses dias agora. Por isso, o espaço aéreo vai estar limitado e equipamentos serão usados no controle", disse ao Espaço Aberto, nesta terça (04), um especialista em temas aeronáuticos.

Ele acrescentou que o papel da Imprensa será muito importante para reforçar, junto aos operadores de drones, que existem limites a serem observados durante a COP, como também os problemas e as consequências, inclusive na área penal, para os que não respeitarerem as restrições.

Como se pode ver nas imagens postadas acima, os que não observarem os limites impostos estarão sujeitos a responder pelos crimes de perigo à segurança de transporte aéreo e exposição de terceiros a perigo, além de sanções previstas na Lei de Contravenções Penais.