Vamos e
convenhamos: a Venezuela, ou melhor, o pobre, o espoliado, sofrido, depauperado,
sacrificado povo da Venezuela está entre um selvagem e um fantoche.
Está entre
Nicolás Maduro, um selvagem, e Juan Guaidó, um fantoche dos interesses de
países que não querem propriamente encontrar uma saída pacífica para a degenerada
situação política que o País enfrenta, mas estimular a população a ingressar na
aventura de uma guerra civil de consequências mais desastrosas ainda.
Maduro é
um selvagem, um ditador, um irresponsável e um criminoso.
Afundou o
País na miséria.
Cercou-se
de uma horda de militares corruptos.
Vale-se de
milícias assassinas como suporte adicional para sustentar-se no poder.
Reprime
adversários quaisquer que sejam – jornalistas, inclusive.
Ignora a
legitimidade do Poder Legislativo.
E manipula
a seu bel-prazer um Judiciário que se conserva completamente encolhido, manietado,
dominado, agrilhoado, apequenado e acovardado diante da ditadura travestida de
governo democrático.
E Guaidó?
É uma liderança
política, sem dúvida. A maior liderança política da oposição.
Mas de onde ele tirou essa ideia de autoproclamar-se presidente
do país?
Guaidó é o
único presidente autoproclamado que
não tem o que, tecnicamente, a linguagem diplomática chama de “controle de
território”.
Em
português – de Portugal e do Brasil: Guaidó só tem efetivo controle sobre o
território da casa dele. Só tem o controle da sala, dos quartos, da cozinha, dos banheiros e do quintal (se quintal houver).
Guaidó não
tem poder nenhum. Absolutamente nenhum.
Mesmo que tenha
sido reconhecido por trocentos países
– o Brasil entre eles – como “presidente autoproclamado” da Venezuela, ele não
tem ninguém que obedeça a uma ordem sua.
Mesmo
assim, Guaidó subordina-se a ações temerárias, como essa última, de dirigir-se
a uma base militar com a pretensão de comandar, a partir de lá, uma tomada
efetiva de poder com o apoio de militares.
Não
conseguiu. Porque apenas uma meia dúzia atendeu a seus apelos.
E aí?
E aí que a
atitude de Guaidó acirrou ainda mais a repressão, a brutalidade, a selvageria
do governo Maduro, que não hesitou nem de acionar carros blindados contra
populares desarmados.
O certo é
que, neste cenário tétrico, neste cenário trágico e devastador, observa-se a
omissão - clamorosa, inadmissível e imoral - da ONU.
Não o
Brasil.
Não a
Colômbia.
Não a
Argentina.
Não os
Estados Unidos.
Não a
Rússia.
A ONU, ela
sim, é que deveria estar à frente de negociações diplomáticas para encontrar
uma saída pacífica na Venezuela.
Mas está
escondida.
A ONU mantém-se
refém de sua inoperância.
Pobre
Venezuela.
Pobre povo
venezuelano.