segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Obras da Alepa põem em risco o bicentenário Solar Barão de Guajará, uma das preciosidades do patrimônio histórico de Belém


A casa demolida é vizinha ao prédio bicentenário do IHGP (Imagens: redes sociais)

Uma das preciosidades do patrimônio histório de Belém, o Solar Barão de Guajará, prédio com mais de 200 anos que abriga a sede do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, está com suas estruturas seriamente ameaçadas em decorrência de obras que estão sendo feitas pela Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) numa edificação vizinha ao IHGP.

Os alertas sobre os graves riscos que representam a demolição de uma casa no número 64 da Rua Tomázia Perdição, em plena Praça D. Pedro II, vizinha de parede e janela com o Solar, estão viralizando nas redes sociais nos últimos dias, com postagens que vêm sendo compartilhadas, inclusive, por vários membros do próprio IHGP.

O Espaço Aberto ouviu, neste domingo (11), alguns integrantes do Instituto que não apenas confirmaram o teor dos alertas divulgados nas redes sociais, como afirmaram que o Ministério Público Federal (MPF) já foi informado sobre a suposta ilegalidade das obras que vêm afetando o Solar, que, por sinal, foi o primeiro prédio tombado pelo Institutoto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Belém, isso em 1950, portanto há 75 anos.

Uma reunião marcada pelo Iphan para esta semana tentará reunir representantes do IHGP, da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), do Conselho Regional de Egenharia e Arquitetura (Crea-PA) e de outros órgãos, com o objetivo de encontrar um solução para o problema.

"Dentro do prédio do Solar Barão de Guajará tem obras de arte, tem um arquivo que é usado por pesquisadores até de outros Estados e por pessoal de pós-graduação da universidade, entendeu? No Solar existem biblioteca e móveis antigos. Também lá tem a sala dos governadores com móveis do Barata. Todo esse ambiente está mantido. Aquilo não é um prédio velho. É um prédio antigo, mas preservado", disse ao blog um dos integrantes do IHGP, que defendeu a necessidade urgente de se encontrar uma solução que elimine os riscos que as obras da Alepa vêm causando.

Projeto irregular - De acordo com as postagens nas redes sociais, a casa vizinha ao Solar não poderia ser demolida integralmente, e muito menos no local se levantar uma edificação moderna com 3 pavimentos, agredindo o gabarito e toda a ambiência do centro histórico, além de causar sérios prejuízos ao prédio bicentenário, que está sofrendo com infiltrações na parede lateral e corre o risco de ter vedada uma janela lateral.

Nos últimos 82 anos, continuam as postagens, "o IHGP tem preservado heroicamente esse prédio, sem dotação alguma nem do município e nem do Estado, e apenas com a contribuição de seus sócios. Ali estão guardadas algumas joias da história e da cultura do Pará e da Amazônia, um rico arquivo, um museu e duas bibliotecas, incluindo a pessoal do Barão de Guajará. Parte desse acervo está em exposição, que, nos últimos dias, infelizmente, por conta dos estragos causados por essa obra tivemos que tirar da Galeria Imperial, como o retrato de D. Pedro I, de autoria de Manoel Pastana, que corria perigo por conta da infiltração, e objetos litúrgicos da capela interna."

As postagens reforçam ser necessário que "a Alepa reveja esse projeto urgentemente, respeite a legislação vigente, mantenha o recuo de parede de 1,5 meio e preserve a janela lateral do Solar. Com boa vontade, essa iniciativa inclusive daria melhor salubridade e conforto térmico aos dois prédios, com um saguão, quiçá um pequeno 'jardim de inverno'".