Paulo Roberto Souza, o Plínio: um lutador até o fim. E sempre de bem com a vida, mesmo quando sua vida deu mostras de que começava a fenecer (imagem do Facebook). |
Nestes dois últimos anos de tantas perdas, de tantas vidas ceifadas, o dia de hoje, para mim pessoalmente, vai ficar como um dos mais devastadores.
A partida de Paulo Roberto Souza, o Plínio, como tantos de nós, seus amigos, o chamávamos, deflagra aquela dor lancinante na alma da gente.
Uma dor que nas duas últimas semanas foi agravada pela sensação de impotência que domina todos os que já enfrentaram a terrível, a nefasta experiência de ter um familiar ou um amigo internado numa UTI, por apresentar um estado clínico de gravidade irreversível.
Até o momento em que foi torpedeado por um AVC hemorrágico que lhe custaria a vida, Plínio foi um lutador.
Lutou com destemor, otimismo e determinação desde que foi descobriu um câncer agressivo, no início deste ano.
Lutou com bravura e sem perder o bom humor que demonstrou, em conversa que tivemos, até pouquíssimos dias antes de ele ser internado.
Perder amigos é uma coisa horrível, vocês sabem.
Perder um amigo como o Plínio é mais doloroso ainda porque, além de amigo, eu o tinha como um irmão.
Uma amizade de mais de três décadas, que começou, acho, lá pelos anos de 1987 ou 1988, logo depois que ele, recém-saído do Diário do Pará, ingressou em O LIBERAL, onde eu já trabalhava.
Em três décadas de ligação, compartilhamos conquistas, dividimos angústias, desfrutamos da paixão pelo mesmo Remo, secamos muito - e com prazer - o maior rival e arrostamos os desafios que se nos apresentavam, sobretudo no jornalismo.
Durante algum tempo, tão logo fechávamos a edição - ele, no Amazônia, eu, em O LIBERAL -, no início das madrugadas, íamos juntos matar a fome num cachorro quente que ainda está ali pela Avenida Romulo Maiorana, próximo à Travessa Pirajá. Mais do que nos saciarmos, o bom mesmo, nesses momentos, era apostar quem comia mais.
Ganhei várias vezes, perdi outras.
A partida do Plínio me deixa com a sensação de um enorme, um imenso, um abissal vazio. E reforça também a certeza - que vai, eu acho, se solidificando com o avançar da idade - da transitoriedade da vida.
Para tantos que já me perguntaram quando será o sepultamento, informo que será nesta segunda-feira (13), no Santa Izabel, às 9h.
Estou de férias, fora do Brasil.
E ainda bem que é assim. Porque, não estando presente aos rituais fúnebres de despedida, a imagem que vai me ficar do Plínio será a do amigo-irmão cheio de vitalidade e sempre de bem com a vida, como ele sempre foi.
A todos os seus familiares, um abraço fraterno.