sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Parte da Imprensa, irresponsavelmente, açula, atiça, insufla


Não nos iludamos, meus caros.
Falemos claro.
Claríssimo.
Falemos no português de Portugal - ou do Brasil mesmo. Em português coloquial, nada castiço.
Falemo assim: parte da Imprensa - sobretudo e notadamente a paulista - está agindo com uma irresponsabilidade atroz ao comentar este caso em que a Portuguesa, pelo menos até agora, perdeu quatro pontos e foi rebaixada para a Série B, disso favorecendo-se o Fluminense, que permaneceu na Série A.
Ainda falem claro: parte da Imprensa paulista está açulando, insuflando, atiçando, metendo corda em torcedores, fazendo-os acreditar que a Lusa foi vítima de uma armação.
Isto mesmo: armação.
É o que vem sendo dito com todas as letras, como todos os efes e erres, por uma parte da Imprensa paulista.
Diga-mo-lo (os entendidos nas próclises, ênclises e mesóclises janistas que se virem, para dizer se está correta ou não essa forma) com mais clareza ainda: alguns - poucos, felizmente - radialistas da Rádio Jovem Pan estão entre esses heróis que, irresponsavelmente, vêm adotando essa postura amolecada, vomitando inverdades e suposições, com isso iludindo os inocentes úteis.
Na semana passada, o poster ouvia o programa de esporte de maior audiência da emissora. Aliás, ouço esse programa sempre que posso. E gosto, ouviram? Gosto.
Chama-se Esporte em Discussão.
Tem, como se diz, uma modelagem até interessante.
Quatro ou cinco radialistas reúnem-se todo dia, elegem um tema principal para debater e o fazem num clima bem descontraído - de boteco, de mesa de bar. Quase literalmente, é assim.
Só faltam mesmo os palavrões.
Mas há gritos, tapões na mesa, acusações entre os participantes da mesa de debates - tudo na boa, como se diz. A gente sabe que tudo isso é um mise-en-scène danado. Mas é interessante porque deixa transparecer um clima bem informal no programa.
Pois bem.
Na semana passada, a discussão era o caso envolvendo a Portuguesa e o Fluminense.
Um dos radialistas presentes disse textualmente: "Tem cheiro de arroz queimado. Tem mutreta. Tem sujeira".
Cliquem aqui para ouvir. As afirmações estão a partir do 38º minuto, mais ou menos.
Olhem, meus caros. A Jovem Pan tem uma imagem de respeitabilidade, de credibilidade.
A emissora funciona em rede. Rádios de outras cidades do país retransmitem esse e outros programas.
Agora, imaginem: um torcedor - muitas vezes um apaixonado que não dá lugar a um pingo de racionalidade - que ouça isso da boca de um radialista de emissora com bastante penetração em todo o país vai ficar furioso e mais convicto ainda de que tudo isso não passou de armação, de sujeira, de bandidagem, de bandidagem contra a Portuguesa.
O radialista que cravou esse sentença no ar estava de brincadeira ou falava a sério?
Fazia uma encenação ou não?
Entregava-se ao esporte de fazer um teatrinho ou realmente sentia aquilo que estava dizendo?
Se chegou à conclusão de que tudo não passa de uma armação, por que, como radialista e profissional da Imprensa, não vai atrás de fatos que amparem as suas certezas?
Porque é muito fácil fazermos suposições, né? É facílimo. O difícil mesmo é apresentarmos elementos objetivos que as comprovem.
Sabe-se lá o que animava esse cidadão que disse essa gracinha - e queremos crer que tudo foi uma gracinha.
Mas sabe-se que muitos torcedores do Fluminense estão sendo hostilizados nas ruas do Rio, simplesmente por envergarem a camisa do clube.
Isso é um barbaridade.
Mas o que fazer, neste país em que as paixões toldam, enevoam o bom senso que jornalistas devem ter ao expressar sua opiniões, expendidas muitas vezes com base apenas em paixões que dão margem a irresponsabilidades, encenações e teatrinhos?
O que fazer?

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