terça-feira, 18 de março de 2014

Quem pergunta o que quer pode ouvir a resposta que não quer


Coleguinhas que nos perdoem.
Mas quem pergunta o que quer deve estar pronto para ouvir a resposta que não quer.
Isso é fato, coleguinhas. É fato.
Se admitissem esse fato, coleguinhas não estariam exasperados com o treinador do Corinthians, Mano Menezes, que se exasperou com eles, trocentos jornalistas que lhe indagavam se o São Paulo realmente entregou o jogo para o Ituano apenas eliminar o Timão do Campeonato Paulista.
Olhem só. Vamos ver se concordamos. É provável que não. Mas vamos ver.
Toda entrevista coletiva, desde que os jornalistas entrevistadores não façam parte de uma claque que está ali apenas para bater palma, é um verdadeiro massacre contra o entrevistado, não é?
Realmente, é um massacre.
Imaginem 10, 20, 30, às vezes 100 jornalistas contra um só.
Imaginem 10, 20, 30, às vezes 100 coleguinhas permitindo-se o direito de perguntar o que bem entendem a um só.
Deem uma olhada na imagem acima.
Como essa, outras são comuns. Todo dia.
E então?
Quando é assim, o cara - ou a cara – não tem o direito de responder o que bem entender, da forma que bem entender?
Não tem o direito, se for o caso, até mesmo de dizer que não vai responder coisíssima nenhuma?
Mas é claro que tem esse direito. Se até em juízo o cidadão não é obrigado a responder o que Sua Excelência lhe pergunta, imaginem diante de jornalistas.
A liberdade de perguntar é a mesma, a mesmíssima de responder, né? Pois então.
É dos ossos do ofício levarmos lambada pela cara, meus caros.
O repórter aqui, nesses anos todos, nessas décadas todas, já perdeu a conta de quantas vezes já fez perguntas incômodas e ouviu um vai pra China, ficando vocês inteiramente livres para traduzir essas expressões para outras, digamos assim, mais populares, mais usuais, mais convencionais naqueles circunstâncias em que o sujeito está com ódio no coração.
Este poster já nem sabe mais quantas vezes teve o telefone batido no ouvido ou quantas ligações nem foram atendidas, porque o interlocutor se sentiu incomodado ou nem queria se expor a ser incomodado.
Repita-se: é dos ossos do ofício levarmos lambada pela cara. Inclusive e sobretudo em entrevistas coletivas, que são, aliás, o palco mais adequado para entrevistados mentirem, o que também é um direito que lhes assiste.
Mas o dever dos jornalistas é pescar a mentira e buscar a verdade por outras vias. Mas tendo sempre a convicção de que, em qualquer circunstância, quem pergunta o que quer deve estar pronto para ouvir o que não quer.
Ou não?

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