Coleguinhas que nos perdoem.
Mas quem pergunta o que quer deve estar pronto
para ouvir a resposta que não quer.
Isso é fato, coleguinhas. É fato.
Se admitissem esse fato, coleguinhas não
estariam exasperados com o treinador do Corinthians, Mano Menezes, que se exasperou
com eles, trocentos
jornalistas que lhe indagavam se o São Paulo realmente entregou o jogo para o
Ituano apenas eliminar o Timão do Campeonato Paulista.
Olhem só. Vamos ver se concordamos. É provável
que não. Mas vamos ver.
Toda entrevista coletiva, desde que os
jornalistas entrevistadores não façam parte de uma claque que está ali apenas
para bater palma, é um verdadeiro massacre contra o entrevistado, não é?
Realmente, é um massacre.
Imaginem 10, 20, 30, às vezes 100 jornalistas
contra um só.
Imaginem 10, 20, 30, às vezes 100 coleguinhas
permitindo-se o direito de perguntar o que bem entendem a um só.
Deem uma olhada na imagem acima.
Como essa, outras são comuns. Todo dia.
E então?
Quando é assim, o cara - ou a cara – não tem o
direito de responder o que bem entender, da forma que bem entender?
Não tem o direito, se for o caso, até mesmo de
dizer que não vai responder coisíssima nenhuma?
Mas é claro que tem esse direito. Se até em
juízo o cidadão não é obrigado a responder o que Sua Excelência lhe pergunta,
imaginem diante de jornalistas.
A liberdade de perguntar é a mesma, a mesmíssima
de responder, né? Pois então.
É dos ossos do ofício levarmos lambada pela
cara, meus caros.
O repórter aqui, nesses anos todos, nessas
décadas todas, já perdeu a conta de quantas vezes já fez perguntas incômodas e
ouviu um vai pra China, ficando vocês
inteiramente livres para traduzir essas expressões para outras, digamos assim, mais
populares, mais usuais, mais convencionais naqueles circunstâncias em que o
sujeito está com ódio no coração.
Este poster já nem sabe mais quantas vezes teve
o telefone batido no ouvido ou quantas ligações nem foram atendidas, porque o
interlocutor se sentiu incomodado ou nem queria se expor a ser incomodado.
Repita-se: é dos ossos do ofício levarmos
lambada pela cara. Inclusive e sobretudo em entrevistas coletivas, que são,
aliás, o palco mais adequado para entrevistados mentirem, o que também é um
direito que lhes assiste.
Mas o dever dos jornalistas é pescar a mentira e buscar a verdade por
outras vias. Mas tendo sempre a convicção de que, em qualquer circunstância,
quem pergunta o que quer deve estar pronto para ouvir o que não quer.
Ou
não?
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