“À luz do exposto, entende-se que, a partir dos dados oficiais, tomando-se como referências os mais relevantes estudos realizados no Brasil e internacionalmente, não há como afirmar inequivocamente que o Pará ou a Região Metropolitana de Belém esteja já na curva descendente da pandemia. Assim, com base na prudência, em não havendo vacina ou medicamentos comprovadamente eficazes, a única estratégia para desacelerar a pandemia continua sendo o isolamento social”.
Clara, objetiva, sem vieses verbais que permitam dúvidas, essa é a conclusão exposta da nota técnica intitulada “Análise da evolução da pandemia de COVID-19 no Brasil – O Estado do Pará” (veja aqui a íntegra) que o Laboratório de Tecnologias Sociais da Universidade Federal do Pará (UFPA) disponibilizou nessa segunda-feira. em confronto com estudos que tanto o governador do estado como a Prefeitura de Belém têm divulgado, para justificar o relaxamento do isolamento social.
O estudo apresenta um dado impressionante. Tomando como parâmetro o número de 11.591 contaminados até esta segunda, 1º de junho, segundo dados confirmados pela Sesma, os pesquisadores consideram com “probabilidade bastante razoável” de que esse número estaria subestimado para a média brasileira em até sete vezes e para Belém em nada menos do que 20 vezes, daí estimar-se que o número de contaminados atualmente na RMB seria de 225,4 mil pessoas (veja na tabela). Em São Paulo, a maior cidade do país, a subnotificação seria muito mais baixa, cerca de 6,3 vezes.
“Portanto, não é razoável admitir que as políticas públicas tomem como
base exclusivamente os dados oficiais (notoriamente subnotificados), sob pena
de planejar o sistema já em níveis de colapso”, dizem os autores da nota
técnica.
Relaxamento
Elaborada por 11 pesquisadores, o estudo destaca
que, “apesar de muitos estados brasileiros terem adotado medidas de isolamento
e distanciamento social, inclusive com a adoção de medida de lockdown, as taxas
de isolamento social reportadas ainda estão muito aquém das taxas desejadas,
que seriam a partir de 70%, a fim de diminuir efetivamente o número de reprodução
da doença”.
A nota técnica ressalta que fatores como o ciclo
da doença, imunidade, período de incubação, número de assintomáticos ainda não
estão claramente definidos internacionalmente, “o que leva à constatação de que
qualquer suposição acerca do comportamento da doença tomado como uniforme seja
mera especulação e não deva ser considerado, de maneira segura e responsável,
por gestores públicos em suas tomadas de decisão”.
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