terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O melhor de "Cinquenta Tons" são os gemidos ao seu lado


Com todo o respeito - todo mesmo.
Mas vocês sabem o que é mais bacana, o que é mais reconfortante, relaxante, e delirantemente sedutor para quem assiste ao filme Cinquenta Tons de Cinza, que está sendo exibido em 1 bilhão e 500 milhões de salas?
O mais reconfortante são os comentários que a gente ouve nas poltronas – da frente, dos lados, de trás, de todo lugar.
Sim, porque, convenhamos, é muito difícil haver, no mundo inteirinho, espectadores que falem mais em salas de cinema do que em Belém. Sem brincadeira.
Não param de falar nem quando comem pipoca. Durante a exibição, vale ressaltar.
Pois é.
O poster foi assistir a Cinquenta Tons de Cinza há poucos dias. Lá pelas tantas, um casal ao lado se manifestou:
- Acho que essa cena da gravata nós podemos fazer – diz o nosso Christian Grey aos sussurros, com aquele risinho meio safado, enquanto se entupia de pipoca.
- bom. Mas tu não és o Christian Grey – responde a madame.
Vish!
Tive vontade em subir naquela bancada em frente à tela e convocar uma marcha de solidariedade, em apoio àquele homem, que se encolheu todinho, coitado, diante da resposta – a mais brochante que já escutei – da mulher dele.
Para levantar o astral, uma mocinha, sentada atrás, bem atrás de mim começou a externar as suas, digamos, sensações.
- Aiiiiiiii, lindooooooooo – ela reagiu, à primeira aparição do herói das chicotadas no telão.
O cara nem tinha aparecido direito e a mulher estava, acreditem, se derreando na cadeira, conforme eu pude ver, pelo rabo do lho, e ao mesmo já preparado para a possibilidade de que ele caísse. Sério mesmo!
Depois, chegou aquela cena da banheira, em que o cara se aconchega à popa (hehehe) da chicoteada (ah!, coitada) Anastasia Steele (Dakota Johnson).
- Aiiiiiiii, eu queria tanto ser eelaaaaaaaa – gemeu a mocinha, perdendo o fôlego. Ou se entalando com a pipoca, sei lá.
Acreditem: por momento, pensei que a garota estivesse mal, mas me tranquilizei, certo de que não, quando várias pessoas que estavam no entorno não se contiveram e começaram a rir daquela palhaçada.
- Se o povo está rindo, então essa moça haverá de resistir até o final – eu pensei.
Ela resistiu mesmo - gemendo às vezes, sussurrando outras, ensaiando alguns uivos nas demais. E falando, falando, falando, falando sem parar.
Mas resistiu.
Com um detalhe: aquela moça só não atingiu, ali mesmo no cinema, os limites das suas fantasias porque fazia muito barulho pra ela mesma, irritando todo mundo.
Sim, mas e o filme?
Querem saber? É um dos piores que os críticos do Espaço Aberto já viram? Um dos piores.
E querem saber mais? Nenhum dos críticos leu sequer um dos livros de Cinquenta Tons, o que torna suas apreciações ainda mais interessantes, eis que entraram no sala de exibição sem ter ideia, a menor ideia, do que veriam.
Qual era a expectativa do poster, que não leu – e nem faz questão de ler – os livros, diante do filme a que ia assistir?
Considerando o interesse, eu tinha a impressão de que veria alguma coisa diferente.
Esperava ver, por exemplo, uma cena épica, em que uma extravagância qualquer fizesse Anastasia ficar levitando – literalmente – no topo do edifício do namorado, enquanto era quase consumida por múltiplos, senão incontáveis orgasmos, enquanto o herói das chicotadas alimentava aqueles delírios eróticos abandonando o chicote e preferindo o tamanco para sapecar-lhe tamancadas pelo corpo inteiro.
Era mais ou menos isso que eu esperava encontrar.
Mas não.
O que os críticos aqui do blog viram foi um clichezão, com um enredo de fazer dormir e com as práticas sadomasoquistas reduzidas a palmadelas e chicotadinhas que, é claro, eram previstas no contrato (hehe) que ambos assinaram, com direito à chicoteada dizer que não gostaria mais de continuar com a brincadeira.
E por que não dormimos?
Por que a mocinha de trás, uivando, gemendo e falando sempre, não deixava.
E por que o poster se dispôs a assistir ao filme, hein?
É porque, meus caros, caiu ali naquela sala de paraquedas.
Sua intenção era assistir a O Jogo da Imitação, que seria exibido no mesmo horário. Mas não havia mais ingressos.
- E agora? Por que não aproveitamos para ver ver Cinquenta Tons – ouviu o poster o convite de uma das críticas do Espaço Aberto que o acompanhava.
- É... Pode ser! – respondeu o postor.
Deu no que deu.
Para compensar a irritação, tão logo saí de Cinquenta Tons fui direto para ver Bob Esponja – um herói fora d’água.
Mas também não tinha mais ingressos.
Que peninha!

8 comentários:

Anônimo disse...

Nessa "praia", seu Espaço, sou mais os livros de Henry Muller, tipo Trópico de Câncer".
Muito mais autêntico.

Anônimo disse...

Uma nota curiosa: os bombeiros de Londres lançaram um alerta denominado "50 tons de vermelho" porque no ano passado tiveram que desengatar mais de 400 pessoas algemadas, enroscadas e que tais, sem poder sair do nó...

Anônimo disse...

Confessa! Você queria, sim, assistir ao filme 50 Tons. Ah, e o Bob Esponja também estava assistindo 50 tons. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Anônimo disse...

O Poster tava era afim de ajudar a coitadinha... kkk

Poster disse...

Anônimo das 17h41,
Confesso: eu não queria assistir a "Cinquenta Tons"; ao "Bob Esponja", sim. Hahaha.

Poster disse...

Anônimo das 22h21,
Confesso: eu estava, em verdade, temendo que a mocinha passasse mal. E acho que passou mesmo. Mas gostou. Rss.

Anônimo disse...

Adorei esta crítica de cinema, seu espaço. Ri alto. Acho que voce olhou mais pra mocinha do que pra tela.

Poster disse...

Meu caro das 15h06,
Eu não olhei pra mocinha, que estava atrás de mim.
Eu só ouvi a mocinha.
Hahaha.