José Ronaldo: "Não sei se vai, nem quando vai passar a minha dor pela exposição do meu nome da forma mais cruel" |
"Foi o pior de todos os candidatos, porque ele não sabia o que era PJe [Processo Judicial Eletrônico]. Falou PGe. Ele se disse advogado trabalhista. Não sabia o que era razoável duração do processo. Ele errou as quatro perguntas. Se fosse num concurso, ele tirava zero", disse Jarbas Vasconcelos, num aúdio divulgado num grupo restrito de conselheiros da OAB, formado no aplicativo de celular WhatsApp, mas que acabou vazando para blogs e redes sociais. As críticas do presidente da Ordem atingiram ainda, nominalmente, dois outros advogados, Bruno Coelho de Souza e Jean Carlos Dias, que já as refutaram.
"Respondo todos os 48 questionamentos, e não apenas 4, podem ter certeza, com profundidade, desde que em condições normais, não à exaustão pela tensão do penúltimo dia, com viagem intervalar, sono e cansaço. Até aqui eu relevo, mesmo com as ponderações feitas ao norte", afirma José Ronaldo.
Ele diz ainda que Jarbas Vasconcelos foi "para as redes sociais estampar, como troféu, mutilando e enxovalhando o meu nome e a minha reputação, em tom desafiador, o que para ele seria a causa ou as causa de reprovação de três candidatos (por que não dos seis?), justamente os que figurariam na lista sêxtupla, com maiores chances de chegar ao desembargo, caso fosse obedecida a ordem de consulta direta feita aos advogados paraenses, como outrora."
Abaixo, a íntegra da manifestação de José Ronaldo Campos, intitulada Preciso escrever para desabafar um pouco:
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Em um cenário adredemente preparado, após aguardar aproximadamente seis angustiantes horas no centro do salão onde são realizadas as sessões plenárias do Conselho Seccional da OAB, fez-se o pregão e eu sou levado a “julgamento”. Como "Joseph K", não entendi direito o porquê daquela ostentação toda, pois já havia sido julgado democraticamente há menos de 24 horas pelos meus próprios pares e obtido o 4º lugar na lista sêxtupla, objetivando o desembargo.Durou pouquíssimo tempo a minha intervenção: quatro sintéticas perguntas apenas, com dois minutos para cada resposta. E eu ali..., perplexo, nervoso, angustiado com tudo que observava e ouvia, sentindo-me extremamente mal.
A arguição dos doze candidatos iniciou logo na manhã do dia seguinte ao da votação. E a comissão não cuidou de preservar condições de igualdade entre os candidatos. De início, não observou que entre os doze candidatos poderia haver, como houve, candidatos do interior do Estado (especialmente do oeste do Pará, pela distância que nos separa da capital e pelo abandono a que estamos relegados), obrigando-me a viajar ainda na madrugada contínua ao escrutínio, para estar antes das nove horas na capital, com desgaste físico e emocional, após um intenso e exaustivo dia de consulta e contagem de votos. Esses acontecimentos não me deixaram dormir naquela noite. Pensam que o Pará se resume à metrópole, que é só pegar o carro e está tudo resolvido.
Ninguém pode imaginar o meu estado psicológico dentro daquele cenário. Tive vontade de largar tudo e sumir dali, até porque poderia, mas não o fiz, mesmo fragilizado pelas circunstâncias, enfrentei a comissão arguidora.
Era o nono da lista a ser arguido e, nessa condição, acompanhava respondendo, embora silentemente, todas as perguntas anteriores, podendo afirmar que alguns dos aprovados não se saíram bem, o que não os critico, pois sei quão difícil foi essa angustiante exposição pública, inclusive com torcida e aplausos.
Olvidaram, na hora de votar, toda minha vida dedicada à OAB, com sete mandatos (3 em Santarém, inclusive a presidência, 3 em Belém e 1 em Brasília), o meu tempo de magistério superior na área de Direito, com especializações e mestrado, o meu exuberante currículo, os meus 33 anos de advocacia, bem como a inédita votação nas urnas, que me destacou com o 4º lugar no certame, na frente de cinco dos seis escolhidos pela Comissão Eleitoral (leia-se Conselho Seccional), por conta de quatro perguntinhas que não aferem capacidade intelectual de ninguém (as perguntas não guardavam complexidade e as questões não eram extraordinárias a mim). Respondo todos os 48 questionamentos, e não apenas 4, podem ter certeza, com profundidade, desde que em condições normais, não à exaustão pela tensão do penúltimo dia, com viagem intervalar, sono e cansaço. Até aqui eu relevo, mesmo com as ponderações feitas ao norte.
Não bastasse a exclusão da lista sêxtupla pelo conselho ao qual servi com zelo, amor e dedicação por três longos mandatos, que me premiou com o colar do mérito advocatício, grau ouro, sem falar na comenda que guardo em meu escritório, subscrita pelo ex-presidente nacional, Rubens Approbato, pelos relevantes serviços prestados à advocacia brasileira, vai o presidente da Seccional do Pará para as redes sociais estampar, como troféu, mutilando e enxovalhando o meu nome e a minha reputação, em tom desafiador, o que para ele seria a causa ou as causa de reprovação de três candidatos (por que não dos seis?), justamente os que figurariam na lista sêxtupla, com maiores chances de chegar ao desembargo, caso fosse obedecida a ordem de consulta direta feita aos advogados paraenses, como outrora.
Excluíram o segundo, o terceiro e o quarto candidatos mais votados para incluir na lista sêxtupla reprovados pelo voto direto e democrático de nossos pares dentre os seis primeiros lugares.
O que restou do certame?
O esperado, o óbvio!
Agora a lista está completa e é dele, todos são amigos do rei.
Não sei se vai, nem quando vai passar a minha dor pela exposição do meu nome da forma mais cruel, violenta e agressiva na mídia, atingindo toda a minha família e amigos, que sofrem com a repercussão desse maldoso ato por quem tinha e tem o dever de preservar os seus pares.
Muito triste e revoltado!
2 comentários:
É, mas o vídeo é incontestável.
Foi péssimo na tribuna. Jarbas tem inteira razão quanto a ele e ao Bruno, mas jamais poderia ter dito o que disse e como disse enquanto presidente da OAB/PA.
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