Simão Jatene e Edmilson Rodrigues se cumprimentam após conversa no Palácio dos Despachos. Neste Pará de estreitezas políticas tamanhas, nem tudo está perdido. E felizmente que não. |
Os tucanos sempre foram, para Edmilson Rodrigues, os adversários preferenciais a serem suplantados, os protagonistas maiores da elitização das políticas públicas elevada à enésima potência, os privatistas empedernidos, os neoliberais insensíveis, que não se deixam comover com nada e ninguém, a menos que nada e ninguém possam resultar em lucros carreados apenas para os bolsos dos que sempre tiveram tudo.
Quando era prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues praticamente não travou relação político-institucional alguma com Almir Gabriel.
Depois de Almir, Edmilson teve relações meramente protocolares - ainda que improdutivas para os interesses do município - com o sucessor, Simão Jatene, que então exercia o seu primeiro mandato de governador do Pará.
Na última campanha para prefeito de Belém, quando disputaram o segundo turno, o tucano Zenaldo Coutinho e o psolista Edmilson Rodrigues externaram, um em relação ao outro, conceitos, preconceitos e acusações que demarcaram claramente a polarização entre dois partidos e os princípios diametralmente opostos que os repelem mutuamente.
Ontem, meio-mundo político do Pará ficou quase perde a voz de tanta surpresa ao saber que Edmilson Rodrigues, em início de mandato, foi recebido no Palácio dos Despachos pelo governador Simão Jatene, numa audiência marcada pelo respeito, pela cordialidade e pela transparência. E tanto é assim que a própria Agência Pará divulgou não apenas a foto acima como disponibilizou matéria em seu site.
Governador e deputado discutiram a aprovação da lei de emendas orçamentárias impositivas no Pará e a votação da lei do orçamento impositivo pela Câmara dos Deputados, em Brasília, além de outros temas da maior relevância, inclusive sobre as milícias, ensejando a Edmilson oferecer ao governador uma cópia do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia que constatou a existência de três grupos de extermínio que agem em Belém e no Pará.
Que outro parlamentar, no início de um mandato, fez o que Edmilson fez, dirigindo-se pessoalmente à maior autoridade do Estado, seu adversário político, e colocando-se à disposição para intermediar os interesses do Pará em Brasília?
Que outro governador, no início de um segundo mandato, fez o que Jatene fez, recebendo em seu gabinete, com toda a distinção, deferência e respeito, um adversário político dos mais contundentes, por reconhecer-lhe a disponibilidade de pugnar no Congresso pelos interesses do Pará?
Simão Jatene e Edmison Rodrigues ofereceram um edificante exemplo de que nem tudo está perdido.
O líder do PSDB e o líder do PSOL ofereceram um animador exemplo de que a maturidade política é capaz de superar tudo, até eventuais preconceitos, até eventuais antipatias e diferenças pessoais, tudo em benefício da coletividade.
Sim. Neste Pará de estreitezas tamanhas, inclusive na política, nem tudo está perdido.
Nem tudo.
8 comentários:
Vou além de Chico/Rui Guerra: há muita distância entre gesto e resultado...que surtam efeitos benéficos ao Pará!
Dá-lhe Ed +. Evoluir faz parte.
O que está em jogo como sempre é o marketing. Jatene começa novo mandato e Edmilson é candidatíssimo a prefeito de Belém, de novo. Se fosse algo sério, haveria diálogo,por exemplo, entre o PSOL que dirige o sindicato dos professores e a SEDUC em favor da melhoria da qualidade na educação do estado, que é sofrível. Mas é óbvio que nem PSOL e nem Governo do Estado levam isso a sério. Um porque interessa a mera e simples oposição, o outro porque é quem controla a máquina e não abre mão de nenhuma lasquinha de poder. Resta a foto, para atestar a hipocrisia.
Um novo tempo na política parauara. Resta aos nobres deputados federais eleitos pela primeira vez, além do senador recém-eleito, unirem-se em prol deste estado tão vilipendiado.
Mais encontros como estes que possam dar resultados para o povo.
Encontro engraçado. Defendem orçamento impositivo para o governo federal, mas nenhum dos dois nem como governador, nem como prefeito , permitiu isso durante seus mandatos. Como pode sair algo de bom disso ?
Belo exemplo! Parabéns de todos nós paraenses aos dois, outrora, antagônicos.
Edmilson fez frente ao Governo quando tentaram empurrar goela abaixo do Pará o racionamento de energia e lembrou como somos roubados com os subsídios cruzados incidentes sobre a energia elétrica - a alíquota do ICMS sobre a geração de energia é menor do que a alíquota do ICMS sobre o consumo de energia, gerando mais recursos pro Estado consumidor e pouca coisa para o produtor. Enquanto isso, o Jatene agora está tentando, a passos de tartaruga, reverter a questão tributária sobre exploração mineral, mas silenciou junto com Almir quando o governo federal nos empurrou a Lei Kandir e o pacote tributário que veio com ela. Edmilson pode até estar tentando, mas contar com a boa vontade desse governador já é esperar demais.
Agora o Jatene vai quebrar a pista de autorama.
Postar um comentário