Já disse isso aqui várias vezes, mas não canso de repetir.
Ouvir rádio evoca-me nostalgias inapagáveis, já expressas em postagens como a que intitulei Um jogo, um título, um rádio. Não dá pra esquecer. Nunca.
Meu hábito de ouvir rádio é tão forte que, muito frequentemente, quando assisto a jogos pela TV, desligo o áudio do televisor e aumento o do rádio. E assim fico durante os 90 minutos, mesmo quando há - e sempre há - um delay entre o som do rádio e a imagem que a TV mostra.
Digo tudo isso para registrar que há muito tempo a Rádio Jovem Pan foi uma das minhas referências em termos de programas jornalísticos.
O Jornal da Manhã era, insubstituivelmente, a minha primeira fonte de informações confiáveis e de opiniões fundamentadas e plurais. Lembro dos tempos de Joseval Peixoto, a voz da serenidade, da sobriedade e lucidez, conforme também externei aqui, em uma postagem.
Quem não se lembra do “Vambora, Vambora, olha a hora, vambora, vambora”, versos da “Sinfonia Paulista”, de Billy Blanco, que foi tema do Jornal da Manhã até 2017?
Pois é.
Mas eis que chegou 2019. Com ele, o jornalismo da Jovem Pan começou a sofrer uma corrosão progressiva e intensa em sua credibilidade até transformar-se, digamos assim, no alter ego de um punhado de fanáticos que ali encontram seu palco para disseminar, inclusive, o mais pavoroso negacionismo.
Mais recentemente, passamos a ter a Jovem Pan News, a TV da emissora que usa uma linguagem híbrida no conteúdo e na forma - ora como rádio, ora como televisão, ora como ambas e outra ora como coisa nenhuma.
A Jovem Pan News é a nossa versão da Fox News americana, que dá voz à direita e deixa em êxtase aquela banda podre do conservadorismo, que de conservador mesmo nada tem, porque as práticas de seus militantes traduzem o extremismo, o radicalismo e o fanatismo mais daninhos possíveis, capazes de infectar perigosamente a convivência democrática, como se viu na invasão do Capitólio, em 2020.
Quando se diz que, de 2019 para cá, o jornalismo da Jovem Pan passou a chafurdar no mais deplorável descrédito, isso não é uma impressão aleatória. Ao contrário, é uma constatação aferível em números.
Nesta quarta-feira (5), O Antagonista informa que a audiência da Jovem Pan News caiu de 0,04 para 0,03 entre os meses de novembro e dezembro e no momento está à frente apenas da Band News (0,02), de acordo com levantamento da Kantar Ibope Media.
É uma pena que seja assim. Mas esse é o preço que o jornalismo da Jovem Pan está pagando por alinhar-se ao obscurantismo, que não consegue ser disfarçado, muito embora, aqui e ali, a emissora empenhe-se em atribuir um verniz supostamente plural na veiculação de matérias e opiniões em seus programas jornalísticos.
Um comentário:
Os índices de audiência refletem a credibilidade que a Jovem Pan e a Band News não têm. Comentaristas como Lacombe, Marco Antonio Vila, Alexandre Garcia, Leda Nagle, não têm mais espaço e nem credibilidade. Como acreditar em pessoas que negam os benefícios das vacinas? Nem se trata de ser a favor de A ou B na política. Trata-se de ser contra a ciência. Será que não enxergam os benefícios da vacina contra a poliomielite?
Lembro, entristecido, dos meus tempos de infância, quando via muitas crianças portadoras da polio, com dificuldades para andar, usando aquelas "botas" cheias de ferros para se locomover. Hoje, felizmente, não as vejo mais. Vitória da ciência, da vacinação em massa. É triste ver que jornalistas se prestam a abraçar a causa contra as vacinas por alguns caraminguás.
E, finalizando, creio que o real motivo pelo qual você tira o som da TV nos jogos é para não ouvir os chatos e histéricos insuperáveis Luis Roberto e Galvão Bueno. O jogo ainda nem começou e o Luis Roberto já está histérico. Já viram ele narrando uma corrida de Fórmula 1? Os carros ainda estão no box e o cara já está alucinado, berrando, se rasgando todo. Ninguém merece. Melhor o delay do rádio.....
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