Com definir "Minha Terra Prometida - O
Triunfo e a Tragédia de Israel" em uma só palavra?
Dizer que é fantástico é muito pouco, porque os
livros que nos marcam sempre nos são fantásticos.
Talvez melhor seria defini-lo como um divisor de
águas da vasta literatura que aborda o sionismo, o Estado de Israel e o
conflito israelense-palestino. Já li livros bastantes sobre esses temas. Mas
nenhum como "Minha Terra Prometida", que passa a ter lugar cativo e de destaque nas estantes do Espaço Aberto (veja na imagem).
Nas páginas que escreveu, o jornalista Ari
Shavit, ele mesmo um israelense - ou sabra,
como se diz dos que nascem em Israel -, faz um registro triunfal à aventura
única que terá sido a criação de um Estado como Israel e, ao mesmo tempo, expõe
uma condenação - duríssima, apaixonada e implacável - da desconexão entre os
sonhos que inspiraram os sionistas a buscar um lar para um povo historicamente
renegado no curso dos tempos e a realidade que levou Israel a cometer
atrocidades inacreditáveis, tangendo como gado imprestável milhares de
palestinos que ocupavam e ainda ocupam aquelas por tempos imemoriais.
"Israel é a única nação do Ocidente que
mantém outro povo sob ocupação. Por outro lado, é a única nação do Ocidente
cuja existência está ameaçada. Intimidação e ocupação se tornaram os dois
pilares de nossa condição", escreve Shavit.
Pacifista convicto, ele não se atém a
lugares-comuns e nem usa de escapismos sobre as encruzilhadas - moral,
política, geográfica e estratégica - em que o Estado judeu se encontra desde a
sua fundação. E nem usa de meias palavras para minimizar o estarrecimento
diante de violências institucionalizadas.
Sobre sua experiência quando serviu como
carcereiro no Campo de Detenção do Litoral de Gaza, ele conta: "A uns
oitenta metros do refeitório em que tento comer, há pessoas gritando. E gritam
porque outras pessoas, trajadas com uniforme igual ao meu, as fazem gritar.
Gritam porque o meu Estado judeu as faz gritar. De uma forma metódica, ordeira
e absolutamente legal, minha amada Israel democrática as faz gritar".
Em outro trecho, diz Shavit: "Assim, o que
realmente temos nesta terra é uma contínua aventura. Uma odisseia. O Estado
judeu não se assemelha a nenhuma outra nação. O que esta nação tem a oferecer
não é segurança, bem-estar ou paz de espírito. O que esta nação tem a oferecer
é a intensidade da vida no limite. A descarga de adrenalina de viver
perigosamente, viver voluptuosamente, viver ao extremo. Se um vulcão como o
Vesúvio entrasse em erupção hoje à noite e acabasse com nossa Pompeia, é isto o
que petrificaria: gente cheia de vida".
"Minha Terra Prometida" é uma grande
reportagem. Que trata de gentes, de horrores, de triunfos e fracassos, de
êxitos e tragédias, de conflitos, de medos no presente e hesitações sobre o
futuro, de prosperidade econômica e de misérias.
"Minha
Terra Prometida" é o Estado Israel por inteiro, desnudado inteiramente em
sua curta, mas complexa história.
Um comentário:
Fazem hoje com os palestinos o mesmo que Hitler fazia:barbárie
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