Por HELENA PALMQUIST (*)
A violência contra os jornalistas cresceu em níveis alarmantes no Brasil. Ameaças, perseguições e assassinatos são as respostas do poder político e do poder econômico aos que teimam em jogar luz sobre aquilo que muitos insistem em esconder. Enquanto apanham da polícia mais violenta do mundo no exercício da profissão, os jornalistas temem as demissões em massa. As dispensas se acumulam por todo o país, com redações inteiras desmontadas. A ofensiva patronal é agressiva como uma polícia de choque: precariza o trabalho por meio de contratações que retiram e violam direitos, impõe acúmulo e desvios de função, exige longas jornadas sem pagamento de horas-extras.
No mundo real - que não aparece no jornal - não são apenas os salários dos garis que são indignos: os dos jornalistas também. Não são temas de manchetes as condições de trabalho insalubres, o desrespeito, o assédio moral contra os jornalistas. Mas quem de nós não conhece essas pautas? Com o surgimento de novas tecnologias e a chamada “sinergia multimídia”, mais sobrecarga de trabalho, jornadas extenuantes para produzir mais conteúdo e alimentar as várias plataformas.
E a saúde do trabalhador jornalista vai mal, muito mal, enquanto todas as capas de revistas estampam dietas e exercícios em nome de uma vida saudável. Para o jornalista a realidade é o aumento expressivo dos casos de depressão e outras doenças que atingem corações e mentes, resultantes de pressões cotidianas estressantes e de jornadas de trabalho desumanas. Precisamos reagir!
A Chapa 2. Mudança Já! Sindicato é pra lutar! Faz esse convite a você, jornalista paraense. Um convite à luta, para multiplicarmos nossas vozes e ações em defesa dos nossos direitos e de nossa integridade física e profissional.
O exemplo de disposição e luta de junho de 2013 está bem vivo aqui mesmo no Pará, onde a categoria realizou a greve vitoriosa de setembro de 2013 no Grupo RBA e os atos públicos que questionaram a direção da TV Record em Belém. A mobilização e a coragem dos jornalistas paraenses para a luta foram capazes de vicejar mesmo em um contexto de assembleias esvaziadas, baixa sindicalização e da covardia de alguns que ignoram a coerência política e sindical para cortejar os patrões em vez de ficar do lado dos trabalhadores.
Precisamos resgatar a capacidade de luta do Sinjor-PA. Porque Sindicato silente, omisso, alheio aos debates e proposições necessárias para a defesa dos direitos dos trabalhadores jornalistas, é cúmplice de toda essa barbárie. Temos que refletir: por que a situação de defasagem salarial chegou a níveis tão absurdos no Diário do Pará e em vários outros meios de comunicação? Por que não temos um piso salarial estadual e se proliferaram as “contratações” de trabalhadores sem carteira assinada? Infelizmente esses problemas só aumentaram nos últimos anos e vimos quase nenhuma ação ou denúncia pública do sindicato.
Para além da exigência do diploma para o exercício profissional, indissociável do combate intransigente à precarização das condições de trabalho, há outras tantas bandeiras de luta que precisam ser empunhadas. Há de se ter disposição para a luta e para o enfrentamento corajoso com o patronato, reafirmando a nossa total independência destes, assim como de qualquer governo e partido.
A Chapa 2. Mudança Já! Sindicato é pra Lutar! propõe o fortalecimento do movimento sindical.
Queremos um sindicato combativo, mobilizador e que tenha sensibilidade de perceber e de ouvir os anseios de toda a categoria. Queremos um sindicato que preze a democracia participativa como princípio norteador, aberto ao salutar embate de ideias, ao contraditório, que reafirme uma postura democrática e transparente.
Um sindicato atento aos profissionais de imagem e de assessoria de comunicação, articulado com as universidades, os meios públicos de comunicação e a participação popular. Um sindicato realmente presente para as centenas de profissionais atuando no interior do Pará sem assistência nenhuma, em condições ainda piores do que na capital.
Queremos um sindicato capaz de dar voz às grandes causas da sociedade, atuante na luta pela Democratização da Comunicação, em defesa do Marco Civil da Internet. Um sindicato que mantenha uma agenda propositiva e permanente em defesa dos direitos humanos e contra a violação de direitos das populações amazônicas.
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HELENA PALMQUIST é jornalista e candidata a presidente do Sinjor pela "Chapa 2. Mudança Já! Sindicato é pra lutar!", nas eleições programadas para 11 de junho.
Há uma semana, o Espaço Aberto fez convite idêntico à Chapa 1 para remeter artigo com suas propostas. Até agora, nada foi enviado.
Um comentário:
Violência nenhuma se justifica mas, "pota melda" vendo essas manifestações financiadas por...todo mundo sabe quem.. os repórter so acertam o foco na policia ja notaram isso?? Se colocam na linha de frente e não querem levar bala de borracha! Pode ver..inclusive aquele que os mascarados mataram ano passado...se ele estivesse focando pros manifestantes depredadores ele teria visto os safados armando a bomba!!! mas não ele tava focado pra policia e ai levou a bomba por tras da cabeça. Então gente, vamos focar pro lado certo...
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