terça-feira, 29 de abril de 2014

Remo deu balõezinhos a vândalos. Palavra de Pirão.

Zeca Pirão e os vândalos:" Nós dávamos balões para ficar bonito nos jogos. [Dávamos] faixas, essas coisas."
A diretoria do Clube do Remo, sob a gestão do presidente Zeca Pirão, sempre manteve relações pra lá de amistosas com os vândalos que, no último sábado, vandalizaram um treino do Remo, agredindo atletas profissionais.
Quem o disse? O presidente Zeca Pirão.
Se os vândalos, aqueles de sábado e outros, voltarem ao Baenão para protagonizar novos atos de vandalismo, quem será o responsável? Será o presidente Zeca Pirão e sua diretoria? Não. O responsável será o treinador do Remo – seja ele Roberto Fernandes, seja o Zeca, seja o Pirão, o Mané, enfim, seja lá quem for.
Quem o disse? O presidente do Remo, Zeca Pirão.
Quando confrontados com perguntas incômodas de jornalistas, cartolas preferem encerrar o papo. Preferem cortar a conversa, deixando perguntas sem respostas. Preferem dizer que têm uma “reunião”, em vez de exercer livremente o contraditório e de prestar informações - ou prestar contas - à coletividade.
Quem não resiste ao contraditório – por dois minutos que sejam? Zeca Pirão, o presidente do Remo.
Ontem, o poster ligou para o presidente do Remo, Sua Excelência o vereador Zeca Pirão.
Tentou a primeira vez no início da tarde. Pirão não atendeu. Os horários estão todos gravados no telefone celular.
Dois minutos depois, o presidente remista retornou a ligação.
O poster se identificou e disse que pretendia fazer algumas perguntas sobre os atos de vandalismo de sábado.
- Ligue daqui a duas horas, porque eu estou numa reunião sobre segurança pública – disse Pirão.
- Ligarei, sim. Obrigado, presidente.
O poster ligou. Travou-se um diálogo de exatos 2 minutos e 14 segundos.
Um diálogo singelo.
Singelo e elucidativo.
Um diálogo objetivo. Bem maneiro (rsss).
Foi assim:

- Presidente, a sua gestão alguma vez já ajudou esses elementos que fizeram isso no Baenão, no último sábado?
- Não. Sempre foi um relacionamento normal.

- Mas como normal...? Vocês financiaram alguma viagem ou deram outro tipo de ajuda a essas pessoas?
- Não, financiar não. Nós dávamos balões para ficar bonito nos jogos. [Dávamos] faixas, essas coisas. Mas financiamento, não.

- Presidente, mas essa torcida, como ela mesma reconhece, é a ex-Remoçada, que foi extinta por decisão judicial. Me diga uma coisa: por que a sua diretoria não proíbe que torcedores  assistam aos treinos do Remo, presidente?
 - Ah, isso é com o treinador...

- Com o treinador? Mas o que o treinador tem a ver com isso, presidente? A diretoria não pode, administrativamente, impedir?
- Nós não nos metemos nisso. Esse assunto é com o treinador.

- Então, presidente, eu posso concluir que esses vândalos vão retornar ao Baenão, qualquer dia desses, e voltarem a fazer o que fizeram, né?
- Não vão voltar, porque já estará uma qualificação deles na entrada.

- Pois é, presidente. Esses elementos foram indiciados. Já se sabe o nome deles, inclusive de um que apareceu, bêbado, dando entrevista a uma emissora de televisão. Presidente, porque não se impede que todos esses elementos voltem a assistir aos jogos do Remo...?
- Olhe, fale rápido porque eu tenho uma reunião daqui a pouco...

- Não, presidente. Não vou falar rápido. Mas se é assim, eu só tenho a agradecer a sua disponibilidade. Obrigado.
- Está bem, meu chefe...

Hehehe.
“Meu chefe?”.
Eu?
Que nada, meus caros.
Que nada.
Pirão, ele sim, é o chefe.
É o cara.

Vocês viram?
Esse diálogo durou exatíssimos 2 minutos e 14 segundos.

Viram?
A diretoria do Clube do Remo, sob a gestão do presidente Zeca Pirão, mantinha (ainda manterá, daqui para a frente?) relações das mais amistosas, das mais cordiais, das mais cordatas com vândalos que são egressos, vejam vocês, de torcida extinta por decisão judicial.

Viram?
Se os vândalos, aqueles de sábado e outros, voltarem ao Baenão para protagonizar vandalismos, quem será o responsável? Não será o presidente Zeca Pirão – longe disso. O responsável será o treinador do Remo, quem ele for. Agora, digam vocês aí: o que um treinador tem a ver com a presença de torcedores em treinos, hein? E se tiver a ver, qual o problema em chegar o presidente ao treinador e dizer: “Meu caro, você nos desculpe, mas não permitiremos que torcedores assistam aos treinos, por medida de segurança”? Qual o problema nessa deliberação de natureza administrativa – puramente administrativa? Alguém acha que um treinador, já tendo tantas responsabilidades diretamente afetas ao seu trabalho, ainda vai querer avocar para si a tarefa de permitir ou negar a entrada de torcedores nos coletivos?

Viram?
Quando confrontado com perguntas incômodas de jornalistas, cartolas como Zeca Pirão preferem encerrar o papo. Preferem cortar a conversa, em vez de exercerem livremente o contraditório.
Ainda havia muito o que perguntar a Zeca Pirão.
Muito.
Por exemplo.
O Remo vai representar ao Ministério Público para que aja contra essa torcida, que se intitular como ex-Remoçada? Vai representa contra esse grupelho de vândalos?
Por que o Remo não preferir banir de seus jogos os elementos agora identificados no indiciamento que a polícia já fez?
O Remo vai continuar deixando que os técnicos decidam sobre quem pode e quem não pode assistir aos seus jogos?
O Remo vai acompanhar atentamente o processamento desses vândalos que vandalizaram o coletivo do elenco no Baenão, no último sábado?
Sabe-se lá o que o Remo, sob a presidência de Zeca Pirão, vai fazer.
Porque Pirão, o homem das reuniões, se exime de esclarecer isso não a um jornalista, mas à torcida remista, após um conversa de apenas dois minutos e 14 segundos?
Mas olhem, nem tudo está perdido.
Pirão, acreditem, já evoluiu muito em seus métodos, em suas práticas, em sua tolerância, em sua, digamos assim, expertise (hehehe) de gestão.
Sua Excelência, que agora corta conversa com jornalistas que o incomodam com perguntas, é o mesmo que, apenas um ano atrás, intimidou o repórter-fotográfico de O LIBERAL Marcelo Seabra, que acabara de registrar com exclusividade as cenas de uma briga entre o zagueiro Gabriel e o meia Thiago Galhardo.
“A intimidação é a forma mais covarde de violar o direito do jornalista”, disse então Marcelo Seabra.
Pois veja, Marcelo.
Veja só como o cara evoluiu.
Agora, não intimida mais.
Apenas diz “fale rápido porque eu tenho uma reunião daqui a pouco”.
Evoluindo assim, Zeca Pirão, acreditem, ascenderá rapidamente à presidente de uma dessas Comissões de Liberdade de Imprensa.
A conferir.
Tintim.
E até o próximo ato de vandalismo no Baenão.
Mas o culpado, vocês sabem, será o treinador.
Disse-o Sua Excelência o presidente do Remo, Zeca Pirão.
O cara.
Realmente, o cara.

5 comentários:

Anônimo disse...

Lavou as mãos. Aliás, PB, publicaste o endereço da organizada banida e fica colada ao Baenão (Mercês). Será que o aluguel também é bancado?

Anônimo disse...

Pelo jeito ele , o presidente, está saindo, no popular " de rôsca". Ele pode sim proibir a entrada de torcedores nos treinos, pois ele é o guardião da segurança de cada um dos jogadores.A coisa parece que foi armada para pressionarem os jogadores e depois dizerem: olha é a torcida, não somos nós!. Não dá para acreditar que gente, por mais louca pelo clube que seja, não tenha nada para fazer no sábado, e invada um campo sem qualquer segurança para quem vai ao campo. Outra coisa é que aqueles vidros blindex de 10 milímetros não são tão seguros assim,pelo menos não vi um laudo do corpo de bombeiros garantindo que não 20 mais dez milímetros o seguro para não causar uma desgraça durante um jogo de futebol.Será que o presidente poderia mostrar o laudo que garanta que eu posso ir ao estádio e aqueles blindex não quebrarem?

Anônimo disse...

Político "administrando" clube de futebol é o autêntico samba do crioulo doido.
Então, essa postura piranista chega a ser risível e, diante disso, que pode esperar a torcida azulina daqui pra frente ?

Anônimo disse...

Não custa lembrar que, em fevereiro passado, o clube autorizou uma "conversinha" entre líderes dessa facção e parte do elenco em treino da equipe no CEJU. Quando é para dar satisfação aos verdadeiros torcedores, o cartola sai à francesa. Quando é para dar trela ou "balãozinho" para vagabundos travestidos de torcedores, os dirigentes estão à disposição. No final das contas, poster, melhor que a conversa tenha terminado. Seu ouvido e nossos olhos não são penico.

Anônimo disse...

É, esse time, sem trcadilhos, por favor, está um "pirão".