segunda-feira, 27 de maio de 2013

Um acidente, o roubo, a descrença

Nesse ambiente de violência generalizada em que vivem os belenenses, nada mais deveria assustar.
Mas às vezes ainda nos assustamos diante da selvageria que se estabeleceu na cidade.
Uma selvageria alçada ao status de coisa normal, que "sempre acontece".
Leiam a história abaixo.
Foi remetida ao Espaço Aberto pela jornalista Ana Diniz.
É quase inacreditável, mas, como diz a própria Ana, "rigorosamente verdadeira".
E também emblemática deste clima de insegurança e descrença nas instituições que se amplia entre os moradores de Belém.

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A história que vou narrar a seguir é rigorosamente verdadeira. Aconteceu na sexta-feira, 17 de maio de 2013, na rua Dom Romualdo de Seixas, próximo da Antonio Barreto.
Minha amiga dirigia normalmente quando o carro que ia à frente freou bruscamente para não bater num selvagem que tentava enfiar o próprio carro na frente. Ela também freou bruscamente e foi apanhada por um ônibus, que entrou na traseira do carro dela.
Ela desceu e se dirigiu ao motorista do ônibus, que lhe pediu calma. Ela perguntou para ele o que estava fazendo na Dom Romualdo, porque linha em que ele dirige não passa ali. Ele disse que estava fugindo de engarrafamento, e, quanto aos passageiros que o esperavam na rua correta, teriam que entender.
Enquanto esperava o motorista descer, ela decidiu ligar para o marido. Foi tirar o celular da bolsa e um pivete se atracou no celular: É um assalto!
Minha amiga reagiu e se recusou a entregar o celular, mas o pivete era mais forte e arrancou-lhe o telefone. Outro o esperava numa bicicleta e foram-se, os dois, diante da impassibilidade de todos os que assistiam à cena. Ninguém moveu um dedo para ajudá-la, apesar de, visivelmente, nenhum dos dois pivetes estarem armados.
O motorista do ônibus foi à delegacia e confessou, tranquilamente, que era o responsável pelo acidente.
Minha amiga desistiu da queixa de assalto movida por experiência anterior: vai dar em nada, mesmo... ela me disse.
Pior é que tem razão...

Um comentário:

Anônimo disse...

Pobre do país onde a população perde a capacidade de indignação por não acreditar no estado e nos poderes constituídos.
Estamos anestesiados, convencidos das maravilhas do paraíso-das-bolsas-tudo-da-copa-e-das-olimpíadas, onde sobra dinheiro para mega-estádios, visto que educação-saúde-segurança tá tudo perfeito.