Joaquim Barbosa,presidente do Supremo Tribunal Federal: desta vez, ponto pra ele. Mil pontos. |
E você aí, se sente representado pelos partidos políticos brasileiros?
Você aí, fora de brincadeira, vê alguma consistência ideológica e programática em alguma das agremiações partidárias em funcionamento no país?
Você aí, falando sério, não acha que os partidos e seus líderes querem o poder pelo poder?
Você aí, sem exageros, não acha que os partidos políticos brasileiros são mesmo de mentirinha, uma ficção, um ajuntamento de personagens à procura sabe-se lá de quê?
Você aí, sem partidarismos e sem adesões ideológicas de qualquer natureza, acha mesmo que o Congresso Nacional exerce sua independência em plenitude? Ou acha que é um mero puxadinho do Executivo? Ou acha que é manipulado, às vezes manietado pelo Executivo, mesmo num ambiente democrático como o que vivemos?
Pois é.
Olhem o que disse Sua Excelência o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, durante palestra no Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), onde é professor:
"Nós temos partidos de mentirinha. Nós não nos identificamos com os partidos que nos representam no Congresso, a não ser em casos excepcionais. Eu diria que o grosso dos brasileiros não vê consistência ideológica e programática em nenhum dos partidos. E tampouco seus partidos e os seus líderes partidários têm interesse em ter consistência programática ou ideológica. Querem o poder pelo poder."
Barbosa disse mais. Assim:
"Está é uma das grandes deficiências, a razão pela qual o Congresso brasileiro se notabiliza pela sua ineficiência, pela sua incapacidade de deliberar."
Olhem só, meus caros.
A temperança - sobretudo e principalmente a de linguagem - não se inclui entre os atributos do ministro Joaquim Barbosa.
Por conta disso, o ministro, que já foi - e, quem sabe, ainda é - vítima de preconceitos, permite-se algumas vezes ser preconceituoso e fazer, fora dos autos, prejulgamentos que não cabem muito bem num magistrado como ele.
O ministro, por outro lado, tem arroubos que levam até colegas seus - ou principalmente eles - a concluir que Barbosa se considera a única vestal do mundo, enquanto todos os demais, até prova em contrário, são salafrários.
Mas, gente, desta vez, ponto para o ministro Joaquim Barbosa.
Mil pontos.
Nota mil pra ele.
Desta vez, Barbosa foi o cara.
Não há, meus caros, como discordar dele.
Não há como contrapor juízos contrários aos que expendeu, considerando-se a fartura - astronômica, cristalina, irretorquível - de elementos factuais que estão aí, para todo mundo ver e constatar que os partidos políticos brasileiros são, sim, de "mentirinha", não têm consistência ideológica e programática alguma.
Não há como negar que ninguém se sente representado pelos partidos políticos brasileiros. Com as exceções, claro, que confirmam a regra.
Não há como discordar de que o Congresso é, sim, subjugado pelo Executivo; não por este Executivo, o da presidente Dilma; não pelo de Lula; não pelo de Fernando Henrique; mas por qualquer Executivo.
Barbosa - ponto pra ele - falou diretamente, claramente e até mesmo, contrariando seu estilo, com certo comedimento.
Joaquim Barbosa falou o que todo mundo sente e diz - nos ambientes públicos, nas reuniões de famílias, na mesa de bar, enfim, em todo lugar.
Pode-se discutir a pertinência de Barbosa ter externado juízos como esses, sendo ele o presidente do Supremo, um cargo de relevo num tribunal político.
Mas que ele não disse mentira alguma, é claro que não disse.
Teria dito mentira se dissesse que os partidos políticos brasileiros não são de mentirinha.
Fora de brincadeira.
4 comentários:
A melhor frase dos últimos 30 anos, seguramente.
Falou o presidente de um poder judiciario onde as acoes correm de forma rapida e eficaz e todos pagam pelos seus crimes, independente de classe social! O sujo esculachando o mal lavado
Ah, seu Espaço, nesse caso nem as exceções existem, tá tudo dominado.
Dez pro ministro Joaquim Barbosa, que incomoda por ser a voz do povo.
A realidade é essa, mesmo: o legislativo tem sido mero aprovador de tudo o que o executivo quer.
Com o agravante de, agora, "rodar a bolsinha" na calçada, escancaradamente, né cumpanherus?!
De longa data.
O partido dos "pais da pobreza e donos dos pobres" esta revoltado.
Eles odeiam o Barbosão, por ter a "audácia" de condenar alguns dos seus "heróis" por suas tenebrosas transações.
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