Antibolsonaristas de um modo geral passaram, em grande parte, a cantar vitória de Lula depois da nova pesquisa de ontem, do Datafolha, que põe o petista com 18 pontos de vantagem sobre Bolsonaro no primeiro turno e com 20 pontos no segundo.
Convém, acho, não cantar vitória neste momento. Pelo menos, ainda não.
Aliás, torcedor que sou, e com superstições que só torcedores explicam, odeio cantar vitória do meu time antes que o jogo termine, porque sempre tenho a sensação de que, a menos que o placar esteja 10 a 0 a nosso favor, o adversário ainda poderá virar o jogo. Portanto, e por precaução, é melhor deixar mesmo o jogo acabar.
E assim deve ser na política.
Muito embora as pesquisas - do Datafolha e e outras - colocarem Lula em posição bastante confortável, é preciso relativizar essa fotografia provisória do momento eleitoral e considerar alguns fatores.
Por exemplo.
Até os mais abalizados analistas políticos confessam que ainda não são capazes mensurar com o mínimo de precisão quais os efeitos, em termos eleitorais, do pacote de bondades de Bolsonaro, como aumento do Auxílio Brasil, voucher para caminhoneiros, permissão para saques de até R$ 1 mil do FGTS etc.
Além disso, note-se que a pesquisa do Datafolha já seria capaz de embutir os efeitos do escândalo no MEC, que resultou na prisão de Milton Ribeiro e sua turma, e do escândalo em que Pedro Maluco, amigão de Bolsonaro, foi pilhado em casos de assédio moral e sexual explíticos. Mesmo assim, esses episódios mantiveram o Incorruptível estável nas pesquisas.
Mais ainda: é preciso avaliarmos como será o 7 de Setembro, que bolsonaristas estão considerando uma espécie de "última cartada" para indicar se o cara tem condições ou não de se reeleger.
Por essas e outras, é melhor esperarmos as cenas dos próximos capítulos. Ou o passar das nuvens.
Porque, como ensinava o velho Magalhães Pinto, "política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou".
Acompanhemos.
Um comentário:
Concordo que é preciso ter prudência. Mas as placas tectônicas estão se mexendo, lentamente, para apear do poder os falsos profetas , milicianos e outras bestas que se acham humanas. Muitos há que comem hóstias de dia e , à noite, cospem indignidades.
Kenneth Fleming
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