Há quase dez dias que viraliza nas redes sociais, em dimensões tsunâmicas, a revelação da história da atriz Klara Castanho, que foi estuprada, decidiu levar a gravidez até o fim e depois entregou o bebê legalmente para adoção.
Às vezes, ou melhor, muitas vezes quase não chego a acreditar no que leio, tantos são os horrores expelidos por selvagens de todos os matizes, que não têm o menor pudor, o menor escrúpulo de usar um drama pessoal para externar seus recalques e, ora vejam só, suas propensões políticas e ideológicas.
Nestes quase dez diz de escabrosidades brotando nas discussões sobre um drama pessoal dos mais pesados, chega-se facilmente à conclusão de Klara Castanho fo vítima de dois estupros.
O primeiro, literal, produziu-lhe uma gravidez indesejada.
O segundo estupro foi gestado por um tipo de jornalismo dos mais despudorados, porque invasivo, sensacionalista, irresponsável, cruel, criminoso e ignorante, por não saber distinguir os limites - às vezes tênues, é verdade - entre o privado e o público.
O estupro praticado pelo mau jornalismo começou com uma enfermeira que vazou, criminosamente, a história da atriz para um jornalista, no caso Leo Dias - atualmente no site Metrópoles -, que se encarregou abordar o caso em entrevista a um programa de TV, mesmo sem mencionar o estupro e sem citar o nome da atriz.
Depois disso, também entra na história, criminosamente, a apresentadora Antônia Fontenelle, fazendo acusações tenebrosas a uma mulher que, já estuprada pela primeira vez, agora era julgada da maneira mais cruel por vozes que se julgam acima do bem e do mal.
Nas redes sociais, ainda proliferam os horrores.
E os nossos heróis que dizem fazer jornalismo?
Um pediu desculpas.
A outra pôs a culpa no primeiro, que lhe contou a história.
Isso é brincar de fazer jornalismo.
E quando se brinca de jornalismo, o jornalismo pode estuprar você.
Como estuprou Klara Castanho.
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