Duluth
é um dos livros mais espetaculares de Gore Vidal, ainda que seja um dos menos
conhecidos.
Meu exemplar já está meio
encardido. Vejam a capa - bem castigada.
Leiam esse livro.
O título é referência a Duluth, uma cidade do
estado de Minnesota (EUA).
Na Duluth de Gore Vidal, há de tudo.
Há corrupção das grossas. Na polícia, inclusive.
Há corruptos que acumulam poderes dos quais eles
mesmos duvidam.
Há um prefeito corrupto, oportunista e demagogo.
Em Duluth, os medíocres são estrelas.
Há uma socialite
que representa a quintessência da futilidade. Ela é uma imbecil rematada. Tem
dificuldades até para ler uma palavra com três letras, como cat (gato, em inglês). Mas é tratada
como uma celebridade e está até escrevendo
um livro pelas mãos de um ghost writer.
Em Duluth, há uma imprensa vendida e rendida aos interesses políticos. E completamente parcial
, indecorosamente parcial - como toda boa imprensa (hehe).
Há uma escritora, mentirosa compulsiva, que
vende livros e histórias a rodo, todas elas adaptadas e furtadas de um banco de dados (que ela guarda no computador) com
milhares de trabalhos originais.
E em toda a trama de Duluth, temos uma nave
espacial que chegou à cidade – misteriosa, enigmática e amedrontadora, porque
ninguém sabe de onde ela veio e quem está dentro dela.
A espaçonave muda de locais conforme uma
tachinha é movimentada num mapa.
Em algum momento, ela vai parar dentro do
pântano cheio de insetos. E o prefeito de Duluth vai lá, tentar um contato com
os alienígenas.
Em contato com o prefeito, os insetos todos
correm dele, como se o achassem repulsivo e repelente.
Lembrei-me, há pouco, de Duluth ao ver a
performance de Bolsonaro na tarde deste domingo (19).
Ele foi a estrela maior de uma concentração que
reuniu milhares de pessoas.
Os manifestantes defenderam
escancaradamente, escandalosamente e criminosamente um golpe militar –
com fechamento do Congresso, do Supremo e tudo o mais.
Bolsonaro saudou esses golpistas com o maior
entusiasmo.
Se estivessem em Duluth e entrassem no seu
pântano, fariam correr todos os insetos – inclusive os mais monstrutos,
repelentes e letais.
Gore Vidal, se vivo ainda fosse e se os visse,
ficaria inspirado, quem sabe, a escrever uma continuação de Duluth.
Seria uma espécie de Duluth 2. Desta vez, com o seu pântano em pânico, diante da
possibilidade de ser invadido.
Por
Bolsonaro e bolsonaristas.
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