domingo, 19 de abril de 2020

Leiam “Duluth”. Lá tem um pântano onde os insetos correriam de medo de Bolsonaro.

Duluth é um dos livros mais espetaculares de Gore Vidal, ainda que seja um dos menos conhecidos.
Meu exemplar já está meio encardido. Vejam a capa - bem castigada.
Leiam esse livro.
O título é referência a Duluth, uma cidade do estado de Minnesota (EUA).
Na Duluth de Gore Vidal, há de tudo.
Há corrupção das grossas. Na polícia, inclusive.
Há corruptos que acumulam poderes dos quais eles mesmos duvidam.
Há um prefeito corrupto, oportunista e demagogo.
Em Duluth, os medíocres são estrelas.
Há uma socialite que representa a quintessência da futilidade. Ela é uma imbecil rematada. Tem dificuldades até para ler uma palavra com três letras, como cat (gato, em inglês). Mas é tratada como uma celebridade e está até escrevendo um livro pelas mãos de um ghost writer.
Em Duluth, há uma imprensa vendida e rendida aos interesses políticos. E completamente parcial , indecorosamente parcial - como toda boa imprensa (hehe).
Há uma escritora, mentirosa compulsiva, que vende livros e histórias a rodo, todas elas adaptadas e furtadas de um banco de dados (que ela guarda no computador) com milhares de trabalhos originais.
E em toda a trama de Duluth, temos uma nave espacial que chegou à cidade – misteriosa, enigmática e amedrontadora, porque ninguém sabe de onde ela veio e quem está dentro dela.
A espaçonave muda de locais conforme uma tachinha é movimentada num mapa.
Em algum momento, ela vai parar dentro do pântano cheio de insetos. E o prefeito de Duluth vai lá, tentar um contato com os alienígenas.
Em contato com o prefeito, os insetos todos correm dele, como se o achassem repulsivo e repelente.
Lembrei-me, há pouco, de Duluth ao ver a performance de Bolsonaro na tarde deste domingo (19).
Ele foi a estrela maior de uma concentração que reuniu milhares de pessoas.
Os manifestantes defenderam escancaradamente, escandalosamente e criminosamente um golpe militar – com fechamento do Congresso, do Supremo e tudo o mais.
Bolsonaro saudou esses golpistas com o maior entusiasmo.
Se estivessem em Duluth e entrassem no seu pântano, fariam correr todos os insetos – inclusive os mais monstrutos, repelentes e letais.
Gore Vidal, se vivo ainda fosse e se os visse, ficaria inspirado, quem sabe, a escrever uma continuação de Duluth.
Seria uma espécie de Duluth 2. Desta vez, com o seu pântano em pânico, diante da possibilidade de ser invadido.
Por Bolsonaro e bolsonaristas.

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