A Secretaria de Saúde do Pará publicou há pouco, em sua conta no Twitter, documentos para desmentir um tsunami de áudios e vídeos que inundam as redes sociais desde o início da tarde desta quarta-feira (01), depois que a própria Sespa confirmou a primeira morte por Covid-19 no estado. A vítima foi uma senhora de 87 anos que residia em Alter do Chão, distrito de Santarém, no oeste do Pará.
Nos áudios, netos e outras pessoas próximas à
família põem em dúvida o diagnóstico laboratorial apresentado, afirmam que a
idosa morreu no dia 19 de março, “de velhice” (segundo a linguagem utilizada
nas mensagens), e garantem que nunca souberam que ela tinha Covid-19, tanto é
assim que continuaram a seu lado, até os últimos momentos de vida. E tanto o
velório como o sepultamento atraíram centenas de pessoas, já que ela era muito
popular em Alter do Chão.
Entre os documentos apresentados, um deles,
evidentemente, é o exame laboratorial, que foi feito em Belo
Horizonte (MG). Pois é por aí, por esse detalhe - um exame feito em Minas Gerais -, que começa uma série de dúvidas que apenas uma
investigação, rigorosa e rápida, da polícia e do Ministério Público, será capaz
de elucidar.
Todas as dúvidas, incongruências e inconsistências
deste caso estão expostas, preto no branco, com todas as letras, em português de Portugal, em expediente datado de 25 de março,
assinado por ninguém menos que o secretário de Saúde, Alberto Beltrame, e
endereçado ao procurador-geral de Justiça, Gilberto Martins.
Vejam nas imagens a íntegra do documento.
Está dito lá que a senhora morreu no dia 19. No
dia 18, portanto quando ela ainda estava viva, foi recebida a amostra para o
exame laboratorial, que ficou pronto no dia 24.
Mas por que a amostra foi colhida?
Os familiares pediram?
Se pediram, alguém tinha suspeita de que a
mulher estava infectada pelo vírus?
Ela apresentava algum dos sintomas de Covid-19
nos dias anteriores à sua morte?
Por que o exame não foi feito em Santarém mesmo?
Por que foi mandado para um laboratório
particular em Belo Horizonte?
E o médico, que nem é funcionário público
municipal, por que não notificou a Sesma ou a Sespa de que a paciente era um “caso
suspeito”, como era “seu dever legal” fazê-lo, conforme expressões do próprio
secretário, vazadas no expediente remetido ao MP?
Esse não é apenas um caso médico ou
laboratorial. É um caso de polícia.
Convém que o Ministério Público requisite, com
urgência, a instauração de inquérito para esclarecer as 1.500 perguntas que
saltam aos olhos de qualquer um.
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