segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Ponte da Alça Viária em corrosão. Interditar não é melhor?
O Diário Oficial - da União, do Estado e do município - é uma mina de informações.
Nas publicações oficiais, como as que tomam páginas e páginas de um Diário Oficial, o escondido, o que está nas entrelinhas e o que se deduz dos tecnicismos empregados nos textos enviesados que ali são publicados podem levar a coisas espantosas, verdadeiramente espantosas, uma vez operada a tradução para o português de Portugal.
Em português de Portugal, diga-se logo: é verdadeiramente espantoso, e preocupante, e sério, e grave o que o Diário Oficial do Estado trouxe em três edições, a primeira no dia 12 de abril deste ano, na página 2 do caderno 6; a segunda no dia 17 de abril, na página 5 do caderno 5; a terceira agora, bem recente, no dia 22 de agosto último, na página 3 do caderno 5.
Em português de Portugal, acrescente-se: pelo que se lê, ou mesmo pelo que se depreende das três publicações, os cabos que sustentam a ponte estaiada da Alça Viária, esse monumento que aparece aí em cima, obra de arte mais vistosa do maior empreendimento do governo Almir Gabriel e dos governos tucanos que já administraram o Pará, sofrem um processo de corrosão.
Não se sabe ainda a extensão dos danos. Não se sabe ainda se a corrosão, decorrente da falta de manutenção da estrutura, que já tem cerca de dez anos, justificaria que o tráfego de veículos na área - inclusive de veículos pesados, pesadíssimos - fosse interrompido, até que se avaliem quais os procedimentos necessários para reparar os danos detectados em avaliações preliminares.
Uma coisa é certa: o poster, o repórter aqui do blog, se precisar fazer uma viagem que tenha como rota alternativa a Alça Viária, podem ficar certos que será escolhida uma outra rota. Nem que seja pegar um popopô, como são chamados aqueles barquinhos com motores de popa, que singram as águas desses rios-mares que se esparramam por esta Amazônia sem-fim.
Vejam a publicação abaixo. É a do 22 de agosto. Observem lá, conforme os grifos em vermelho: inspeções preliminares detectaram a "corrosão nas regiões internas da ancoragem, o que demanda o aprofundamento do estudo visando identificar a origem desses danos". Ancoragem, em português de Portugal, é a estrutura onde os cabos da ponte são atracados.
Agora, vejam outra publicação abaixo: é a do dia 12 de abril. Observem que se refere, especificamente, ao Contrato 13-013, celebrado pela Secretaria de Estado de Transporte. O objeto é a execução dos serviços de avaliação estrutural dos estais da ponte estaiada Governo Almir Gabriel". Em português de Portugal, estais são os próprio cabos.
Por fim, vejam abaixo: é a publicação de 17 de abril. Trata-se apenas da publicação de um instrumento substitutivo de contrato, em relação ao anterior.
Então, é assim.
Processos de corrosão em estruturas de engenharia são naturais, normais, previsíveis e sanáveis a partir de manutenções periódicas.
No caso específico da ponte estaiada da Alça Viária, repita-se a indagação já feita: em que nível, em que grau está a corrosão que já foi claramente identificada, conforme a publicação oficial - oficialíssima - de 22 de agosto, a última quinta-feira?
Alguém, em sã consciência, é capaz de imaginar que uma ponte como essa, há dez anos sem manutenção, esteja com um grau de corrosão pequeno?
Em sã consciência, a prudência não recomendaria a interdição imediata da ponte, até que o governo apresente, em definitivo, o diagnóstico preciso sobre o que foi detectado e as soluções para sanar os danos que se acumularam nestes últimos dez anos?
São perguntas.
Perguntas feitas em português de Portugal sobre publicações oficiais, mas não nem sempre elucidativas.
Muito pelo contrário.
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