Valéria dá seu recado em 20 minutos e convence os tucanos

Bastaram 20 minutos de exposição da ex-vice-governadora Valéria Pires Franco para que parlamentares do PSDB com mandato e o ex-governador Simão Jatene se convencessem de que uma aliança com o Democratas (DEM) é a alternativa mais viável para oferecer à cidade uma candidatura em condições de substituir o petebista Duciomar Costa na Prefeitura de Belém, no pleito de outubro próximo.
Como o Espaço Aberto informou ontem à noite, a aliança entre DEM e PSDB para a eleição de outubro em Belém foi aprovada como indicativo, que ainda precisará ser chancelado por instância partidária superior. E a instância partidária que, no caso, vai homologar a decisão do andar de baixo é o Diretório Municipal do partido, que tem reunião marcada para a próxima segunda-feira.
Os tucanos, vocês sabem, têm um vernáculo muito próprio, muito particular. E indicativo, em tucanês mais ou menos castiço, significa apenas que a decisão já foi tomada e que caberá ao Diretório Municipal, presidido pelo deputado André Dias, somente confirmar a decisão tomada ontem à tarde.
Entre os tucanos que se reuniram para ouvir Duciomar e Valéria, contaram-se as ausências de pelo menos quatro deputados estaduais: Cezar Colares, Ana Cunha, Alexandre Von e Ítalo Mácola. Os quatro encontram-se em Fortaleza (CE), participando da XII Conferência Nacional dos Legislativos Estaduais (Unale), que reúne deputados de todo o País.
Mas Valéria tinha “eleitores” fiéis entre os tucanos com mandato. Um deles, Cezar Colares, revelou-se tão ardorosamente defensor da aliança do PSDB com o DEM de Valéria que, antes de viajar, formalizou o encaminhamento à direção partidária de um ofício no qual externava a sua preferência pela ex-vice-governadora como cabeça de chapa numa aliança com os tucanos.

União durante a campanha
Valéria Pires Franco foi à reunião acompanhada do marido, o deputado federal Vic Pires Franco, também presidente do Diretório Estadual do Democratas no Pará. Ela expôs brevemente seus anseios de uma aliança com o PSDB porque, conforme frisou, tem afinidades claras com o partido.
A pré-candidata a prefeita de Belém fez, porém, uma observação: assim como faz imensa questão de disputar a eleição em aliança com os tucanos, não gostaria sob hipótese alguma de ser, ela mesma, motivo de dissensões internas no PSDB. Ou por outra: seu anseio é o de que, uma vez o PSDB tenha aceitado – como já aceitou – alianças com o DEM, que todos os tucanos caminhem unidos com ela no processo eleitoral que efetivamente vai começar a partir de julho.
Na reunião de ontem, os tucanos, como se esperava, não chegaram nem a cogitar sobre nomes com perfil adequado para figurar como vice de Valéria. Mas tudo indica que, até agora, o nome mais em evidência é o do ex-secretário de Cultura Paulo Chaves, que nos dois governos de Almir Gabriel e no governo Simão Jatene deixou sua assinatura em obras que viraram referência em Belém. É o caso da Estação das Docas, do Complexo Feliz Lusitânia, do Parque da Residência, do Mangal das Garças e, por último, do Hangar – Centro de Convenções, que ficou praticamente pronto ao final do governo Jatene, mas foi inaugurado no governo petista de Ana Júlia Carepa.
Paulo Chaves, aliás, foi professor de Valéria no curso de Comunicação – opção Jornalismo – da Universidade Federal do Pará (UFPA). O ex-secretário costuma dizer que “o PSDB foi o melhor prefeito de Belém”, referência às intervenções dos governos tucanos na paisagem urbana da cidade.
Muito embora ainda não se fale em nome, é bem possível que as obras mencionadas, a competência de Paulo Chaves como arquiteto e sua operosidade como administrador o credenciem fortemente a ser o nome que vai figurar como candidato a vice na chapa de Valério Pires Franco.