Salinas: a natureza exuberante convida ao sossego. Mas a violência não dá sossego. Nem lá, nem em lugar algum. |
Vejam como é.
Na terça-feira de Carnaval, em Salinas, a
residência da família do ex-governador do Pará Aloysio Chaves, foi assaltada.
Uma das vítimas foi um filho dele, Luiz Cláudio
Chaves, que mandou pelo zap um depoimento para amigos, um dos quais o
retransmitiu ao Espaço Aberto.
Os detalhes são impressionantes.
Não é de hoje que Salinas, como também
Mosqueiro, é uma terra de ninguém em termos de segurança.
Há alguns anos, leitor do blog, que também tem
laços familiares com este repórter, estava na casa dele, em Salinas,
acompanhado da mãe, então octogenária, da esposa e de algumas outras pessoas,
quando a residência foi invadida por dois bandidos. O dono da casa atracou-se
em luta corporal com um deles. E só não houve por morte – ou mortes - por
intervenção divina.
Por isso, o relator do médico é dos mais
relevantes, porque mostra que, enquanto pensamos na intervenção federal na
segurança pública do Rio como uma coisa muito distante de nós, não nos damos
conta de que, à entrada de nossas casas, a violência não bate à porta: ele
entra com tudo, arromba, invade sem bater mesmo, ceifando vidas e deixando
traumas inapagáveis.
Que coisa!
Abaixo, o relato do médico.
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Hesitei em fazer este post, porém como eu e a Ana
Cristina temos recebido muitos telefonemas e mensagens e, sobretudo como vazou
na imprensa à nossa revelia, por provável acesso ao BO, venho aqui relatar a
vocês o ocorrido. Faço isto sobretudo como um alerta extremamente preocupante e
com muito pesar de tudo que minha família passou.
Aprendi a gostar de Salinas com meu pai. Dizia
ele que levou-me a 1ª vez com menos de 1 ano. Temos uma casa agradável lá. A
única herança que deixou além do apartamento onde minha mãe mora. O valor
financeiro não é grande porém o sentimental é incomensurável por tal apego que
ele tinha e que transferiu para nós(filhos).
Pois bem, não ia lá há cerca de 1 ano, e isto
era inédito. Como meu pai, passei a gostar de Salinas e este sentimento é
acompanhado por meus filhos e netos.
Relutante, aceitei passar o Carnaval lá, já que
minha filha e netos queriam.
Confesso que me sentia inseguro pelas notícias e eu que nunca utilizei, tentei
conseguir segurança para nossa proteção. Como foi em cima da hora, não
consegui.
Enfim
fomos, eu e a Ana Cristina, filha, genro, netos e uma sobrinha com o noivo.
Esta delegada concursada de Polícia e em serviço em Salinas.
O tempo
ajudou, sol e praia.
Lamentavelmente, no domingo a noite nossa casa,
foi invadida por homens armados para fazer terror e nos assaltar. Foram momentos difíceis e traumáticos. Deus e o
Anjo da Guarda que nos socorreu permitiu que só danos materiais e psicológicos
ficassem como sequela.
Estávamos no pátio ouvindo música e conversando
amenidades. Minutos antes, minha neta pediu para ir para o quarto e a Ana
Cristina a levou. A sobrinha delegada de polícia estava na sala vendo TV e as
escolas de samba e se surpreendida seria
identificada e poderia ser fatal para ela.
Às 22h, fomos surpreendidos por 2 homens que
vieram de moto e com capacete, colocando
armas na nossas cabeças. Ameaçados a todo instante enquanto revistavam a
casa em busca de valores e armas. Minha sobrinha, que no momento em que éramos
rendidos no pátio e ela na sala percebeu os assaltantes e recuou para o
interior da casa e avisou a Ana, que trancou-se no quarto com a neta de 7 anos
e de modo muito profissional ela apesar de estar com colete e armas evitou
confronto, trancou-se em outro quarto e avisou seus pares na delegacia. Nós 4,
eu, minha filha, meu genro e o noivo da sobrinha, deitados sob armas e tentando
evitar que fossem para a parte interna. 10 Minutos de terror. Preocupado com
possível chegada da polìcia que sabia que estava acionada. Passaríamos a
reféns. Seria pior. Dentro, a Ana em pânico, sem saber o que estava acontecendo
comigo a filha e outros e se iriam invadir e como protegermos a criança.
Felizmente, foram embora com ameaças de voltar.
Três minutos depois, chega a polícia.
A polícia foi extremamente correta conosco e
deixou 3 policiais na casa para proteção. Haviam levado às chaves dos carros.
Surpreendente, um deles volta de manhã dizendo
que havia encontrado às chaves dos carros pedindo gratificação por achá-las.
Ele não sabia que ainda tinha policiais lá e foi preso em flagrante. Estava com
aspecto de drogado.
Aonde chegamos? Nem nossos lares estão seguros.
Não houve violência física importante, mas a psicológica é uma cicatriz
difícil.
Que
país é esse?
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