domingo, 18 de fevereiro de 2018

E depois da intervenção, como vai ser?


Vejam abaixo.
O artigo, intitulado "A dura experiência da Maré com o Exército", é assinado pela diretora da ONG Redes da Maré", Eliana Souza Silva, e está publicado em O Globo deste sábado (17).
Ele vai na essência da questão.
Diz ela: "A gente pode ter, momentaneamente e superficialmente, o Exército nas ruas, mas questões sérias do estado em relação ao enfrentamento da violência, depois que passar o final deste decreto, não estarão solucionadas."
Ainda no sábado, na postagem Intervenção cosmética não será solução no Rio, o Espaço Aberto já havia comentado: "A intervenção no Rio, como solução paliativa, tem tudo pra dar certo.
Mas é preciso que se estabeleçam medidas para depois - termine a intervenção em um mês, em dois meses ou apenas em dezembro deste ano."Leiam, abaixo, o artigo de Eliana Silva:

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Não vivemos hoje uma situação de descontrole. Na realidade, nunca houve uma situação em que a segurança do Rio de Janeiro foi garantida como direito. O que a gente está vivendo hoje não é diferente do que a gente viveu em outros momentos no estado. Tem uma questão que precisa ser pontuada na decisão do presidente do Brasil de intervir na segurança pública: é que ela vem dentro de um quadro em que o governador do Estado do Rio de Janeiro não deu conta de exercer o controle e a gestão como governador.
Portanto, a gente não espera que esta intervenção possa significar algo positivo neste quadro em que se encontra a segurança pública no Rio. Na realidade, isto pode piorar bastante o quadro de violência. A gente pode ter, momentaneamente e superficialmente, o Exército nas ruas, mas questões sérias do estado em relação ao enfrentamento da violência, depois que passar o final deste decreto, não estarão solucionadas. Porque, se esta medida tivesse o objetivo de enfrentar este processo de violência e de descontrole do Rio de Janeiro, deveria haver um planejamento a partir de uma outra lógica e não a de enfrentamento bélico, como está se estabelecendo a partir da chegada das tropas.
O Exército passou 14 meses na Maré. Eu fiz uma pesquisa para entender a percepção dos moradores em à atuação da tropa. O trabalho durou o tempo em que o Exército esteve lá, desde sua chegada até sua saída. O que a gente percebeu é que, inicialmente, eles tinham uma determinada expectativa de como ocupar aquele espaço, relacionar-se com a comunidade e estabelecer vínculos. Mas com o tempo, aconteceram alguns enfrentamentos com grupos armados, e a postura do Exército foi mudando, e passou a ser muito parecida com o que a polícia historicamente faz. Uma postura de enfrentamento e de pouca inteligência para lidar com aquele contexto.
O resultado prático para a vida dos moradores foi nenhum. Logo, a gente não consegue ver qualquer legado de segurança pública na atuação do Exército na Maré. Acho que esta experiência também vale para o estado.
Não há qualquer legado na atuação do Exército na Maré. Acho que esta experiência vale para o estado

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