domingo, 18 de fevereiro de 2018

Médico narra momentos de terror durante assalto em Salinas

Salinas: a natureza exuberante convida ao sossego. Mas a violência não dá sossego. Nem lá, nem em lugar algum.
Vejam como é.
Na terça-feira de Carnaval, em Salinas, a residência da família do ex-governador do Pará Aloysio Chaves, foi assaltada.
Uma das vítimas foi um filho dele, Luiz Cláudio Chaves, que mandou pelo zap um depoimento para amigos, um dos quais o retransmitiu ao Espaço Aberto.
Os detalhes são impressionantes.
Não é de hoje que Salinas, como também Mosqueiro, é uma terra de ninguém em termos de segurança.
Há alguns anos, leitor do blog, que também tem laços familiares com este repórter, estava na casa dele, em Salinas, acompanhado da mãe, então octogenária, da esposa e de algumas outras pessoas, quando a residência foi invadida por dois bandidos. O dono da casa atracou-se em luta corporal com um deles. E só não houve por morte – ou mortes - por intervenção divina.
Por isso, o relator do médico é dos mais relevantes, porque mostra que, enquanto pensamos na intervenção federal na segurança pública do Rio como uma coisa muito distante de nós, não nos damos conta de que, à entrada de nossas casas, a violência não bate à porta: ele entra com tudo, arromba, invade sem bater mesmo, ceifando vidas e deixando traumas inapagáveis.
Que coisa!
Abaixo, o relato do médico.

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Hesitei em fazer este post, porém como eu e a Ana Cristina temos recebido muitos telefonemas e mensagens e, sobretudo como vazou na imprensa à nossa revelia, por provável acesso ao BO, venho aqui relatar a vocês o ocorrido. Faço isto sobretudo como um alerta extremamente preocupante e com muito pesar de tudo que minha família passou.
Aprendi a gostar de Salinas com meu pai. Dizia ele que levou-me a 1ª vez com menos de 1 ano. Temos uma casa agradável lá. A única herança que deixou além do apartamento onde minha mãe mora. O valor financeiro não é grande porém o sentimental é incomensurável por tal apego que ele tinha e que transferiu para nós(filhos).
Pois bem, não ia lá há cerca de 1 ano, e isto era inédito. Como meu pai, passei a gostar de Salinas e este sentimento é acompanhado por meus filhos e netos.
Relutante, aceitei passar o Carnaval lá, já que minha filha e netos queriam.
Confesso que me sentia inseguro pelas  notícias e eu que nunca utilizei, tentei conseguir segurança para nossa proteção. Como foi em cima da hora, não consegui.
 Enfim fomos, eu e a Ana Cristina, filha, genro, netos e uma sobrinha com o noivo. Esta delegada concursada de Polícia e em serviço em Salinas.
O tempo ajudou, sol e praia.
Lamentavelmente, no domingo a noite nossa casa, foi invadida por homens armados para fazer terror e nos assaltar. Foram  momentos difíceis e traumáticos. Deus e o Anjo da Guarda que nos socorreu permitiu que só danos materiais e psicológicos ficassem como sequela.
Estávamos no pátio ouvindo música e conversando amenidades. Minutos antes, minha neta pediu para ir para o quarto e a Ana Cristina a levou. A sobrinha delegada de polícia estava na sala vendo TV e as escolas de samba  e se surpreendida seria identificada e poderia ser fatal para ela.
Às 22h, fomos surpreendidos por 2 homens que vieram de moto e com capacete, colocando  armas na nossas cabeças. Ameaçados a todo instante enquanto revistavam a casa em busca de valores e armas. Minha sobrinha, que no momento em que éramos rendidos no pátio e ela na sala percebeu os assaltantes e recuou para o interior da casa e avisou a Ana, que trancou-se no quarto com a neta de 7 anos e de modo muito profissional ela apesar de estar com colete e armas evitou confronto, trancou-se em outro quarto e avisou seus pares na delegacia. Nós 4, eu, minha filha, meu genro e o noivo da sobrinha, deitados sob armas e tentando evitar que fossem para a parte interna. 10 Minutos de terror. Preocupado com possível chegada da polìcia que sabia que estava acionada. Passaríamos a reféns. Seria pior. Dentro, a Ana em pânico, sem saber o que estava acontecendo comigo a filha e outros e se iriam invadir e como protegermos a criança.
Felizmente, foram embora com ameaças de voltar.
Três minutos depois, chega a polícia.
A polícia foi extremamente correta conosco e deixou 3 policiais na casa para proteção. Haviam levado às chaves dos carros.
Surpreendente, um deles volta de manhã dizendo que havia encontrado às chaves dos carros pedindo gratificação por achá-las. Ele não sabia que ainda tinha policiais lá e foi preso em flagrante. Estava com aspecto de drogado.
Aonde chegamos? Nem nossos lares estão seguros. Não houve violência física importante, mas a psicológica é uma cicatriz difícil.
Que país é esse?

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