domingo, 2 de outubro de 2022

Alta, loura, branca e rica, com calças de seda e bolsa de grife. E com um bonezinho!


Fui votar, como faço há 500 anos, na Faculdade Uninassau, no prédio do antigo Colégio Moderno.
Vi uma senhora saindo de uma seção.
Levava pela mão um garoto, provavelmente filho.
Era branca, alta e loura. Estava elegantissimamente trajada.
De sandália nos pés, bermuda e camisa faltando um - apenas um, vejam bem - botão, senti-me humilhado. Confesso que cheguei até a me esconder no vão de uma escada, para minimizar o impacto do contraste quando a mulher passou próxima a mim.
Não sei descrever trajes, mas tento: a eleitora usava um sapato de cor creme, com um bico fino de 4 metros de comprimento e saltão de 40 metros de altura. Não sei como chamam a esse tipo de sapato.
Usava calças pantolonas brancas, de seda, e uma blusa rósea.
Sua bolsa era de grife, mas lamento não ter identificado qual.
Pelo que vi, a senhora tinha aparência de ser, como diríamos antigamente, de posses, ou seja, aparentava ser financeiramente bem aquinhoada.
Rica, loura, alta, branca.
Seria conservadora?
Seria dessas que ainda acredita que comunistas comem criancinhas?
Teria um perfil mais afeito de ser eleitora de Bolsonaro?
Seria proprietária de algum latifúndio por aí, convenientemente guardado por capangas armados para prevenir qualquer invasão de entidades sem-terra?
Sóquinão.
Porque a mulher exibia-se também com um acessório nada desprezível e até mesmo implausível, nas circunstâncias: um bonezinho vermelho, com o símbolo do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), igualzinho a esse aí, que Lula aparece usando na foto.
Depois disso, parei de julgar, apenas pela aparência, os trocentos eleitores que circulavam pelas dependências do antigo Moderno.

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