A Abraji considera preocupante a sequência
recente de execuções de blogueiros no Maranhão. Desde a semana passada, a
associação apura as circunstâncias das mortes de dois comunicadores no interior
do Estado. Em 13 de novembro, Ítalo Diniz foi assassinado a tiros em Governador Nunes Freire ,
a 460 km
de São Luís. Oito dias depois, em 2 de novembro, Orislândio Roberto Araújo (conhecido
como Roberto Lano) foi executado em Buriticupu, região centro-oeste do
Maranhão.
Ambos mantinham blogs em que criticavam
políticos locais, além de publicar e reproduzir reportagens sobre a região. Nos
dois casos, os executores estavam em motocicletas e fugiram logo após atirarem
contra os comunicadores.
Para colegas de Ítalo Diniz, o crime foi
represália a sua atuação no blog. Luciano Tavares, outro comunicador da região
de Governador Nunes Freire, disse ao
Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) que Diniz “irritava apoiadores do
ex-prefeito da cidade [adversário do atual]” com suas críticas. Uma pessoa
próxima a Diniz disse à Abraji estar certa de que a morte dele teve razões
políticas. Além da página na web, Diniz também trabalhava como assessor de
imprensa do prefeito de Governador Nunes Freire, Marcel Curió (PV).
Cinco dias antes de ser assassinado, Roberto
Lano publicou em seu blog uma crítica ao atual
prefeito de Buriticupu, José Gomes (PMDB). Lano também era conhecido
por sua atividade como promotor de eventos na região e locutor, inclusive em
campanhas políticas.
A polícia maranhense não conseguiu determinar
até o momento se as mortes têm relação com as atividades de Diniz e Lano como
comunicadores. Responsável pelo caso de Diniz, o delegado Guilherme de Sousa
Filho diz
apenas que essa é uma das possibilidades que estão sendo
investigadas. Quanto ao assassinato de Lano, a Secretaria de Segurança Pública
do Maranhão diz em nota que “a polícia trabalha com várias linhas de
investigação”.
A Abraji insta as autoridades maranhenses a
apurar com precisão e celeridade a motivação de cada um dos crimes. É preciso
esclarecer se as execuções foram consequência do que os blogueiros publicavam e
punir os responsáveis. Só assim será possível evitar novos crimes contra a
liberdade de expressão.
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