segunda-feira, 23 de novembro de 2015
Lula nega que dê palpite no governo Dilma. Quem acredita?
Apenas neste final semana é que o repórter aqui teve oportunidade de assistir à entrevista que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu ao jornalista Roberto D'Avila na GloboNews (íntegra aqui).
A entrevista tem 40 minutos.
D'Avila repassou com Lula os temas do momento.
Pena que não tenha sido possível fazê-lo em profundidade, porque 40 minutos é muito, mas muito pouco tempo, em se tratando de um personagem como Lula e considerando o turbilhão de assuntos polêmicos que mereceriam considerações do líder petista.
Mas do pouco tempo que dura a entrevista, saltam aos olhos de qualquer um aspectos que até mesmo os desatentos avaliariam como dignos de registro.
Lula, lá pelas tantas, foi lapidar. Disse-o:
A Dilma só deve ter uma preocupação na vida neste momento: é começar a cuidar do Brasil, a cuidar do povo brasileiro. Essa é a preocupação dela: como começar a fazer para recuperar o crescimento econômico.
Que coisa, hein?
E o pessoal aqui da redação que tinha quase a absoluta certeza de que a companheira já vinha cuidando do Brasil e do povo brasileiro desde o dia de seu primeiro mandato!
Mas parece que não.
O criador exortou a criatura - pode ir lá na entrevista e conferir - a começar a fazer isso agora.
Aliás, e por falar em criador e criatura, Lula também protagonizou um dos momentos mais interessantes da entrevista ao dizer assim, quando D'Avila lembrou-lhe que todo mundo sabe sobre os palpites que o ex-presidente dá, um dia sim, outro também, no governo:
Todo mundo sabe. Menos a Dilma e eu. (...) Eu não quero ficar dizendo o que ela tem de fazer, porque é direito dela.
Hehehe.
Olhem: nunca antes, jamais, na história deste país, houve um ex-presidente que desse tanto pitaco, que desse tanto palpite num governo como Lula.
E tanto é assim que Fernando Henrique Cardoso já o chamou, ironicamente, de presidente adjunto.
Os pitacos de Lula têm ajudado o governo Dilma a sobreviver, mesmo se conservando no fio da navalha?
Se Lula evitasse mais de dar palpites, Dilma faria menos besteiras do que tem feito? Ou faria muito mais?
É difícil obter-se uma resposta veraz sobre isso.
Mas negar a interferência de Lula no governo - para o bem ou para o mal - é mais ou menos como negar que dois e dois são quatro. Mais ou menos.
Mas a entrevista deixou claro, para não dizer claríssimo o seguinte: Lula reputa o que ele chamou de repactuação uma necessidade imperiosa, fundamental, essencial e incontornável para que o governo possa ser uma fonte de convergência, e não de divergência, de dispersão, de afastamento de todos aqueles a quem chamamos de atores sociais, inclusive, é claro, as zelites.
O problema, sabe Lula, sabemos nós e sabe o mundo inteiro, é que Dilma não gosta da política, não gosta de conversar, não é afeita ao diálogo, é inflexível, é turrona.
Isso tudo complica enormemente que se encontre um caminho alternativo, e mais ou menos seguro, para promover uma descompressão política que poderia fazer o governo sair das cordas e administrar a crise com mais racionalidade.
Aliás, e este foi outro momento interessante, Lula continua com o discurso que inebria o PT, de que um dos principais componentes das turbulências na economia brasileira é a crise mundial.
Lula avalia que este é "o pior momento econômico do mundo desenvolvido e dos emergentes desde 2002". Lembrou que o Produto Interno Bruto (PIB) cresce em média 3,1% no mundo, o mais baixo desde 2002. E ressaltou que, no ano passado, a situação econômica do País piorou "por conta do agravamento da crise internacional e de erros nossos".
É inacreditável, mas o ex-presidente esqueceu-se de muitas coisas, ao apresentar esse diagnóstico.
Muitíssimas.
Mas basta um dado.
Vejam a tabela abaixo.
Mostra os números relativos ao PIB de 35 países.
Olhem a posição do Brasil.
A crise mundial terá mesmo um impacto tão grande assim sobre a crise brasileira?
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2 comentários:
Ohhh, ele não manda nem dá pitaco...kkk
Tudo que ele diz tem q mesma credibilidade de quando fala que "não sabe se será candidato em 2018".
Esse senhor simplesmente, desde já, desautorizou a "super-gerente-mãe-do-pac e de todos" de ter o direito de indicar seu candidato; ele já se apresentou e pronto.
$uce$$o total, e nós pagando.
E o lamaçal continua na Lava a Jato.
Senador do pt pode ser preso.
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