Parece óbvio, mas o grande desafio que nosso
País enfrenta é encontrar um sistema econômico que produza riqueza e atenda às
necessidades humanas sem gerar desigualdade e uma ordem política estável
evitando o fundo do poço, onde um lodaçal extenso e cheio de mazelas nos espera
com avidez. O que faz esse Congresso desde 2014? Nada. Absolutamente nada. As
realidades do dia a dia são esquecidas por suas excelências, que deveriam exigir
atitude de seus pares para que o Brasil saia desse marasmo, onde a falta de
credibilidade se transforma no maior evento. Os motivos todos já sabem é a
enfermidade crônica de que padece nosso País, da miopia coletiva com desprezo
dos poderes executivo e legislativo.
O governo está desacreditado. Não tem um Norte,
nem régua e nem compasso. E fica na cara de pau – um verniz facial cai bem –
fazendo as mais torpes acusações, achando de todos somos idiotas, ao querer
que, aceitemos de forma passiva, a insistência de que setores da oposição ao
governo apresentam propostas para a cassação do atual mandato de Dilma e
entregá-lo ao presidente da Câmara que está em um momento de enorme desgaste
diante de acusações. Pensamentos fantasmagóricos permeiam essas cabecinhas sem
argumentos, achando, também, que não partem apenas das delações premiadas, mas
também de organismos internacionais. É a coroação da cara de pau e do péssimo
caráter desses oportunistas.
Cada dia que passa o governo se enrola cada vez
mais, está paulatinamente ficando sem representatividade, vive numa corda bamba
e representa uma inversão nessa trajetória. As teses arcaicas de sua equipe
econômica – que, segundo leitura feita por especialistas, remetem às de
ex-presidentes da época dos anos de chumbo – levaram a um descontrole das
contas públicas. Sofremos rebaixamentos significativos, perdemos o grau de
investimento duramente conquistado, o que equivale a uma condenação no clube da
economia globalizada. Pergunta-se: Que investidores querem apostar no país?
Entre as deduções disso estão inflação, desemprego e miséria. Observem e
constatem que o retrocesso econômico começa a comprometer os avanços sociais.
A única saída para se tentar ver a luz no fim do
túnel é o País voltar a crescer, retomar a trajetória de modernização econômica
e melhorar a situação social da população, principalmente os mais fragilizados
e desvalidos. Exatamente por trabalhar contra essa agenda que Eduardo Cunha,
representa o atraso. Enquanto teve poder no comando do Congresso – poder que
aos poucos vai se esvaindo em meio a tantas denúncias de corrupção –, Cunha não
se preocupou em laborar pelas reformas necessárias ao país. Em vez disso,
começou a ameaçar o governo com a “pauta-bomba”, leis que aumentavam as
despesas públicas, em vez de reduzi-las.
O ex-presidente Lula está plenamente convencido
de que o canal aberto
entre o governo e Eduardo Cunha ainda é insuficiente para barrar o movimento
pelo impeachment de Dilma. A aliados, ele argumentou que a presidente precisa
tomar para si a estratégia de aproximação com Cunha, sem delegá-la a terceiros.
Para Lula, o gesto deverá desagradar a petistas – inclusive o ministro Jaques
Wagner, elogiado em seu esforço de aproximação –, mas poderia ajudar a
reconstruir pontes entre a presidente e Cunha.
O endereço do caos, da Revelação teológica, é a
Corte, onde megaescândalos e malfeitos têm suas nascentes e se espraiam em
muitos deltas, um deles está na Câmara, representado pelo seu presidente. Com
tanta gastança no exterior e declarações contraditórias Cunha não se sustenta,
cai em desgraça. Isso graças às autoridades estrangeiras, senão escaparia
incólume em seus ritos e atos criminosos. Documentos comprovam sua
desonestidade. Há quem tente lembrar o “Estadão” de 60 anos atrás – para manchete
recente (“Lula e o mar de lama”) – então nutrido pela retórica de Carlos
Lacerda, soçobrava o Palácio do Catete habitado por Getúlio Vargas.
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SERGIO BARRA é médico e professor
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