terça-feira, 23 de outubro de 2012
Precisamos de um prefeito honesto
Precisamos de um prefeito honesto. Seja preto, seja branco. Alto, médio ou anão. A academia pouco importa. Serve doutor ou iletrado. Experiente ou aprendiz, desde que seja honesto. Não olharemos partido. No Brasil, isso não conta. Desconheço ideologia. Vale mesmo é a honestidade. Católico, protestante ou pensador livre. Não é eleição para bispo ou pai de santo. Sem essa de religião votar. Governante para todos. Honesto com as nossas crenças, independente de credo, sendo livre pra não ter. Precisamos de um prefeito honesto, que administre bem nosso orçamento. Que jogue dinheiro nas ruas esburacadas e transforme real em asfalto. Calçadas. Praças. Escolas. Honesto. Incapaz de superfaturar obras. Sem pena de jogar dinheiro no esgoto. No aterro e nos canais. Honesto. Avesso à maquiagem para turista ver. Alguém que pense a cidade primeiro para a gente. Nós vivemos aqui. Precisamos de um prefeito honesto com o seu povo, que more em nossa cidade e divida nossas glórias e dramas. Que se compadeça dos que morrem sem pronto-socorro. Honesto com a nossa saúde, incapaz de torrar essa verba sagrada. De alguém que não durma se não fizer o certo. E madrugue para fazer o bem. Um prefeito honesto com seus colaboradores, ativista de um salário justo para professores, médicos e garis. Que faça concurso público de verdade. Nomeie e promova. Honesto com a nossa justiça, pagando o que a lei mandar. Precisamos de um prefeito honesto com as nossas palafitas. Prefeito de centro e periferia. Que passe um dia na baixada e durma lá se for possível. Alguém que pise as nossas pontes e cruze quarto ano. Assim será diplomado. Honesto com pedestres e motoristas. Que dirija, pedale e ande, sem batedores e placa branca. Sem trânsito oficial. Que se imagine cego, sem pernas, idoso ou muito doente. Honesto com as calçadas quebradas e outras que ainda são mato. Honesto para transformar a cidade em lugar de gente. Passarelas. Faixas. Sinais. Honesto, que não sossegue enquanto seu povo morrer nas ruas, tingindo de rubro o asfalto. Precisamos de um prefeito honesto com a limpeza, para não ser a sujeira pública. Que recolha o lixo regularmente e o trate com sabedoria. Recicle. Eduque. Premie. mares de lama. E isso em todo o mandato. Do primeiro ao fim. Comece pelas escolas. Inclua hospitais e feiras. Passe em todas as ruas e as deixe limpas. Prefeito honesto consigo mesmo, que admita errar e não tenha medo de dizer isso. Honesto com suas propostas. O mesmo homem do começo ao fim. Capaz de prestar contas sem muita complicação. Honesto para ser entendido, pelo conselheiro e pelo peão. Obras. Cidadania contábil. Precisamos de um prefeito honesto com seus eleitores. Disposto a sacrificar domingos para governar bem. Sem anular ou passar em branco seu mandato. Honesto por um, dois, três e quatro. Até 2016. O povo saberá medir. A gente tem olhos, ouvidos e olfato. Veremos a honestidade em obras. Ouviremos menos buzina e balbúrdia. Poderemos dormir sem a terra tremer. As ruas não exalarão mal. Boa comida encherá nossa mesa. Poderemos andar na cidade sem precisar tatear. A morte se mudará das ruas, abandonará hospitais e escolas. Parece muito, mas não é. Precisamos de um prefeito honesto com importantes obras iniciadas, sem medo de inaugurar e tirar o chapéu. De Norte a Sul, é disto que precisamos.
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RUI RAIOL é escritor
www.ruiraiol.com.br
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Um comentário:
O título descobriu a pólvora!
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