Ditaduras são horríveis.
Horrorosas.
Repugnantes.
Mas as preferências ideológicas, vocês sabem, são seletivas.
E selecionaram como boas - ou menos pecaminosas, ou menos inofensivas, ou mais edificantes - as ditaduras de esquerda.
Ou de direita.
Ninguém se iluda com essas preferências, com essa seletividade odiosa. Sob pena de escolhermos a letalidade de alguns crimes - como os que massacram as liberdades - de acordo com quem os pratica e com a simpatia ou antipatia que criminosos despertam, e não conforme os valores imanentes a condutas reprováveis, inclusive as condutas políticas.
"Não há nada que se pareça mais com uma ditadura de direita do que uma ditadura de esquerda, não há nada mais parecido com o fascismo do que o comunismo, nada mais parecido com o hitlerismo do que o stalinismo. Para o cidadão comum, as ditaduras são todas iguais. Para aquele que aguarda o interrogatório em uma célula da segurança do Estado, dá na mesma se seu torturador é de esquerda ou de direita, se é religioso ou ateu, se acredita no comunismo ou na segurança nacional, se leva no cinto uma Kalashnikov ou uma Luger, se foi formado na antiga Bucareste ou em uma sala de aula da antiga Escola das Américas do Panamá", diz um dos trechos de Nossos Anos Verde-Oliva, de Roberto Ampuero.
O autor não fala com base com base em teorias, em cartilhas, em manuais.
Num excelente romance autobiográfico, ele relata experiências que enfrentou em duas ditaduras. Uma de direita, a de Pinochet. A outra de esquerda, a de Fidel Castro, em Cuba.
Nascido em Valparaiso, no Chile, em 1953, Ampuero, ainda jovem, encheu-se de esperanças e encantos com o governo socialista da Salvador Allende.
Até que veio o golpe de Pinochet, que instaurou uma ditadura das mais sangrentas, mais cruéis da América Latina.
Ampuero deu no pé. Exilou-se na Alemanha Oriental.
Depois, radicou-se em Cuba.
Pois foi em Cuba que suas esperanças e encantos se esvaneceram.
Esvaneceram-se após ele conhecer um ambiente em que as liberdades foram pisoteadas, as individualidades extirpadas, as delações alçadas à condição de passaporte para privilégios odiosos, o racionamento de alimentos e de bens funcionando como o espelho de uma economia paralisada.
Tudo em nome da Revolução.
Tudo em nome do comandante-em-chefe.
Enquanto isso, conta Ampuero, uma casta, a nomenklatura cubana refestelava-se com farturas, com benesses, vivendo em mansões, comendo do bom e do melhor, manipulando seus próprios poderes não em favor dos mais carentes, do povo - em nome de quem a Revolução foi feita -, mas em benefício pessoal.
Nossos Anos Verde-Oliva é para ser lido sem prevenções, sem preconceitos.
É para ser lido com os olhos e com o espírito de quem só precisa cultivar o humanismo como um valor que está acima de tudo.
Inclusive da ideologias e das ditaduras odiosas.
De esquerda.
Ou de direita.
2 comentários:
Perfeito e pertinente, seu Espaço.
O ranço esquerdóide ou direitopata, tanto faz, cega.
As Ditaduras devem ser combatidas.E as ameaças ao Estado livre e Democratico devem ser combatidos com rigor e sem nenhuma piedade.Nao sou a favor de Ditadura seja direita ou esquerda .porém considero o Comunismo uma ideologia nociva e perigosa que se não for combatida depressa a liberdade da nossa nação morrerà.Os Comunistas do PT querem jogar os grupos da sociedade uns contra os outros promovendo a Luta de classes ,vilanizando nossas tradiçoes e costumes.impondo um modo de vida imoral e sem liberdade.O comunismo DEVE ser censsurado assim como o Nazismo
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