segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Barbosa, um grande e corajoso juiz. Mas exasperado.


Olhem só.
A postagem do blog, condenado o ministro Joaquim Barbosa por suas exasperações deploráveis, está pegando fogo aí pelas caixinhas.
A jornalista - e mestra - Ana Diniz, titular do blog Na Rede, não conseguiu mandar sua opinião na caixinha. Mas o fez por e-mail, que está abaixo. Logo após, o contraponto do Espaço Aberto:

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Quando Lula nomeou Joaquim, o fez porque seria um escândalo não nomeá-lo, tal a distância acima do currículo dele para os dos demais membros da lista. Depois espalharam que Lula só queria um preto para o Supremo...
Joaquim tem um temperamento explosivo, dizem. Mas porque somente agora estão tomando conhecimento das discussões no Supremo. Elas são azedas, Paulo, frequentemente muito azedas.
De Joaquim para Lewandowski há um abismo de competência, em que este último está muito embaixo.
Depois que Joaquim teve coragem de condenar os quadrilheiros do mensalão, limitado aos autos – porque se nos perguntarmos quem foram os beneficiários do mensalão vamos concluir outras coisas – começaram a desqualificá-lo. Na falta de sombras numa vida limpa, viram nas suas explosões “falta de compostura”, “falta de serenidade”, tentando desqualificar o seu julgamento. Em seguida a esses comentários vem sempre “julgar sem provas nos autos”.
Eu não acredito que a totalidade do Supremo tenha condenado sem provas. Eu acredito no que Ayres Britto disse, que é doloroso condenar – então o juiz cascavilha o que pode a dúvida em favor do réu.
Paulo Rocha foi absolvido assim. Na dúvida em favor do réu.
Ah, Paulo, eu fico envergonhada de ver a nossa amiga Vera Paoloni declarar publicamente que vota orgulhosamente em mensaleiros.
Por que ela não votaria também nos sudanzeiros de Altamira?
Eu fico com pena de ver o José Genoíno atolado nesse lodaçal. “Tudo pela causa” ele parece dizer ao afirmar que não está arrependido de nada. Mas o que o sacrifício da própria honra conseguiu foi a riqueza pessoal de Lulinha, a direitização do PT, o controle dos banqueiros sobre o país, um partido que se aproxima cada vez mais do PMDB no seu pragmatismo eleitoral que aposentou de vez todos os princípios e teses. Eu fico com pena - mas ele escolheu o seu caminho.
E eu não concordo que, agora, o ministro Joaquim Barbosa seja criticado por ter criticado um colega de toga. Que se exija dele a postura de estátua da Justiça.
Ele é pavio curto, inconveniente às vezes, mas capaz de pedir desculpas. E, sobretudo, é um grande e corajoso juiz.
Obrigada,
Ana Diniz

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Do Espaço Aberto:

Ana, a postagem feita aqui não sopesou competências.
Não comparou-as.
Na postagem, escreveu-se assim, em português de Portugal: "Barbosa, vocês sabem, tem méritos e excelências jurídicos, intelectuais e morais de sobra."
Muito embora não tenham sido feitas comparações, concordo, sim, que Barbosa tem mais, como diríamos, sustança intelectual e jurídica do que Lewandowski.
Até mesmo em relação às provas, o blog escreveu, em apoio ao Barbosa: "Exerceu com esmero suas funções. Fundamentou seus votos - tanto para condenar como para absolver."
Pronto. Para o Espaço Aberto, Joaquim Barbosa é um magistrado de excelentes qualidades intelectuais, jurídicas e morais, fundamentou com precisão seus julgados e, se você quiser, Ana, Sua Excelência realmente é um corajoso juiz.
Mas é destemperado, Ana.
Extremamente, reconhecidamente, notoriamente destemperado.
Nas suas destemperanças, chega a ser inconsequente.
Nas suas inconsequências, desborda para a quase irresponsabilidade, perde o controle sobre a própria boca, a própria língua, a ponto de lançar uma suspeita criminosa sobre um colega, em plena sessão do augusto Supremo.
Porque você há de convir, Ana, que Joaquim Barbosa dirigiu uma calúnia - configurada - a Lewandowski, não é? Insinuou claramente que o colega estava advogando para os réus.
Isso é crime.
Se Lewandowski fizesse o mesmo contra Barbosa, provavelmente seria formalmente interpelado, se a turma providencial do deixa-disso não interviesse depois, como já interveio quando o mesmo Barbosa quebrou o pau lá mesmo, no plenário do Supremo.
Olhe, Ana, aqui não se pretende nem interditar o ministro Joaquim Barbosa nas suas exasperações.
É evidente que, na defesa de suas teses, de seus princípios, dos valores jurídicos que ele acolhe como relevantes e imutáveis, o ministro pode, sim, exasperar-se.
Isso é natural. Porque juízes, por mais incrível que pareça, são gente de carne e osso.
Juízes, quando acordam pela manhã, e dão uma topada - das bem fortes - com o dedinho de um dos pés na perna da mesa, provavelmente chamam aqueles palavrões que, parece, foram feitos justamente para essas ocasiões. E tanto é assim que proclamá-los, alto e bom som, parece até aliviar as dores.
Pois é.
O ministro pode exasperar-se.
Mas há exasperações e exasperações, não é?
Aliás, o blog nem fez referências a outras - trocentas e tantas - exasperações de Barbosa durante este julgamento do mensalão, porque quase todas se circunscreveram no âmbito de aspectos técnicos.
Mas desta vez, não.
Ele foi além, ao imputar mácula à honra de um colega.
Di-lo-ão (com as devidas licenças janistas) muitos: "Ah, mas ele pediu desculpas".
Ótimo.
Plec, plec, plec.
Aplausos para Joaquim Barbosa.
Mas ele, como grande e corajoso juiz, como juiz de excelências qualidades intelectuais e éticas, não seria melhor cultivar um pouquinho mais de moderação, até mesmo para evitar que se veja, por justiça, obrigado a desculpar-se porque foi além de suas exasperações.
Aliás, Ana, o grande teste para Joaquim Barbosa será agora, quando ele assumir a presidência do Supremo.
Vamos ver como vai se comportar nos embates que não serão jurídicos, mas institucionais.
Mas o ministro, com certeza, vai amoldar suas exasperações dentro de limites.
E quando passar dos limites, pedirá desculpas.
Tomara que as peça.

9 comentários:

Anônimo disse...

Comentário equivocado.
O próprio Joaquim Barbosa disse que quem o colocou lá foi Frei Beto. Não foi e nunca será questão de currículo. Se fosse, deveriam abrir concurso para o cargo. Só falta dizer que o Toffoli é comPeTente!

Anônimo disse...

Ana Diniz tem toda razão. É preferível o destempero corajoso (e, afinal de contas, justo e correto) do Joaquim , ao cinismo hipócrita e amenteigado do seu colega Ricardo.

Luiz Mário de Melo e Silva disse...

Nunca nutri ilusões que o lulismo e o petismo consertassem o país, tanto pelo seu tamanho territorial quanto pela envergadura da corrupção (desenvolvida há mais de 500 anos como dizia lula, e multiplicada pelos mesmos números de anos com sua subida e a do PT ao poder), mas tinha esperanças que, ao menos,as vísceras apodrecidas da República da Corrupção fossem expostas. Era o mínimo que os trabalhadores podiam fazer. Porém, parte da podridão aflorou não porque o governo quis, mas,sim, porque ainda há juízes que não servem à causa da corrupção.Se o Ministro Joaquim Barbosa foi,é ou será destemperado o foi para tentar enquadrar a corrupção, a (des) honestidade da podridão e nunca por demência, como agora parece ser o mote deixado como legado pelo ex-presidente...

Anônimo disse...

alguém consegue lembrar um voto importante do "competente" Joaquim Barbosa antes do mensalão ?

Anônimo disse...

Fico muito triste em perceber o quanto uma jornalista não compreendeu, até hoje, que o bom não é condenar; que o bom é seguir a lei. E o Min. Lewandovisky seguiu a lei. Além do mais, do alto de que autoridade a jornalista afirma que o Min. Lewandovisky tem menor preparo jurídico e intelectual? Min. Lewandovisky e Joaquim Barbosa erraram e acertaram em muitos pontos. E o min. Lewandosvisky é muito competente sim. Aliás, o acho bem mais técnico do que o Min. Joaquim Barbosa. Mas nem por isso acho que o Min. Joaquim Barbosa seja incompetente. Olhando pela lente do direito, da boa técnica jurídica, do processo penal democrático, em muitos pontos o Min. Joaquim Barbosa seguiu o CPP e não a Constituição. Mas nem por isso o trato como incompetente. Uma lástima que, para justificar suas posições ideológicas ou sua mera vontade de condenação (que todos tínhamos nesse caso), alguém se sinta confortável em esquecer que existem questões técnico-jurídicas a ser observadas e, principalmente, que não é uma questão matemática. Enfim... Uma lástima que a ciência jurídica esteja sendo julgada de forma leiga, com atecnia por pessoas que deveriam, pelo menos por dever profissional!, tentar compreender os postulados constitucionais. E fica maus parabéns ao jornalista-blogueiro do Espaço Aberto que em todo esse tempo tem se mostrado muito ponderado e sensato, mostrando responsabilidade e bom trato tanto com a política que envolve o mensalão quanto com as questões técnico-jurídicas que envolvem a questão.

Anônimo disse...


Pode-se até não concordar com a crítica. Mas não concordar que seja criticado é muito arbítrio. Credo.

Anônimo disse...

Tô com Ana Diniz.
E com Joaquim Barbosa.

Para "equilibrar" basta-me (ufa...e como!!) o contraponto lewandowisk-toffoliano-cumpanheru-edulcorante! (eles pensam "tãão" parecido...só coincidência?).

Minha capacidade de indignação continua firme!!

Anônimo disse...

Eu quero estar vivo para ver e ouvir,e ai depende da vontade divina,todo este destemor, coragem e arcabouço juridico tão propalado, quando estiver em pauta o julgameneto do mensalão do psdb, onde inclusive está a genese de tal procedimento. E será que a rede globo disponibilizará todo o seu aparato jornalistico para fazer a cobertura de tal julgameto se vier a acontecer, com o ministro joaquim como astro principal, consciencia critica da humanidade e justiceiro da modernidade liquida ou tardia, pois como diz ana diniz, o homem tem que ser durão.

Anônimo disse...

Por que quando se fala em mensalão do PT algum desacreditado tem que falar em mensalão doPSDB???
Acaso o mensalão doPSDB foi no gabinete do lado da sala da Presidência da Re´publica???