Jornalistas, mais uma vez, foram muquiados por bolsonaristas (fanáticos e mais ou menos fanáticos) durante a visita do presidente da República a Belém, na última sexta-feira (23).
Agressões verbais e até mesmo agressões físicas foram registradas.
A melhor forma que bolsonaristas (fanáticos ou mais ou menos) encontraram para homenagear o chefe é agredindo jornalistas.
A melhor forma que bolsonaristas (fanáticos ou mais ou menos) encontraram para expor seus vieses fascistas é atacando a Imprensa, um dos pilares em qualquer regime essencialmente e genuinamente democrático.
Mas, sinceramente, o que é a democracia para Bolsonaro e os fanáticos que o seguem?
É nada. É apenas um miragem. Uma tese. Ou então é apenas um covil, onde se abrigariam comunistas com foice e martelo nas mãos, prontos para comer criancinhas. Vivas, de preferência.
Nesse covil, os fanáticos identificam jornalistas como profissionais que se aplicariam para difundir, com esmero e arte, notícias que não passariam de elementos a mais, numa ampla conspiração para derrubar fascistas do poder. Inclusive Bolsonaro.
O mais aterrorizante de tudo, neste ambiente em que o jornalismo e os jornalistas estão sendo acossados, perseguidos e intimidados por Bolsonaro e seguidores fanáticos, é que um amplo segmento do jornalismo e muitos - mas muitos mesmo - jornalistas estão se colocando indecorosamente e fervorosamente a serviço desse governo predatório, o mais predatório em cinco séculos de história do Brasil.
A mim pessoalmente, como jornalista, isso é o mais apavorante, o mais aterrador. Porque representa o desvirtuamento do jornalismo como atividade que deveria, em tese, ser essencialmente independente - de governos, de ideologias, de partidarismos, de tudo, enfim, para colocar-se apenas a favor da sociedade, que o teria como uma lupa para amplificar as ações perniciosas de governantes.
Neste País dividido, polarizado, fanatizado e extremado ideologicamente, o jornalismo está se mostrando cada vez mais parcial. E a parcialidade põe-se a serviço, é claro, de vários lados - e não a favor de um ou dois lados.
Pior para nós, jornalistas.
Pior para o jornalismo
Abaixo, a nota do Sinjor-PA sobre as agressões ocorridas em Belém.
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O Sindicato de Jornalistas no Estado do Pará (Sinjor-PA) e a Comissão de Liberdade de Imprensa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PA) vem publicamente repudiar as agressões, ameaças e hostilizações generalizadas aos jornalistas feitas por militantes e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na última sexta-feira (23), em Belém.
24 de abril de 2021
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