Moradores do município de São Félix do Xingu, no
sul do Pará, continuam literalmente sentindo na pele, como também sentindo em
narinas e pulmões a dentro, os efeitos das queimadas criminosas que tomam conta
de toda a região.
As fotos que vocês veem acima foram feitas, na
tarde desta terça-feira (03), por leitora do Espaço Aberto que depois as mandou para o blog. Não precisou nem
sair de casa. Do apartamento onde mora, no centro da zona de urbana, ela
apontou a câmera do celular para a área em torno e detectou isso aí: uma intensa fumaceira que castiga a cidade nesta
época do ano e deixa muita gente com dificuldade para respirar.
“A cidade tem uma ‘neblina’ constante no
horizonte por causa das queimadas. Da minha casa frequentemente vejo focos de
incêndio. A casa fica só fuligem. Mas
nem sempre”, diz a leitora, que prefere não se identificar.
No final de agosto, pesquisadores do Instituto
de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e da Universidade Federal do Acre
emitiram nota técnica que inclui São Félix do Xingu entre os dez municípios
da Região Norte do país com mais alertas de desmatamento são também os que mais
registraram focos de incêndio neste ano. Os outros são Apuí (AM), Altamira
(PA), Porto Velho (RO), Caracaraí (RR), Novo Progresso (PA), Lábrea (AM),
Colniza (MT), Novo Aripuanã (AM) e Itaituba (PA).
Na última quinta-feira, 30 de agosto, a Polícia
Civil do Pará apreendeu na Área de Proteção Ambiental Trunfo do Xingu,
conhecida como fazenda Ouro Verde, em São Félix do Xingu, dezenas de galões com
gasolina que eram usados na queimada da mata existente na propriedade rural.
A apreensão ocorreu
durante operação policial para cumprimento de mandado judicial de busca e
apreensão no interior da área. O delegado da Polícia Civil, Alberone
Lobato, que coordena a ação policial, informou que já foram ouvidos
funcionários da fazenda, os quais confirmaram que o objetivo do uso do
combustível era provocar o incêndio criminoso na floresta.
Prisão
O cumprimento do mandado de busca e apreensão
ocorreu, por volta de 19h, após sete horas de viagem por 190 quilômetros de
"estrada de chão", desde a sede do município, até chegar à área onde
está sediada a fazenda. As investigações apontam que Geraldo Daniel de Oliveira é o suspeito de
ter contratado mais de 50 homens para derrubar 20 mil hectares na área de
Proteção Ambiental Trunfo do Xingu. Ele está com mandado de prisão decretado
pela Justiça e permanece foragido. O irmão dele, João Brasil, foi preso em
Goiás.
Ao todo,
segundo a polícia, o grupo já derrubou e tocou fogo em mais de 5 mil hectares
de área desmatada na fazenda.
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