terça-feira, 3 de setembro de 2019

“Fumaceira” toma conta da zona urbana de São Félix do Xingu



Moradores do município de São Félix do Xingu, no sul do Pará, continuam literalmente sentindo na pele, como também sentindo em narinas e pulmões a dentro, os efeitos das queimadas criminosas que tomam conta de toda a região.
As fotos que vocês veem acima foram feitas, na tarde desta terça-feira (03), por leitora do Espaço Aberto que depois as mandou para o blog. Não precisou nem sair de casa. Do apartamento onde mora, no centro da zona de urbana, ela apontou a câmera do celular para a área em torno e detectou isso aí: uma intensa fumaceira que castiga a cidade nesta época do ano e deixa muita gente com dificuldade para respirar.
“A cidade tem uma ‘neblina’ constante no horizonte por causa das queimadas. Da minha casa frequentemente vejo focos de incêndio. A casa fica só  fuligem. Mas nem sempre”, diz a leitora, que prefere não se identificar.
No final de agosto, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e da Universidade Federal do Acre emitiram nota técnica que inclui São Félix do Xingu entre os dez municípios da Região Norte do país com mais alertas de desmatamento são também os que mais registraram focos de incêndio neste ano. Os outros são Apuí (AM), Altamira (PA), Porto Velho (RO), Caracaraí (RR), Novo Progresso (PA), Lábrea (AM), Colniza (MT), Novo Aripuanã (AM) e Itaituba (PA).
Na última quinta-feira, 30 de agosto, a Polícia Civil do Pará apreendeu na Área de Proteção Ambiental Trunfo do Xingu, conhecida como fazenda Ouro Verde, em São Félix do Xingu, dezenas de galões com gasolina que eram usados na queimada da mata existente na propriedade rural.
A apreensão ocorreu durante operação policial para cumprimento de mandado judicial de busca e apreensão no interior da área. O delegado da Polícia Civil, Alberone Lobato, que coordena a ação policial, informou que já foram ouvidos funcionários da fazenda, os quais confirmaram que o objetivo do uso do combustível era provocar o incêndio criminoso na floresta.

Prisão
O cumprimento do mandado de busca e apreensão ocorreu, por volta de 19h, após sete horas de viagem por 190 quilômetros de "estrada de chão", desde a sede do município, até chegar à área onde está sediada a fazenda. As investigações apontam que Geraldo Daniel de Oliveira é o suspeito de ter contratado mais de 50 homens para derrubar 20 mil hectares na área de Proteção Ambiental Trunfo do Xingu. Ele está com mandado de prisão decretado pela Justiça e permanece foragido. O irmão dele, João Brasil, foi preso em Goiás.
 Ao todo, segundo a polícia, o grupo já derrubou e tocou fogo em mais de 5 mil hectares de área desmatada na fazenda.

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