quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Chilenos, tenham orgulho de ser chilenos. Orgulhem-se por ter um presidente que não debocha das vítimas de crueldades.

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Chilenos.
Tenham orgulho de ser chilenos.
Orgulhem-se por não esquecer, jamais, que ditaduras – de esquerda ou de direita – são repugantes e repulsivas, porque assassinas, eis que ceifam, inclusive, a vida humana e as liberdades.
Chilenos.
Tenham orgulho do presidente que vocês têm, abstraídos seus posicionamentos ideológicos.
No espectro político, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, está à direita de Michelle Bachelet, ex-presidente chilena e atualmente alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos, no especto político.
Ele integra o Partido da Renovação Nacional, de centro-direita.
Ela é do Partido Socialista.
Nesta quarta-feira (04), Piñera fez um pronunciamento nacional depois que Bachelet foi atacada de forma solerte, debochada, cruel, covarde, insana e celerada pelo presidente Jair Bolsonaro, com quem, aliás, Piñera tem afinidades ideológicas.
A uma crítica – vejam bem, uma crítica, e não uma ofensa – de Bachelet ao aumento do número de mortes causadas por policiais no Brasil e ao aumento da violência contra defensores dos direitos humanos, Bolsonaro expeliu seus dejetos verbais dizendo o seguinte:

“Ela agora vai na agenda de direitos humanos. Está acusando que eu não estou punindo policiais que estão matando muita gente no Brasil. Essa é a acusação dela. Ela está defendendo direitos humanos de vagabundos.”

Disse mais:

“E ela [Bachelet] diz mais ainda. Ela critica dizendo que o Brasil está perdendo o seu espaço democrático. Senhora Michelle Bachelet, se não fosse o pessoal do Pinochet derrotar a esquerda em 73, entre eles o seu pai, hoje o Chile seria uma Cuba. Acho que não preciso falar mais nada para ela.”

O pai de Bachelet, para quem não sabe, é Alberto Bachelet.
Ele foi um general da Força Aérea do Chile, opositor do golpe militar liderado por Augusto Pinochet em setembro de 1973. Segundo um relatório do Serviço Médico Legal do país, ele morreu vítima dos maus-tratos sofridos após ser preso e acusado pela ditadura de traição à pátria. Michelle Bachelet foi presa um ano depois, em 1975, e também sofreu tortura na detenção.
Pois Piñera, adversário político, repita-se, de Bachelet, e afinado ideologicamente com Bolsonaro, foi a público para dizer o seguinte:

"Não compartilho em absoluto à menção feita pelo presidente Bolsonaro por respeito a uma ex-presidente do Chile e, especialmente, em um tema tão doloroso como a morte de seu pai."

Chilenos.
Tenham orgulho de ser chilenos.
Tenham orgulho do presidente que vocês têm.
Tenham orgulho de seu presidente, que se pauta pelo decoro e pelo respeito que se deve ao cargo de presidente da República em qualquer país democrático.

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