Não poderia começar melhor o XVIII Festival de Ópera do Theatro da Paz.
Na noite de
sexta-feira (06), a casa lotou na primeira apresentação de Il
Matrimonio Segreto (O Matrimônio Secreto), obra-prima de
Domenico Cimarosa, que tem direção musical e regência do maestro Miguel Campos Neto e direção
cênica de Walter Neiva.
Ao que se diz, quando a ópera foi apresentada
pela primeira vez, em Viena, em 7 de fevereiro de 1792, apenas dois meses depois
do falecimento de Mozart na mesma cidade, o Rei Leopoldo II, que estiveram
presente à estreia, levou todo o elenco para o palácio logo depois da
apresentação. E a ópera, a pedido dele, foi encenada na íntegra pela segunda
vez, o que é tido como o bis mais longo da história.
Il
Matrimonio Segreto justifica plenamente um bis dessa
extensão. Porque é uma comédia operística genuína. Em dois atos, a obra se
passa em Bolonha durante o século XVIII e conta a história do comerciante
Geronimo, que propõe um dote ao Conde Robinson para que este se case com sua
filha mais velha, Elisetta, para que ela se torne parte da nobreza. Como
Robinson se apaixona por Carolina, a filha mais nova de Geronimo, que por sua
vez está apaixonada por Paolino, empregado do pai. Carolina e Paolino se casam
secretamente, o que causa uma grande confusão.
Uma confusão que permitiu a introdução, por duas
vezes, de égua! – isso mesmo, o nosso
paraensíssimo égua! – na fala dos
personagens. Como também o Conde Robinson, em certa fala, prefere o rasga! – em vez da expressão faça rapidamente, em italiano – quando ordena
a Paolino que trate de correr dali para dar um jeito de convencer Elisetta a não
se casar com ele, o conde. E mais: lá pelas tantas, durante um silêncio
opressivo decorrente das tensões que dominam os personagens um pouco antes de
Paolino e Carolina revelarem que casaram secretamente, todos passam a mão em
celulares e começam a manuseá-los nervosamente, inclusive fazendo selfies.
O elenco, por essas e outras, mostra-se afinadíssimo,
mas, pelo menos na opinião deste repórter, quem está mesmo magnífica, no papel
de Fidalma, é a mezzo-soprano Edneia de Oliveira.
Na apresentação da opera de estreia deste
festival, a secretária de Cultura, Ursula Vidal, destacou que de 90% a 95% de
todos os envolvidos na organização e na execução de Il Matrimonio Segreto são
paraenses. Um motivo a mais para a apoteose que se vê nas imagens, ao final da
apresentação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário