domingo, 8 de setembro de 2019

Ópera do Século XVIII, entre “égua” e celulares, abre em grande estilo festival no Theatro da Paz



Não poderia começar melhor o XVIII Festival de Ópera do Theatro da Paz.
Na noite de sexta-feira (06), a casa lotou na primeira apresentação de Il Matrimonio Segreto (O Matrimônio Secreto), obra-prima de Domenico Cimarosa, que tem direção musical e regência do maestro Miguel Campos Neto e direção cênica de Walter Neiva.
Ao que se diz, quando a ópera foi apresentada pela primeira vez, em Viena, em 7 de fevereiro de 1792, apenas dois meses depois do falecimento de Mozart na mesma cidade, o Rei Leopoldo II, que estiveram presente à estreia, levou todo o elenco para o palácio logo depois da apresentação. E a ópera, a pedido dele, foi encenada na íntegra pela segunda vez, o que é tido como o bis mais longo da história.
Il Matrimonio Segreto justifica plenamente um bis dessa extensão. Porque é uma comédia operística genuína. Em dois atos, a obra se passa em Bolonha durante o século XVIII e conta a história do comerciante Geronimo, que propõe um dote ao Conde Robinson para que este se case com sua filha mais velha, Elisetta, para que ela se torne parte da nobreza. Como Robinson se apaixona por Carolina, a filha mais nova de Geronimo, que por sua vez está apaixonada por Paolino, empregado do pai. Carolina e Paolino se casam secretamente, o que causa uma grande confusão.
Uma confusão que permitiu a introdução, por duas vezes, de égua! – isso mesmo, o nosso paraensíssimo égua! – na fala dos personagens. Como também o Conde Robinson, em certa fala, prefere o rasga! – em vez da expressão faça rapidamente, em italiano – quando ordena a Paolino que trate de correr dali para dar um jeito de convencer Elisetta a não se casar com ele, o conde. E mais: lá pelas tantas, durante um silêncio opressivo decorrente das tensões que dominam os personagens um pouco antes de Paolino e Carolina revelarem que casaram secretamente, todos passam a mão em celulares e começam a manuseá-los nervosamente, inclusive fazendo selfies.
O elenco, por essas e outras, mostra-se afinadíssimo, mas, pelo menos na opinião deste repórter, quem está mesmo magnífica, no papel de Fidalma, é a mezzo-soprano Edneia de Oliveira.
Na apresentação da opera de estreia deste festival, a secretária de Cultura, Ursula Vidal, destacou que de 90% a 95% de todos os envolvidos na organização e na execução de Il Matrimonio Segreto são paraenses. Um motivo a mais para a apoteose que se vê nas imagens, ao final da apresentação.

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