ISMAEL MORAES
Advogado
socioambiental na Amazônia de comunidades tradicionais
Twitter @ismaeladvogado
Será que o presidente francês Emmanuel Macron
está sendo sincero em suas preocupações ecológicas? Então, vamos a fatos e
esperemos a reação.
A multinacional francesa Imerys Rio Capim Caulim
S.A explora caulim em Ipixuna do Pará e o envia a Barcarena através de um
mineroduto de quase 250 km cuja construção implicou na devastação de milhares
de hectares de floresta amazônica.
Nesse extenso percurso, o mineroduto despeja
contaminantes não tratados em diversas microbacias hidrográficas que banham
centenas de comunidades ribeirinhas e quilombolas de pelo menos 4 municípios.
Além de afetar pequenos cursos d´água, os despejos de rejeitos de mineração
para limpeza do mineroduto tornam imprestável a água em vários pontos da
macrobacia hidrográfica do importantíssimo rio Capim, que ela adotou como nome.
Entretanto, é ao chegar a Barcarena que a noble
dame française Imerys mostra o seu talento destruidor e poluidor : os seus
depejos diretos exterminaram toda a fauna aquática e toda a cadeia de
fitoplânctons e transformou o rio Curuperé, desde as suas nascentes, num esgoto
sem vida, hoje totalmente esterelizado pela utilização em grande escala de
ácido sufúrico no seu processo produtivo, causando fome e miséria a milhares de
famílias ribeirinhas que dele dependiam para a sobrevivência. Estudos
desenvolvidos pela pesquisadora Simone Pereira do Laboratório de Química
Analítica e Ambiental – Laquanam, da UFPA, feitos no de 2014 a pedido do MPF,
quando referido centro de pesquisas elaborou um “Estudo da Qualidade da Água de
Consumo de Moradores do Município de Barcarena” demonstram que as atividades
dessa indústria de capital francês também comprometem a água para beber de
famílias em Vila do Conde e em diversas outras localidades, como no Bairro
Industrial, nas Comunidades Canaã e Maricá e, após, chegando à comunidade da
Ilha São João quando o rio Curuperé desemboca no rio Dendê, ainda em Barcarena.
Semana passada, o Instituto Evandro Chagas publicou no International Journal of
Enviromental Reseach and Public Health trabalho onde pesquisadores seus
comprovam ter encontrado elementos da cadeia produtiva da Imerys em sangue
humano de moradores do Bairro Industrial.
A Imerys já protagonizou – inclusive com
rompimento de bacias de rejeitos industriais (a Bacia 3 rompeu em 2007) –
diversas tragédias ambientais e humanas em Barcarena. A Imerys até hoje despeja
efluentes industriais, sem tratamento para retirada de metais pesados do
processamento do caulim, diretamente no rio Pará, um dos mais importantes de
toda a Bacia Amazônica!
O presidente francês Emmanuel Macron defende que
os países do G7 intervenham na Amazônia brasileira justificando preocupação
ambiental.
Perfeito!
Então, diante desses fatos, como brasileiro,
sugiro que ele faça logo uma coisa que como presidente da França está ao seu
alcance imediato : determine a suspensão das atividades da Imerys Rio
Capim Caulim S.A, cujo capital é francês. E faça mais, obrigue essa empresa
francesa a custear a recuperação dos rios Curuperé e Dendê, assim como os
diversos pontos poluídos da bacia do rio Capim.
E
tambem fica o desafio ao presidente Jair Bolsonaro : por que o Ibama, a
ANA e a ANM não interditam e multam a Imerys em decorrência das evidentes
atividades poluidoras dessa empresa francesa?
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