Marcos Andrade, médico residente em Santarém,
publicou vídeo no Facebook em que contesta desmatamento na
Amazônia, citando período de chuvas que não permitiriam a atividade de extração
madeireira e queimadas. Mas o vídeo traz dados errados. A afirmação é do
Projeto Comprova. A verificação foi realizada por uma equipe do jornal O
Estado de São Paulo e do portal Nexo.
Ao
contrário do que afirma o médico Marcos Andrade, em vídeo publicado nas redes
sociais, no qual chama de mentiroso o diretor do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, que divulgou dados apontando
aumento de desmatamento na Amazônia, é possível sim desmatar a floresta
em períodos chuvosos. Marcos Andrade afirma que não é possível desmatar a
floresta de janeiro a julho, pois estes são meses mais chuvosos e não permitem
queimadas.
O Projeto Comprova entrou em contato por
telefone com Marcos Andrade, que preferiu não responder às perguntas enviadas
pela reportagem. Morador de Santarém (PA) e médico registrado no Pará, ele
defende o presidente Jair Bolsonaro (PSL) no vídeo enganoso.
Marcos
já gravou outros vídeos defendendo Bolsonaro e criticando a mídia. Ele também
já se posicionou de maneira contrária ao candidato à Presidência do PT nas
últimas eleições, Fernando Haddad, e antes da recente visita de Hadad a
Santarém, para uma palestra na UFOPA, Marcos Andrade conclamou a
população a hostilizar o ex-ministro da educação. O médico divulgou ainda uma
gravação no ano passado em que acusa fraude nas urnas eletrônicas. No Facebook,
ele publicou diversas postagens em apoio a Bolsonaro.
Confusão
Para checar o conteúdo do vídeo, o Comprova
entrevistou a professora Luciana Rizzo, do Departamento de Ciências
Ambientais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e Carlos Souza,
geólogo do instituto de pesquisa Imazon. Consultamos ainda dados disponíveis
publicamente do INPE, do Imazon e do MapBiomas, assim como estudos e
reportagens sobre o assunto.
A
principal confusão de Marcos Andrade, o médico que aparece no vídeo, está em
apontar o INPE como mentiroso por ter supostamente indicado alta do
desmatamento na Amazônia no período da estação chuvosa — que geralmente dura de
novembro a março. Informações do INPE (veja aqui como acessar) mostram que o
desmate da floresta não aumentou nesses meses de 2019, mas em maio, junho e
julho, que marcam o período de transição dos temporais para a estação seca.
A
área florestal perdida em meados de julho atingiu o valor mais alto em um mês
desde 2015, primeiro ano da série histórica, segundo dados preliminares do
Deter-B –um dos sistemas do órgão federal que observam a Amazônia.
A plataforma TerraBrasilis, que exibe esses registros,
mostra que de 1º a 25 de julho deste ano a perda pode ter
atingido 1.864,1 km², área pouco maior que da cidade de São Paulo. Ainda em
2019, o sistema registrou 932 km² desmatados na Amazônia em junho (90% a mais
que em junho de 2018) e 738 km² em maio (34% a mais). Já entre janeiro e abril, o desmate caiu em relação ao ano
anterior.
Com
informações de O
Estado Net e do Projeto
Comprova
Um comentário:
Só vale o que estes ambialistas de plantão falam. Quem vive e reside na amazônia e fala com cátedra sua vivência não é respeitada.
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