As fake
news, as mentiras, as despudoradas inverdades continuam grassando aí pelas
redes sociais incontrolavelmente.
E quem estimula essa prática – nociva,
deletéria, perniciosa e atentatória à transparência que se exige nos costumes
acolhidos pela democracia?
Jair Bolsonaro, ele mesmo, o presidente da
República.
Na quinta-feira passada, dia 15, quando abordava
a questão do corte dos repasses do Fundo Amazônia pela Noruega, o
presidente atacou: “A Noruega não é aquela que mata baleia lá em cima, no Polo
Norte, não?”. Logo depois, passaram a circular nas redes duas fotos de diversas
baleias mortas em uma praia como se ilustrassem a caça realizada no país
nórdico.
As imagens, como apurou o site Aos Fatos,
que se ocupa da checagem de fake news,
não são da Noruega, mas das Ilhas Faroe, território da Dinamarca, durante o
“grindadráp”, evento de caça a baleias que é tradição centenária do arquipélago
durante o verão.
Uma das fotos
utilizadas pelas publicações nas redes, de acordo com o site, foi tirada em uma
das caçadas realizadas no mês de junho de 2012, por Andrija Ilic, da Reuters.
Outra imagem, que foi registrada em outubro de 2004, é de autoria do fotógrafo Jan
Egil Kristiansen. As duas retratam o “grindadráp”.
No domingo (18),
Bolsonaro voltou a falar sobre a Noruega e compartilhou um vídeo do grindadráp
também como se retratasse a caça de baleias no país.
As imagens publicadas pelo presidente foram
gravadas pela ONG Sea Shepherde mostram uma das matanças nas Ilhas Faroe
em 2018. Naquela ocasião, 135 baleias foram mortas.
Como lembra o site Aos Fatos, apesar de não ter relação com
as imagens divulgadas, a Noruega também permite a caça comercial a
baleias, ainda que apenas da raça minke.
Além disso, o país
estabelece uma cota baseada no IWC (International Whale Comission) para
garantir o que considera uma caça sustentável. O número de baleias mortas
durante as caçadas também vem diminuindo nos últimos anos. Em 2014, 736
baleias foram mortas. Em 2015, o número baixou para 660. Em 2016 foi para 591
baleias e, por fim, em 2017, foram contabilizadas 432.
A IWC classifica a
caça comercial de baleias como uma atividade desumana, uma vez que não
proporciona uma morte sem dor, estresse ou sofrimento.
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