Jornalistas que foram cobrir a Missa dos Santos Óleos na co-Catedral do Carmo ficaram com o coração encharcado (oh, Odorico!) de ressentimentos do cura da Catedral Metropolitana, padre Gonçalo Vieira.
O sacerdote, segundo matérias publicadas nos jornais de Belém, deu ordem para barrar a entrada de jornalistas no templo, sob a alegação de que o ajuntamento deles, às proximidades do altar, atrapalharia a celebração.
Enquanto os jornalistas esperavam o resultado de uma intermediação para saber se poderiam entrar ou não, padre Gonçalo surgiu ele mesmo, em pessoa, no portão lateral da igreja, e decretou: “Vocês só vão entrar no momento da bênção dos óleos, fazer imagens rápidas e sair. Antes disso, ninguém entra e fim de papo!”.
Padre Gonçalo é uma boa alma. É um bom pregador. Mas desta vez errou. Desta vez, ele pecou. Porque padres, vocês sabem, também pecam. Foi um pecadinho venial, o de padre Gonçalo. Mas foi pecado, de qualquer forma. Talvez ele já tenha sido até perdoado.
É evidente que é preciso cuidado para que as celebrações religiosas não sejam tumultuadas. O burburinho, os flashes e a movimentação agitada de jornalistas e fotógrafos às proximidades de um celebrante, de um orador, tira-lhe a concentração e a dos circunstantes, em qualquer situação.
Mas não se deve tratar daquela forma – como a que padre Gonçalo tratou - os que estão dentro de uma igreja trabalhando. Uma conversa com os jornalistas antes da celebração, a delimitação clara do que eles poderiam ou não fazer e a ponderação sobre os motivos desta ou daquela orientação bastariam para evitar aquela determinação peremptória, com tons de ser irrecorrível e que soou com falta de educação, de lhaneza e de respeito aos profissionais da Imprensa.
Não é raro que padre Gonçalo - uma boa alma e em outras ocasiões de fácil trato e de serena postura, vale dizer - suba nas suas tamancas. Foi ele, para quem não sabe, quem enfrentou o então secretário de Cultura dos últimos governos tucanos, Paulo Chaves, no período de apresentação do projeto para a reforma da Sé.
Enfrentamento com Paulo Chaves
O padre chegou a registrar uma ocorrência policial depois que bandidos afanaram fios da instalação elétrica e da maçaneta da igreja. Alegou que, por causa da bandidagem, a própria Arquidiocese de Belém teve que contratar uma empresa de segurança particular para fazer a vigilância 24h por dia no local. “Apesar da Secult ter assinado um termo de responsabilidade quando assumiu as obras [de reforma da Sé], não foi disponibilizado nenhum tipo de segurança por parte da Secretaria”, disse então o padre.
Em outra ocasião, disse os motivos pelos quais não concordava com o projeto de restauração apresentado pela Secult na gestão Paulo Chaves: “No início, nos colocamos à disposição para colaborar, mostramos passo a passo cada parte da Catedral, cada necessidade, mas, no dia da conclusão do projeto, foi então que tive a surpresa de que tudo o que tínhamos apresentado iria ser excluído, porque no projeto só estava prevalecendo os traços artísticos e históricos. Não fui ouvido e não me deram direito à explicação. O projeto saiu como os arquitetos quiseram fazer e não há nada de errado tecnicamente nele. O errado é não contemplar a funcionalidade e a parte administrativa. É como se a igreja não tivesse comando, fosse administrada pelos anjos e tudo o que foi construído ao longo dos anos estaria errado. Se um padre precisou tirar uma escada, fez uma afronta; se fechou uma porta, fez um absurdo. É como se tudo o que foi feito pelos padres que lá passaram não tivesse valido de nada”.
Enfim, este é padre Gonçalo. E fim de papo! (com a permissão do padre).
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