sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Atorres era o craque que, mesmo nos indignando, nos fazia rir. Por isso era um craque.




Quando eu sinto que um chargista é um craque?
Quando ele tira sarro do meu time e eu, mesmo indignado, não consigo conter uma gargalhada.
Quando eu sinto que um chargista é um craque?
Quando ele me faz ler, numa imagem, a realidade como ela é. Exatamente como ela é.
Arnaldo Torres, o Atorres, era esse craque – da charge, do cartum e do designer gráfico.
Porque me indignava quando meus times eram vítimas de seu traço, mas eu, às vezes, tinha vontade de mandar fazer um pôster dessas charges.
Porque tinha uma leitura da realidade – ou das realidades – de um jeito como só os chargistas sabem ter.
Atorres, editor de Arte e chargista do jornal “Diário do Pará”, era uma das excelências do jornalismo do Pará nas últimas três décadas.
Está sendo difícil de acreditar que ele nos deixou súbita e prematuramente, na madrugada desta sexta-feira (22), aos 55 anos, vítima de um AVC.
Não nos conhecíamos pessoalmente, mas amigos comuns me relatam que Atorres, mesmo hipertenso, era cuidadoso com a própria saúde e vinha muito bem ultimamente.
“Ele tinha problema de pressão alta, por isso precisava tomar remédios fortes. Mas estava vendendo saúde, fazia academia e pedalava. Nos finais de semana, jogávamos bola juntos. Sua morte é um abalo para todos nós, seus amigos, e para o jornalismo do Pará”, me diz JBosco, de O LIBERAL, também um dos craques da charge e do cartum.
Mas não tem nada, não.
Com a obra que deixou, inclusive dois livros que lançou, Atorres continuará vivo em nossas lembranças.
Futricando as nossas consciências e nos fazendo rir.
Inclusive quando nos indignava, mostrando-nos a realidade como ela é.

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