Quando eu sinto que um chargista é um craque?
Quando ele tira
sarro do meu time e eu, mesmo indignado, não consigo conter uma gargalhada.
Quando eu sinto que um chargista é um craque?
Quando ele me faz ler, numa imagem, a realidade como ela é. Exatamente como ela é.
Arnaldo Torres, o Atorres, era esse craque – da
charge, do cartum e do designer gráfico.
Porque me indignava quando meus times eram vítimas de seu traço, mas eu, às vezes,
tinha vontade de mandar fazer um pôster dessas charges.
Porque tinha uma leitura da realidade – ou das
realidades – de um jeito como só os chargistas sabem ter.
Atorres, editor de Arte e chargista do jornal “Diário
do Pará”, era uma das excelências do jornalismo do Pará nas últimas três décadas.
Está sendo difícil de acreditar que ele nos
deixou súbita e prematuramente, na madrugada desta sexta-feira (22), aos 55
anos, vítima de um AVC.
Não nos conhecíamos pessoalmente, mas amigos
comuns me relatam que Atorres, mesmo hipertenso, era cuidadoso com a própria
saúde e vinha muito bem ultimamente.
“Ele tinha problema de pressão alta, por isso precisava
tomar remédios fortes. Mas estava vendendo saúde, fazia academia e pedalava. Nos
finais de semana, jogávamos bola juntos. Sua morte é um abalo para todos nós,
seus amigos, e para o jornalismo do Pará”, me diz JBosco, de O LIBERAL, também
um dos craques da charge e do cartum.
Mas não tem nada, não.
Com a obra que deixou, inclusive dois
livros que lançou, Atorres continuará vivo em nossas lembranças.
Futricando as nossas consciências e nos fazendo
rir.
Inclusive quando nos indignava, mostrando-nos a
realidade como ela é.
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