segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Déspotas desvirtuaram experiência
Sempre em uma determinada época, um punhado de cidadãos correu atrás da ambiciosa súmula do conhecimento e tiveram a oportunidade de participar e, ou depois, escrever suas ideias sobre os acontecimentos revolucionários. Quase todos foram perseguidos ou presos. A influência efetiva do pensamento dessas pessoas sobre a revolução é matéria de debates infindáveis. Karl Marx e Friedrich Engels publicaram, em 1848, o “Manifesto do Partido Comunista”. Este texto transformou o mundo e suas relações. A luta de classes foi declarada o motor da história e do progresso da humanidade. Pregava a destruição da ordem burguesa e todo poder aos excluídos.
Há quem ache que o Socialismo proposto pelos que redigiram o Manifesto, nunca foi posto em prática. Que a teoria socialista nunca pôde ser implementada, e que o despotismo Stalinista desmoralizou o verdadeiro Socialismo. Mas nem por isso defende o sucesso do enunciado socialista do seu ídolo, Karl Marx. Podemos até afirmar que interpretações personalistas do Marxismo, como a dos irmãos Castro, em Cuba e da Família Kim - Kim Jong-Il é morto, e desperta temor de crise política no Extremo Oriente - na Coréia do Norte, depreciaram um ensaio que poderia ser (ou não) extraordinariamente benéfica à sociedade. Muitos seguidores ficam irritados com a manipulação do Socialismo por diferentes lideranças russas: Por exemplo, Stálin foi um déspota, e quando em Praga a Esquerda checa tentou renovar o socialismo, veja o que Moscou fez: mandou seus tanques de guerra esmagarem aquelas ideias.
Li o Manifesto, e na nossa humilde opinião acho que o Socialismo que Marx concebeu foi uma utopia, e não um sistema plenamente realizável. Tenho observado que críticos do Socialismo costumam referir-se a uma rotina de violências que teria predominado sobre o processo de consolidação política dos bolcheviques na Rússia. Especialistas analisam à luz das circunstâncias, achando que em l917, era fazer a Revolução ou tolerar uma ditadura que sacrificava o povo russo há várias gerações. Lênin e Trotsky tinham perfeita consciência de que não estavam dadas as condições para deflagração da Revolução, mas como deixar de enfrentar todo o atraso material do país, e fazer o processo político avançar. Depois veio a guerra de 1939, com milhões de mortos, onde as decisões eram tomadas em meio ao fogo dos incêndios e dos bombardeios. Os muitos erros que foram cometidos na Rússia, nessa primeira metade do século 20, foram frutos de situações desesperadas. Nessas circunstâncias não se pode prever exatamente as consequências de muitos dos seus atos.
Mas é inegável que a economia cubana é atrasadíssima, com uma máquina estatal que não passa de um gigantesco cabide de empregos, assim como a sociedade norte-coreana é também empobrecida. Sou crítico à máquina estatal russa, à hipertrofia dela, à burocracia. Ah! Entendo que o planejamento é desejável. Mas não um planejamento feito por cima, como aconteceu na antiga URSS, de aspecto ditatorial, onde a crítica é tomada como crime. Não se credite isso ao Socialismo.
Pergunta pertinente: Por que o Socialismo não alcançou os efeitos de distribuição justa das riquezas entre os homens, conforme o enunciado por Marx? Por diversos motivos. Mas, sobretudo, por causa da transformação dessas iniciativas socialistas em ditaduras. Experiências desse tipo estão muito distantes do Socialismo imaginado por Marx.
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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com
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