sexta-feira, 26 de julho de 2013

Dois médicos cubanos - uma crônica oportuna


ANDRÉ COSTA NUNES

Conto, à clef, como me lembro, ou me contaram

Era coisa de umas cinco horas da tarde. O mês, fevereiro. O sol já se havia quebrado por detrás de Altamira em busca de agasalho para passar a noite. Era a hora em que a turma começava a descer para a beira do rio. Banho, papo e cana. O Xingu estava mais cheio do que de costume para aquela época do ano. Cedo iria tufar o igarapé e desalojar o Seu Otávio Neri, dono da última casa da Rua da Frente. Era ali a parada obrigatória para o primeiro gole no armazém. Como ainda era ainda cedo, estávamos somente eu, o Pedro da Natalina, o Augusto Mário e o Zé do Mané Paulo. O Zé trouxe a cana, duas ou três garrafas. Cachaça Bem-te-vi engarrafada em Muaná pelo pai do meu amigo Floriano Barbosa. O armazém do Seu Otávio Neri era estratégico, pois como se disse, ficava quase na desembocadura do Igarapé Altamira com o Xinguzão. E tinha porto de lavar roupa nas águas grandes. Mas havia outras vantagens o tal ponto de encontro. Não entrávamos na casa. Ficávamos só no armazém amesendados em cima das caixas de óleo Solarina ou mesmo dos sacos de farinha. Abríamos a garrafa empurrando a rolha para dentro. Aí, para gaiatice do Zé, aparecia o colírio. As filhas do Seu Otávio. Sem que fossem pedidos, já vinham rindo com os copos. A Mocinha, ainda muito nova, mas já um pedaço de mulher, ria com os olhos. Para nós outros, mais velhos, apenas fedelhas.
Ali, em meio à mercadoria que ia abastecer o seringal, esvaziávamos a primeira garrafa tirando gosto com lascas de jabá crua.
Foi nesse momento que o Pedro da Natalina deu com olhos em uma pilha de sacos de açúcar. De tão melados chegavam a pingar. Naqueles tempos, açúcar enxutinho, branco, desses da Capital era muito raro. Tinha-se que imediatamente tirá-los das sacas e botar nas latas. Latas com tampas de pressão. Aquelas umas em que iam as bolachas de soda da Palmeira. E o Pedro olhando e matutando para um enxame de abelhas que cobria o saco de cima. Prestava a atenção em todas e em cada uma. Pouco demoravam pousadas naquela mina doce e já voavam de volta à colmeia. Não sei porque paramos o conversê e pusemo-nos também a olhar as abelhas, quando o Pedro da Natalina saiu-se com essa:
- Mas assim, até eu faço mel.
- André, por onde andas? Estou te procurando há três dias. Chegou a hora. Preciso de tua ajuda.
- Conta comigo, cara, quando?
- Hoje, agora, vem almoçar aqui em casa.
- Mas são sete da matina... tentei ponderar.
- Sei, mas preciso falar contigo antes do almoço, aliás, antes mesmo que eles acordem.
- Eles quem, cara.
- Os médicos cubanos e não me pergunta mais nada, por favor, dá um jeito e vem.
Esse, ”por favor,” já estava demorando. O meu amigo Newton Bellesi faz o gênero correto, afável, gentil e educado. Não era preciso. Ele sabia que eu ia. Devia-lhe a finesa do tratamento de uma doença braba e extremamente dolorosa. Herpes zoster. O que em Altamira chamamos de cobreiro.
Essa história começara havia pelo menos dois meses. Eu já morava no Uriboca, em Marituba, mas nem sonhava com abrir restaurante. Era apenas a minha casa. Um sítio grande, com igarapé e quase totalmente coberto de floresta. E para que não houvesse dúvida havia uma placa com o criativo nome de Sítio do André. Esse negócio de Terra do Meio muito surgiu depois. Eu estava na maloca da beira do rio lendo algum livro desimportante, quando ele chegou com um sorriso nos lábios e uma garrafa de uísque na mão. Não posso dizer que foi de surpresa, pois ele sempre aparecia, desde o tempo em que eu morava na Duque. Abancou-se, pediu copo e gelo e tira-gosto. Não me lembro mais, acho que era queijo com azeite e pimenta do reino. E pão.

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O que ele disse


"Queria dizer uma última coisa. Aqui, como em todo o Brasil, há muitos jovens. Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. Também para vocês e para todas as pessoas repito: nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas a vencê-lo. A Igreja está ao lado de vocês, trazendo-lhes o bem precioso da fé, de Jesus Cristo, que veio 'para que todos tenham vida, e vida em abundância'." (Jo 10,10).
Papa Francisco, no Rio, na cerimônia de acolhida da Jornada Mundial da Juventude. A foto é de Fernando Maia/Efe.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Pausa

Excepcionalmente, o blog não será atualizado hoje.
O Espaço Aberto agradece a compreensão de seus leitores.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Coldplay - Clocks


Relógios

As luzes se apagam e não posso ser salvo
Ondas contra as quais tentei nadar
Me colocaram de joelhos
Ah, eu imploro, eu imploro e suplico, cantando

Revele coisas não ditas
Atire uma maçã em minha cabeça e um
Problema que não pode ser nomeado
Um tigre está esperando pra ser domado, cantando

Você é
Você é

Confusão que não acaba
Paredes fechadas e relógios tiquetaqueando
Vou voltar e te levar para casa
Eu não poderia parar agora que você sabe, cantando

Apareça sobre meus mares
Malditas oportunidades perdidas
Sou uma parte da cura?
Ou sou uma parte da doença? Cantando

Você é, você é, você é
Você é, você é, você é

E nada se compara
Ah, não nada se compara
E nada se compara

Você é
Você é

Lar, lar onde eu queria ir
Lar, lar onde eu queria ir
Lar, lar onde eu queria ir
Lar, lar onde eu queria ir

UOL não pode condicionar funcionamento de serviços

Do site Migalhas
O provedor UOL está proibido de utilizar-se de meio fraudulento para captar clientela para o seu serviço de provedor de internet. A decisão é da 13ª câmara Cível do TJ/RJ em liminar concedida a favor do MP/RJ.
De acordo com a 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, reclamações recebidas davam conta de que o UOL tinha acesso a informações consumidores que contratavam a banda larga Oi Velox e, então, informava aos mesmos que a fruição do serviço dependia do provedor UOL.
Segundo o parquet, caso não sejam reformadas, as práticas promocionais do provedor UOL continuarão a trazer "significativos e irreparáveis prejuízos financeiros aos consumidores". O órgão informou ainda que a exigência de contratação dos serviços do provedor é, muitas vezes, realizada por funcionários que se fazem passar por representantes da Oi Velox.
O promotor de Justiça Julio Machado Teixeira Costa destacou, no recurso, que "O réu, por meio de informações falsas, condiciona possíveis clientes a contratarem seus serviços, retirando-lhes a faculdade de optar pelo fornecedor que lhes ofereça os benefícios mais convenientes".
A decisão determina que o UOL cancele, a pedido do contratante, com a devolução integral e imediata dos valores pagos, todas as assinaturas em que não comprove a contratação livre e consciente do consumidor, sob pena de multa no valor de R$ 20 mil.
Terra
O MP informou ainda que ingressou com execução para coibir prática semelhante empregada pelo provedor Terra. Apesar da assinatura de TAC pelo provedor, foi apurado que seus operadores de telemarketing mantém prática semelhante, se passando por representantes da Oi Velox.

Charge - Waldez


A palhaça à porta de um hotel. Pra quê?

Mas que palhaçada, hein, meus caros?
Que palhaçada.
Hoje, os brasileiros somos Galo - menos os secadores, claro.
Queremos que o Atlético-MG ganhe do Olimpia e fature, pela primeira vez, a Libertadores.
Mas o que os torcedores do Atlético fizeram ontem à noite, em Belo Horizonte, é uma palhaçada. No mínimo.
Lá pelas tantas da noite, correu a informação de que o Olimpia estava hospedado num certo hotel.
Pronto.
Centenas de torcedores foram pra lá.
E passaram a noite - a noite, gente - soltando fogos e fazendo arruaça para não deixar os jogadores dormirem.
Um desrespeito. Uma palhaçada.
Ninguém dormiu nas redondezas.
Nem no hotel, nem na vizinhança.
Pessoas idosas, doentes, crianças, enfim, todo muito passou a noite em claro.
Pra quê isso?
Pra nada.
Absolutamente nada.
Primeiro - e o mais bacana, e o mais engraçado -, porque foram descobrir, agora de manhã, que a delegação da Olimpia não estava no hotel onde os torcedores fizeram a assuada. Dormiram em outro lugar.
Segundo: ainda que estivessem, isso não abalaria em nada o Olimpia.
Querem um exemplo?
Maio de 2003.
O Boca Juniors estava aqui em Belém, hospedado no Hilton, para disputar a quartas de final contra o Paysandu, que ganhara o jogo de ida por 1 a 0.
Da noite de 14 para 15 de maio, ninguém dormiu - nem no hotel, nem nas proximidades.
Dezenas de torcedores do Paysandu passaram a noite soltando fogos.
E aí?
Na noite do dia 15, o Boca sapecou 4 a 2 no Paysandu.
Com 40 mil pessoas presentes ao Mangueirão.
Tomara que hoje, com o Galo, seja diferente.
Tomara!

Dezessete professores são assaltados em Salinas


Espantoso, meus caros.
Simplesmente espantoso.
Sabem Salinas, aquela onde traumatologista de hospital regional dá plantão, parece, apenas uma vez na semana?
Pois é.
Essa mesma Salinas, neste finalzinho de julho, está sendo palco de cenas de banditismo nos moldes e ao estilo das que ocorrem em Belém.
Salinas virou uma espécie de balneário preferido dos bandidos.
Vejam só estas.
Na última segunda-feira, 17 professores participavam de curso de licenciatura em informática, promovido pelo Instituto Federal do Pará (IFPA), o antigo Cefet.
Um deles foi até a agência da Caixa e sacou R$ 5 mil.
Feito isso, voltou para o local do curso, que se realizava num prédio próximo à caixa d'água.
Eis que chegam, logo depois dele, dois bandidos.
De armas em punho, fizeram uma limpa.
Roubaram celulares, dinheiros, notebooks, o que puderam.
E passaram a perguntar sobre a pessoa que acabara de sacar os R$ 5 mil na Caixa.
O professor, de prenome Odair, se identificou, para não irritar o assaltante.
Identificado, ouviu, também foi afanado nos R$ 5 mil.
Acreditem. Foi assim mesmo.
E acreditem mais.
Na última sexta-feira, um mestre de obras, genro da caseira de leitor do Espaço Aberto, foi à agência do Banco do Brasil para fazer um saque de R$ 2 mil no caixa eletrônico.
Feito o saque, foi embora.
Quando chegava em casa, de moto, deparou-se com assaltante.
- Me passa os R$ 2 mil que acabaste de sacar! - exigiu o bandido.
Além do dinheiro roubado, o mestre de obras ainda recebeu uma coronhada na cabeça do bandido, que também levou a chave da moto.
A vítima, morador de Salinas, disse que nunca antes, jamais, em tempo algum, na história da cidade, vira isso acontecer.
Mais uma historinha?
Então lá vai.
Leitora aqui do blog, estagiária num órgão público federal, estava na praia do Atalaia no último sábado.
Eram por volta de 19h30.
No entorno dela, trocentas mil pessoas.
A leitora pega o iPhone para se comunicar com uma amiga, que, aliás, era proprietária do celular.
Quando levou o telefone ao ouvido, a estagiária não teve nem tempo de dizer alô.
Veio um pivetão, puxou-lhe o aparelho e rasgou do pedaço.
E agora?
Os salinenses vão embora pra Pasárgada, para ver se lá, na condição de amigos do rei, conseguem se livrar da violência?
E os não salinenses, vêm embora já, já pra Belém, onde pelo menos já conhecem os moldes e o estilo dos assaltantes que agem por aqui?

As mil cidades do Brasil onde ninguém é assassinado

Na relação da Exame, as cidades paraenses que não registraram nenhum homicídio em três anos
O dado a seguir pode surpreender a muita gente: existem mais de mil cidades no Brasil onde ninguém é assassinado. Ninguém. Melhor dizendo: em 20% dos municípios do país, não houve o registro de um homicídio sequer por três anos consecutivos, de 2009 a 2011, época dos mais atualizados registros nacionais. As informações são do Mapa da Violência 2013 - Homicídios e Juventude no Brasil, lançado este mês.
Já não será considerado surpreendente, porém, o fato de que a imensa maioria dessas cidades – 949 delas – têm menos de 10 mil habitantes. São, portanto, diminutas, o que não tira o fato de que são dignas de elogios, já que estão imersas em um dos países mais violentos do mundo (confira as 300 cidades mais perigosas).
No total, cerca de 52.198 pessoas foram assassinadas em 2011 no Brasil. O número não tem paralelos nas nações mais populosas do planeta e ultrapassa a quantidade de mortos em 12 conflitos sangrentos somados, incluindo Iraque e Afeganistão.
A única cidade com mais de 30 mil habitantes presente na lista das mais seguras é a baiana Luís Eduardo Magalhães. Com 63 mil moradores, ela foi bem sucedida enquanto locais menos populosos na Bahia tiveram mais de 40 assassinatos em apenas um ano.
O Mapa da Violência, elaborado pelo professor Julio Jacobo Waiselfiz, considera os números registrados no Subsistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, que ainda não tem dados atualizados de 2012.
É bom lembrar que a ausência de assassinatos não quer dizer que os 5,9 milhões de moradores dessas mais de mil cidades (apenas 3% da população nacional) vivam em completa paz. No segunda município mais populoso da lista, Barrinhas (SP), roubos a bancos são recorrentes, por exemplo.

O dedinho fraturado e a voz das ruas

De Roberto da Paixão Júnior, sobre a postagem "Quedê" o traumatologista do hospital de Salinas?:

É constrangedor ir a um estabelecimento intitulado de hospital (basta isto!)e constatar que ainda não consegue ultrapassar a fase do diagnóstico.
Esse constrangimento é reforçado quando lembramos das nossas declarações anuais para o imposto de renda, dos descontos diretos relativos ao plano de seguridade social e do quanto pagamos pelos tributos embutidos em mercadorias e serviços, porque percebemos que não retornam em forma de prestação de serviços adequados, como neste caso.
E podem indagar: qual o problema disso, já que foi apenas um dedinho fraturado? A voz das ruas certamente retornará a respondê-la. Cedo ou tarde. E espero, sinceramente, com menos violência.

"Amigos a gente encontra, o mundo não é só aqui..."

É Dominguinhos, cantando "Quem me levará sou eu".
É Dominguinhos, levado para o mundo da eternidade.
Para o mundo de Deus.
É Dominguinhos, saudade eterna. Aos 72 anos.

Ministro critica Google por se opor a nova regra para web

A presidente Dilma Rousseff e o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, pretendem incluir no Marco Civil da Internet a obrigatoriedade de armazenamento de dados no Brasil. A ideia ganhou prioridade após a revelação da espionagem dos EUA no Brasil pelo jornal O Globo. Por ser contrário a medida, o Google foi criticado por Bernardo. "O Google irá faturar R$ 2,5 bilhões este ano apenas com publicidade no país. Por que reclamaria?", afirmou.
A Folha de S. Paulo mostra que o Brasil se tornou o quarto maior mercado do mundo para empresas de telecomunicações. Assim, companhias estrangeiras têm bons motivos para investir em centros de armazenamento no país. De acordo com o ministro, o interesse do governo em estimular esse crescimento já foi sinalizado ao Google. "Há cerca de um mês, me encontrei com representantes do Google e eles me perguntaram como a empresa poderia ajudar. Respondi que é só investir mais".
Bernardo afirma que é definitiva a posição do governo de incluir o armazenamento de dados no país no Marco Civil da Internet. Encaminhado ao Congresso em 2011, o texto do relator deputado Alessandro Molon (PT-RJ) deve ser votado na Câmara em agosto. Se aprovado, as regras vão atingir apenas empresas que tenham escritórios no país. O prazo para que elas se adaptem ainda não foi definido, mas o projeto prevê que a obrigatoriedade comece a valer após período de 12 a 24 meses.
paulobernardo2307
Bernardo defende que a exigência dará seguranças aos usuários do país (Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress)

Os recursos minerais amazônicos e o ilusionismo ambientalista

Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro, no Última Instância

Não é segredo pra ninguém: a região amazônica brasileira é a última fronteira natural com alto potencial econômico a ser explorada no mundo.
No entanto, apesar da biodiversidade, do conhecimento dos povos nativos sobre o uso farmacológico da flora e do volume fantástico de água doce, os olhos das grandes potências mundiais encontram-se postos em nosso subsolo – o grande recurso estratégico.
Em todo o globo terrestre, a maioria dos depósitos metálicos situa-se em terrenos pré-cambrianos formados no início da solidificação do planeta, até 570 milhões de anos atrás. Há dois bilhões de anos atrás, a crosta terrestre era menos espessa, o que propiciou a ascensão de metais das zonas mais profundas da terra para a superfície.
Quarenta por cento do território amazônico pertence à era pré-cambriana. Assim, suas sequências sedimentares, intrusões graníticas, derrames vulcânicos e complexos rochosos apresentam enorme potencialidade de depósitos de ferro, manganês, alumínio, cobre, zinco, níquel, cromo, titânio, fosfato, ouro, prata, platina, paládio, ródio, estanho, tungstênio, nióbio, tântalo, zircônio, terras-raras, urânio e diamante.
Geologicamente, grande parte dos depósitos minerais, embora relacionada às rochas pré-cambrianas, formou-se por enriquecimento (erosão, concentração, etc.) nos períodos terciários e quaternários. É um processo geológico incrivelmente longo e perene.
Nossa superfície e o que nela vive é fruto de alterações climáticas e geomórficas ocorridas nos últimos milhares de anos. Um complexo efêmero, se comparado à formação dos recursos minerais, ocorrida no subsolo, processada ao longo de bilhões de anos.
Deus nos deu a floresta, os índios e os animais, mas também nos concedeu a oportunidade única de pisarmos em solo cuja riqueza é invejada pelas demais nações do mundo.
Isso não é novidade. A história nos mostra que nos últimos 500 anos, as grandes potências coloniais se mobilizaram, entraram em conflito e desenharam nosso mapa político, visando a extração das riquezas minerais ocorrentes na América do Sul. No Brasil, a história não foi diferente.
Particularmente, desde o final do século XIX, na medida em que a tecnologia disponível foi permitindo a identificação de grandes jazidas na região norte do Brasil, disputas territoriais foram provocadas por países europeus, visando a apropriação do minério brasileiro.
Em 1885, a França tentou se apropriar de parte do território do Amapá, para anexá-la à Guiana Francesa, visando justamente as jazidas minerais ali existentes. O conflito se estendeu até 1895 quando se deu a arbitragem sobre a questão, tendo por árbitro inquisidor o Conselho Federal Suíço.
A sentença favorável ao Brasil foi proferida pelo Presidente Walter Hauser e confirmada pelo Rei da Bélgica, Leopoldo II.
Em 1904, a Inglaterra apropriou-se da região do Pirara, no território de Roraima, usando como subterfúgio um conflito muito similar ao que foi observado agora pouco pelo Supremo Tribunal Federal, na vizinha Raposa Serra do Sol. A Inglaterra, por óbvio não objetivava garantir direitos indígenas na superfície, mas, sim, se apropriar dos minerais estratégicos contidos no subsolo daquela região. Arbitrado o conflito pelo rei da Itália, Vitor Emanuel II, o Brasil perdeu o território para a Guiana Inglesa, vencedora na causa.
Esse fato histórico está relacionado à visita do Príncipe Charles, herdeiro do trono da Inglaterra e seu Primeiro Ministro Gordon Brown, não coincidentemente duas semanas antes da recente decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o caso da Raposa Serra do Sol.
No entanto, em que pese o vacilo de parte de nossos operadores do direito, quanto á defesa efetiva de nossa soberania, o Brasil tem historicamente construído marcos legais afirmando nosso domínio.
Após a segunda guerra, o Estado Brasileiro tratou de nacionalizar o subsolo e implementar um Código de Mineração bastante restritivo, organizar uma política de concessões de lavra e fomentar a exploração nacional incentivando consórcios liderados por empresas nacionais e estatais brasileiras.
Em que pese o Brasil ter se firmado como senhor do território, as grandes potências, incluindo a Rússia, buscam de toda forma evitar o apossamento pleno dessas riquezas pelo governo brasileiro.
Ninguém gosta de ceder espaço no jogo de poder e o domínio completo do processamento dessa riqueza mineral constitui, é fato, combustível para uma rápida ascensão do Brasil ao cenário das potências mundiais.
Conhecido como exportador primário de commodities extraídas daquela região amazônica, o Brasil, nos últimos 40 anos, deixou de exportar bauxita por tonelada e importar alumínio por quilo - e a peso de ouro - para, então, passar a produzi-lo aqui.
Para desespero da Rússia e dos Estados Unidos, nossos principais concorrentes no alumínio, o Brasil ascendeu ao posto dos principais exportadores de alumínio do mundo, graças à estratégica implantação de usinas hidrelétricas – dentre elas a de Tucuruí - e a uma logística que permitiu seu fornecimento ao mercado interno e externo.
O processo de industrialização em território nacional, de nossas commodities minerais, tem sido incrementado com a instalação de termelétricas e polos de transformação sustentados por custosa rede logística, abrangendo o Amapá, Pará, Maranhão, Ceará e Mato Grosso. Para conferir sustentabilidade a toda essa infraestrutura, o volume crescente de exigências no licenciamento ambiental tem gerado custo adicional significativo e, às vezes, preocupante.
No entanto, o que já se desenha, nos dá uma noção clara de futuro: a extração do minério de ferro, bauxita, manganês, ouro e outros metais, na região amazônica, e seu transporte eficaz e a custo menor, por navegação de costa, hidrovias e ferrovias, criará condições objetivas para a instalação de um grande polo siderúrgico amazônico, na região do Pará.
O aproveitamento hidro energético de Belo Monte atende a esta demanda, em bases sustentáveis, a par de todos os impactos, pois alavancará o polo siderúrgico amazônico, oferecendo ao Brasil e a seus parceiros estratégicos um cenário bastante promissor na economia mundial.
A metalurgia, a siderurgia e, em especial, a fabricação do alumínio, são atividades eletro intensivas. Necessitam, portanto, do insumo da eletricidade, a qual deve ser gerada a um custo que torne competitivo o preço dos produtos no mercado mundial.
O pesadelo internacional com referência a Belo Monte, portanto, não está nos impactos ambientais inerentes à obra, mas, sim, nos seus efeitos econômicos, cujo caráter libertador modificará, a médio prazo e de forma significativa, o jogo de interesses mundiais no fluxo dos insumos energéticos e no valor da indústria de base.
Historicamente hábeis e experientes em colonizar mentes e corações... os neocolonialistas afetados pela concorrência brasileira na apropriação e transformação dos minérios, entretanto, usam nossa própria fraqueza conceitual, no que tange à mensuração dos interesses nacionais em harmonia com os interesses ambientais, para obstruir nosso próprio desenvolvimento.
Essa BATALHA DE QUARTA GERAÇÃO ocorre em plena égide dos interesses difusos, que a tudo e a todos relativiza, entre os quais os direitos de soberania, os direitos individuais e a própria autoridade obtida por mandato popular.
Três formas de pressão organizada trabalham sob a égide dos interesses difusos - aparelhadas pelos grupos econômicos contrários aos interesses nacionais, a saber:
i) o biocentrismo fascista, cuja enorme nocividade já tratamos em artigos anteriores;
(ii) a Estratégia de Geração de Demandas Impossíveis – escola doutrinária esquerdista que, partindo da constatação da impossibilidade de combate direto ao Moderno Estado Democrático Capitalista, recomenda seu bombardeamento sistemático com reivindicações impossíveis (ainda que revestidas de aparente legitimidade), no intuito de estimular conflitos que desmoralizem a “autoridade do capital”, desestruturem a economia e provoquem o rompimento do tecido social; e
iii) o autonomismo desagregador, que estimula o rancor dos movimentos de afirmação étnicos, religiosos e sociais, jogando uma pá de cal nas doutrinas de comunhão nacional (como a Doutrina Rondon) para, sobre seus escombros, incentivar reivindicações separatistas, de cunho liberticida, esfacelando com isso a unidade nacional.
O “Teatro de Operações” montado em torno do empreendimento do AHE Belo Monte concentra essas três forças, como se pode ver da simples leitura dos jornais...
Como se vê, não se trata de “preservar a Amazônia”, “defender povos e culturas nativas”, “rediscutir o planejamento energético nacional” e muito menos “defender as águas e o clima do planeta”.


Cumpre a nós, cidadãos, seres humanos, evitarmos o ilusionismo ambientalista, que em nada contribui para o equilíbrio da Amazônia e para os interesses do Brasil.

O que ele disse


"Aprendi que, para ter acesso ao povo brasileiro, é preciso ingressar pelo portal do seu imenso coração; por isso permitam-me que nesta hora eu possa bater delicadamente a esta porta. Peço licença para entrar e transcorrer esta semana com vocês. Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo! Venho em seu Nome, para alimentar a chama de amor fraterno que arde em cada coração; e desejo que chegue a todos e a cada um a minha saudação: 'A paz de Cristo esteja com vocês!'."[...]
"A juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo e, por isso, nos impõe grandes desafios. A nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço. [Isso significa] tutelar as condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento; oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os quais construir a vida; garantir-lhe segurança e educação para que se torne aquilo que ele pode ser; transmitir-lhe valores duradouros pelos quais a vida mereça ser vivida, assegurar-lhe um horizonte transcendente que responda à sede de felicidade autêntica, suscitando nele a criatividade do bem; entregar-lhe a herança de um mundo que corresponda à medida da vida humana; despertar nele as melhores potencialidades para que seja sujeito do próprio amanhã e corresponsável do destino de todos. Com essas atitudes recebemos hoje ao futuro que entra pela janela dos jovens."
Papa Francisco, em sua primeira alocução no Brasil, logo após chegar para participar da Jornada Mundial da Juventude;

terça-feira, 23 de julho de 2013

Olhares pela lente

O Brasil recebe o papa Francisco.
As fotos são da AFP.






Estudo do Ipea traça perfil dos novos TRFs

O Instituto de Política Econômica Aplicada divulgou estudo em que analisa a eficiência dos magistrados nos cinco Tribunais Regionais Federais, com o objetivo de verificar a necessidade de criação de outros quatro TRFs, prevista na Emenda Constitucional 73. A norma cria cortes em Curitiba, Manaus, Salvador e Belo Horizonte, mas foi suspensa por liminar do ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, na última quarta-feira (17/7) — clique aqui para ler.
Com jurisdição sobre Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, o TRF-6 terá Curitiba como sede, enquanto o TRF-7, sediado em Belo Horizonte, terá apenas Minas Gerais como jurisdição. O TRF-8 ficará em Salvador, com jurisdição sobre Bahia e Sergipe, e o da 9ª Região, localizado em Manaus, terá jurisdição sobre o Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima.
Utilizando como base dados de 2011, o levantamento aponta que a mudança beneficiaria principalmente o TRF-1, que inclui o Distrito Federal; Minas Gerais; Tocantins; Bahia; Goiás; Mato Grosso; Piauí; Rondônia; Roraima; Acre; Amazonas; Amapá; Pará; e Piauí, e o TRF-4, que tem abrangência sobre os três estados do Sul, já que a demanda dos dois órgãos cairia cerca de 60%.
Já no TRF-3, que abrange São Paulo e Mato Grosso do Sul, e no TRF-5, que inclui Pernambuco; Alagoas; Ceará; Rio Grande do Norte; Paraíba; e Sergipe, a criação dos novos tribunais reduziria a demanda em cerca de 5%. Não há qualquer alteração no TRF-2, pois a área de abrangência que inclui o Rio de Janeiro e o Espírito Santo seria mantida. O estudo aponta ainda que os membros do TRF-1 possuem a maior carga de trabalho, com mais de 19,5 mil casos por profissional, contra menos de quatro mil de cada membro do TRF-2.
Com a existência de nove Tribunais Regionais Federais, a maior carga de trabalho ficaria com os desembargadores de São Paulo, que deveriam analisar 13,9 mil casos cada um. O TRF-3 é, de acordo com o Ipea, aquele em que cada magistrado é mais produtivo, com média de 6,7 mil decisões terminativas por pessoa, enquanto o TRF-1 tem 2,1 mil decisões terminativas. O Tribunal Regional Federal que atende São Paulo e Mato Grosso do Sul é também aquele com maior taxa de atendimento da demanda: 155%, o que significa que o tribunal analisa 155 processos para cada 100 novas demandas.
Na ponta contrária aparece o TRF-1, que atende a apenas 43% de sua demanda. Com base nos dados, os autores do levantamento, Alexandre Samy de Castro, Bernardo Abreu de Medeiros e Alexandre dos Santos Cunha, traçam uma análise dos quatro novos tribunais, prevendo média de três mil casos atendidos anualmente por cada desembargador, com 120% de atendimento da demanda. Cada tribunal teria, em média, 74,4 mil casos pendentes e quase 40 mil novos processos para analisar.
Eles apontam ainda uma hipótese de taxa de congestionamento zero no novo TRF-4, que englobaria apenas o Rio Grande do Sul, pois o potencial para taxa de atendimento da demanda em torno de 261% faria com que, em um ano, todos os processos fossem julgados, incluindo as demandas daquele período, deixando os seus integrantes sem trabalho dentro de pouco tempo. O novo TRF-6, com abrangência sobre Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraná, apresentaria 105% de taxa de atendimento da demanda, com 9,6 mil casos por desembargador.
No que diz respeito ao desmembramento do TRF-1, os autores destacam que o TRF-8 (Bahia e Sergipe) atenderia 100% da demanda, com 6,6 mil casos por desembargador, e o TRF-9 (Amazonas, Rondônia, Roraima e Acre) teria taxa de atendimento de 172%, com quase 4 mil casos para cada desembargador. Isso se daria, porém, por conta da reduzida carga de trabalho. Já o TRF-7, que incluiria Minas Gerais, teria taxa de atendimento da demanda de 104%, com 10 mil casos por integrante.
ReconhecimentoA divulgação do estudo motivou elogio de Tercio Issami Tokano, procurador regional da União da 3ª Região, que enviou documento ao presidente do TRF-3, desembargador Newton de Lucca, parabenizando o órgão pela produtividade e citando o levantamento para apontar que “caso todas as Regiões fossem tão produtivas quanto o TRF-3, a taxa de atendimento da demanda de segunda instância teria sido de 172%”.

Charge - Genildo


PMDB faz enquete sobre apoio ao governo federal

Na Folha online

O PMDB quer manter a aliança com a presidente Dilma Rousseff em 2014? Para responder a essa pergunta, o principal aliado do governo decidiu realizar um "plebiscito" com deputados, senadores e presidentes de diretórios regionais da legenda.
A primeira etapa com os deputados transformou o gabinete do vice-presidente Michel Temer nos últimos dias numa espécie de confessionário. A dinâmica foi a mesma: um a um, os deputados tiveram uma conversa preliminar com Temer e depois responderam a um questionário aplicado por Eliseu Padilha, presidente da Fundação Ulysses Guimarães.
Foram ouvidos mais de 60 dos 80 deputados e as conversas devem ser retomadas em agosto, na volta do recesso parlamentar.
A decisão de fazer a pesquisa foi tomada diante das crescentes reclamações contra o Planalto e os protestos nas ruas no mês passado. A intenção é montar uma radiografia sobre como o partido vê o atual cenário político e que rumo seguir. São 25 perguntas sobre três temas: a situação do partido no Estado para as eleições de 2014; a relação com o governo federal e as manifestações de junho.
"A maioria quer continuar com a aliança, mas diz que quer ser efetivamente aliado, quer ter participação igual ao PT", disse Padilha. "O parlamentar quer mais atenção do governo, quer mais participação porque quer o prestígio de entregar uma obra, mostrar seu trabalho. Quer o ônus e o bônus", completou.
Padilha diz que que, quando for concluída, a enquete será levada a Dilma pelo vice-presidente.
No primeiro semestre, a relação do Planalto com o PMDB na Câmara foi instável e piorou depois que as pesquisas mostraram desgaste na popularidade de Dilma com as manifestações de junho. Líderes do partido se valem da fragilidade para exigir mais espaço no governo e há ainda quem defenda de forma mais discreta a "volta Lula".

EMBATES
No Congresso, os embates mais fortes foram a Medida Provisória dos Portos, o enterro do plebiscito sobre uma reforma política e o apoio para a criação de uma CPI para investigar a Petrobras.
Em entrevista à Folha, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), defendeu a redução do número de ministérios, de 39 para 25. A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) disse que não há possibilidade de isso ser feito.
Para o segundo semestre, governo e PMDB já têm pelo menos dois duelos marcados: a votação do projeto que torna obrigatório o pagamento de emendas parlamentares apresentadas ao Orçamento e a derrubada de vetos presidenciais.

Saem as primeiras sentenças contra a Real

Começam a pipocar as primeiras sentenças contra as empresas Real Engenharia e Real Class Construção e Incorporação, alvo de vários processos por danos morais em decorrência do desabamento, em janeiro de 2011, do edifício Real Class, na travessa 3 de Maio, entre Governador José Malcher e Gentil, no bairro de São Brás. Três pessoas morreram.
As primeiras sentenças prolatadas pelo juiz José Ronaldo Pereira Sales, da 2ª Vara do Juizado Especial Cível de Belém, beneficiam moradores do edifício Blumenau, vizinho ao prédio que desabou. Um casal de idosos, Laércio Benedito de Sousa e Terezinha de Jesus Matos de Sousa, vai receber o valor mais alto, R$ 24 mil, uma vez que ambos precisaram deixar o apartamento em que residem para viver num hotel. Há várias outras ações em tramitação no Poder Judiciário.
Uma falha no projeto estrutural foi a causa apontada no laudo técnico-científico do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves para o desabamento do edifício. O projeto, segundo detectaram o engenheiros, apresentou falha na concepção do sistema estrutural, ocasionando erro na escolha do modelo matemático aplicado. O modelo escolhido acabou por interferir no detalhamento e dimensionamento dos estribos, que são ferros horizontais que amarram os vergalhões verticais. O laudo do Renato Chaves tem conclusões diferentes do apresentado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), que ressalta a influência do vento na queda do edifício.
Os peritos só puderam chegar a essa conclusão após analisar os pilares do edifício, em especial dois deles, responsáveis pela queda do prédio. O pilar é uma coluna que constitui o elemento vertical da estrutura de uma construção. Esses dois pilares foram localizados onde estava construído o fosso do elevador. O engenheiro ressaltou que tudo o que estava no projeto original apresentado pela empresa Real Engenharia foi utilizado na construção do edifício Real Class. "De modo geral, ela (a Real) executou que estava apresentado e obedeceu todos os critérios técnicos", afirmou Dourival Pinheiro, coordenador do estudo e um dos sete engenheiros que atuaram na perícia.
Na avaliação dos engenheiros, as normas não foram obedecidas e alguns cálculos estavam errados. "O principal foi a falha do sistema estrutural. O sistema não estava adequado para um prédio de 34 pavimentos. Qualquer sistema para funcionar, os elementos têm que estar integrados. Eles não estavam integrados. Não deveria ter 34 andares", enfatizou Pinheiro.

"Quedê" o traumatologista do hospital de Salinas?

Mais Médicos?
Divergências à parte entre os médicos e o governo, mas Salinas, meus caros, precisa de muitos.
Precisa de muitíssimos médicos.
Que o diga a esposa de Roberto da Paixão Júnior, leitor e ex-colaborador do Espaço Aberto.
Na quinta-feira da semana passada, ela caminhava, junto com o marido, no Atalaia.
Acabou tropeçando e caindo.
Ambos foram para o Hospital Regional de Salinas (pelo menos assim é que está na placa: hospital regional).
Chegaram lá por volta das 8h15.
Quedê o traumatologista?
Não estava.
Roberto e a esposa esperaram duas horas.
Duas. Sem tirar nem pôr.
E nada do traumatologista.
Até que foram informados: o doutor só estaria lá no sábado, meus caros.
Só apareceria por lá dois dias depois.
E aí?
Bateram um raio X da área lesionada e constatou-se que a esposa do Roberto fraturara um dedo.
E o jeito foi botar o pé na estrada e virem embora pra Belém, porque não haveria como esperar o traumatologissta até sábado.
Mas, e então?
O hospital não é regional?
Salinas, nesta época do ano, não tem sua população aumentada em pelo menos dez vezes, dado o enorme, gigantesco fluxo de pessoas que vão passar o mês de julho no balneário?
Não seria razoável que tivesse um - pelo menos um - traumatologista permanentemente no hospital?
E por que o cara não estava lá?
Por quê?

Alíquota única seria um retrocesso

De um Anônimo, sobre a postagem O Código de Mineração e os privilégios à Vale:

É errado falar de uma única alíquota para royalties do minério, isto seria um retrocesso inclusive ao que já existe hoje.
Quando se defende taxar minério indiscriminadamente em 10% como o petróleo, pensa-se na Vale, mas esquece-se de minérios como calcário e potássio que não são produzidos pela empresa, mas são essenciais para agricultura e cujo aumento da tributação atingirá necessariamente este setor com a majoração destes produtos. A mesma coisa se pode dizer de insumos da construção civil, como brita e seixo. Ou seja, a questão é mais complexa do que mero aumento de alíquotas, que deve ocorrer com inteligência, sem demagogia do tipo se o petróleo é tanto deve ser tanto, existem realidades distintas.
Uma medida boa é a de que os percentuais sejam calculados sobre o faturamento das empresas e não sobre o rendimento líquido. Isso parece estar contemplado na proposta em tramitação na Câmara Federal. Sobre cobrança em relação ao uso dos recursos hídricos, concordo com o Ismael: falta vontade política do governo do Estado. Legislação geral já existe.

Justiça Federal instala subseção em Itaituba

A região oeste do Pará ganha a partir desta quarta-feira (24) a segunda subseção da Justiça Federal. Com jurisdição sobre seis municípios, onde residem cerca de 200 mil pessoas, será inaugurada a Vara de Itaituba, que vai ter competência geral, ou seja, julgará ações de qualquer natureza, inclusive penais, cíveis e de execução fiscal.
A nova unidade contribuirá para desafogar a demanda processual que hoje se concentra nas duas varas em funcionamento na mais antiga subseção da Justiça Federal no interior do Pará, situada em Santarém, também na região oeste. Os municípios de Marabá, Altamira, Castanhal, Paragominas, Redenção e Tucuruí também já contam com subseções da Justiça Federal. Itaituba será o oitavo.
Adjunto à nova unidade, também funcionará um juizado especial, que aprecia pequenas causas, no valor de até 60 salários-mínimos. Além do município de Itaituba, com 97.403 mil habitantes, segundo aponta o Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a nova subseção vai ter jurisdição sobre mais cinco: Jacareacanga (14.103), Novo Progresso (25.124), Placas (23.934), Rurópolis (40.087) e Trairão (16.875). O juiz federal José Airton de Aguiar Portela, atualmente titular da 2ª Vara da Subseção de Santarém, é quem vai responder inicialmente pela vara.
Economia - Antes de ser desmembrado para dar origem a outras unidades federais, como Jacareacanga e Novo Progresso, Itaituba chegou a ser considerado o maior município do mundo em termos territoriais. Entre meados da década de 1970 e início da década de 1990, sua economia concentrou-se na extração do ouro no Vale do Tapajós, maior região aurífera do oeste paraense. Nesse período, estima-se que tenham sido exploradas da região mais de 500 toneladas de ouro. Em virtude do garimpo, o aeroporto de Itaituba teve um dos maiores movimentos em pousos e decolagens de aeronaves no mundo. Atualmente, sua principal atividade econômica se baseia no setor de serviços, responsável por 71% de toda a riqueza produzida no município.
A solenidade de inauguração da nova vara federal, marcada para as 16h, no auditório do Júri do Fórum de Itaituba, contará com as presenças, dentre outras autoridades, do presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, desembargador federal Mário César Ribeiro; do diretor do Foro da Justiça Federal no Pará, juiz federal Ruy Dias de Souza Filho, do Secretário-Geral da Presidência, Paulo Cardoso; do Presidente da Comissão de Novas Varas, Carlos Frederico Maia Bezerra, e da diretora da Secretaria Administrativa do Pará em exercício, Tânia Luna Serruya Maia Jauffret.

Ouso discordar

Por ANA DINIZ, em seu blog Na rede

Alguém foi pra rua e não éramos nós!
A surpresa da autodenominada esquerda brasileira mostra o quanto se distanciou do que está acontecendo, de verdade, pelas esquinas e viadutos. Por seu turno, a autodenominada direita sofreu um choque: depois de anos de manobras domando rebeldias, a ponto de vestir os líderes antes radicais com suas grifes, descobriu de repente que só tinha conseguido um aceiro – e o incêndio isolado ameaçava voltar.
Os dois lados recorreram às mesmas fórmulas, que deram certo por tanto tempo. A direita abriu os cofres – do governo, lógico! – e a esquerda correu para a rua. Vamos voltar o filme!
No entanto os prefeitos vaiaram a presidente e as bandeiras vermelhas exibiram sua solidão em atos fragmentados e muito menores do que pretendiam – tão fracos que abriram espaço para saques e destruição.
E ninguém está satisfeito. Protestos ecoam por todos os lados, tirando do baú contas velhas e acrescentando novas. No Congresso, esquerda e direita correram atrás do prejuízo, aprovando ou rejeitando propostas sem maiores discussões e, portanto, insatisfatórias, porque inócuas em sua maior parte. No Executivo, as propostas são mais desastradas ainda: um ridículo e ilegal programa, chamado “Mais Médicos”, tenta encontrar um Cristo para as pedras da população e uma proposta mais ridícula ainda de reforma que não reforma nada, tenta acalmar os ânimos.
Não acalma. Hordas de bandidos descobriram que agir como faziam os hunos – saqueando em massa - é mais fácil que se arriscar no mão-armada individual de rua. Afinal, o Judiciário sempre exige que se prove que a mão que atirou a pedra pertence, sem sombra de dúvidas, ao réu ali presente...
Há algumas dezenas de anos que existe orçamento vinculado para saúde e educação. E o país inteiro reclama de saúde e de educação. A razão é simples: essas duas coisas não se resolvem somente com dinheiro vinculado e orçamentado, nem com médicos atirados de qualquer maneira no interior. Elas são um produto. Por trás delas está um patamar de vida: posto de saúde e pés descalços não combinam. Escola sem leitura em casa é instrutoria. Mas para ter pés calçados e leitura em casa é preciso dinheiro certo e trabalho dosado. Instrução sem renda resulta em doutor desempregado; e pés descalços no posto de saúde resultam em mortes em série nas UTIs infantis.
Discurso sistemático da esquerda quando na oposição, a reforma tributária com foco no aumento do poder local virou fumaça. E, em consequência, viraram fumaça também todas as esperanças despertadas pelo ativismo de esquerda: conselhos deliberativos, orçamento participativo, participação de lideranças... Os conselhos foram transformados em fóruns logo no primeiro ano do governo Lula. Conselhos são um calo, e o calo doeu.
Ouso discordar que deva haver mais recursos vinculados para educação e saúde. O Brasil precisa de terras demarcadas, vicinais trafegáveis, crédito barato ao pequeno produtor rural, seja ele familiar ou não, logística de abastecimento viável. Precisa desesperadamente de estradas – sejam elas de água, de ferro ou de asfalto – que permitam a circulação da riqueza e são, em última análise, o apoio real ao produtor de qualquer tamanho. Está devendo para a população água na torneira, o fim dos lixões e o tratamento de esgotos. Está devendo energia elétrica firme em 60% do seu território.
Ouso discordar que deva haver passe livre para estudantes. A razão é simples: os trabalhadores da base da pirâmide (os que ganham abaixo do mínimo, no mercado informal e no mundo rural) vão pagar uma parte desse privilégio. Eles não merecem isso. Como não merecem pagar quaisquer privilégios de que é farta a administração brasileira.
Ouso discordar que mascarados não devam ser presos assim que localizados numa manifestação e ficarem detidos, submetidos ao pente-fino da investigação, até que termine a passeata. Devem, sim. No caso, o tempo é fundamental para a potencialidade do risco. Não se pode brincar com ele.
Ouso discordar que a inflação reduziu o ritmo. Houve alguns suspiros de alívio, mas nenhum freio corretamente instalado para que ela desacelere. O segundo semestre representa sempre uma maré alta de consumo. A velha fórmula de juros altos e corte de gastos já não é suficiente para segurar essa onda. Em agosto, tudo voltará aos trilhos – e não exatamente como o ministro Mantega quer.
Ouso discordar que governos estaduais e prefeituras não saibam administrar. Pelo contrário: a participação direta dos governados permite muito mais flexibilidade e, é claro, muito mais fiscalização. Aliás, essa é a razão pelo qual os escândalos são tão frequentes nos municípios: é que eles são logo descobertos... Muito diferente do que ocorre no governo federal, onde poderosos lobbies operam tranquilamente. Onde a Previdência é uma caixa preta sem fundo.
Eu sei que vou receber algumas pedradas e que o que escrevo aqui pouco influi no todo. Mas vou seguir o conselho do papa e não me omitir.

O que ele disse


"Cristo 'bota fé' nos jovens e confia-lhes o futuro de sua própria causa: 'Ide, fazei discípulos'. Ide para além das fronteiras do que é humanamente possível e criem um mundo de irmãos. Também os jovens 'botam fé' em Cristo. Eles não têm medo de arriscar a única vida que possuem porque sabem que não serão desiludidos."
Papa Francisco, no primeiro discurso, em português, logo após chegar ao Rio para participar da Jornada Mundial da Juventude.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Placido Domingo e J. Carreras - Non Ti Scordar Di Me

Pimenta Neves, Mídia Ninja e a geração F-5

Por Alberto Dines, no Observatório da Imprensa

Os jornalistas não querem parecer complacentes com um colega condenado como assassino. Só neste ano já foram publicados dois livros sobre o crime cometido por Pimenta Neves, ex-diretor de redação do Estadão que matou a ex-namorada com dois tiros, sendo um pelas costas. Em março saiu Pimenta Neves, uma reportagem, de Luiz Octavio de Lima, e agora está publicado À queima roupa, o caso Pimenta Neves, de Vicente Vilardaga. Os dois autores conheceram o assassino e até trabalharam com ele, porém nenhum tenta inocentá-lo ou diminuir suas culpas. Ao contrário, lamentam que cumpra apenas um quarto da pena e que, sendo psiquicamente desequilibrado e até mesmo acusado de um estupro, tenha chegado a desempenhar cargos de chefia em grandes empresas jornalísticas.
***
As jornadas de junho trouxeram como contribuição no campo do jornalismo o fortalecimento e a grande exposição da “Mídia Ninja”, um jornalismo militante e alternativo, não muito diferente da imprensa alternativa surgida durante a resistência à ditadura militar. Combinando as novas tecnologias ao compromisso com a transparência, os Ninja não se preocupam com a qualidade formal, não selecionam, nem editam, mostram ao vivo, em tempo real, o que suas câmeras estão captando. Junho acabou, também as jornadas, o Congresso não abriu mão do recesso, muita coisa ficou esquecida. A verdade é que a Mídia Ninja está fazendo falta. Pelo menos para criar novos paradigmas para um jornalismo acomodado e burocrático.
***
Um novo segmento social na praça: a geração F-5, homenagem à tecla “atualizar”. São crianças que nasceram há menos de 10 anos e sabem usar todos os tipos de maquinetas, smartphones, tabletes, câmeras, gravadores e os principais aplicativos. Além disso, são assíduas frequentadoras das redes sociais. Só não sabem ou não lhes ensinaram que a internet não é neutra. o Facebook é um negócio sobre o qual ninguém tem controle, muitos menos os seus usuários. A espionagem cibernética, sobre a qual tanto se fala, começa com a primeira conexão e um inocente clique.

Charge - Sinovaldo


Coração de petistas paraenses bate por Lula

Petistas destas plagas, petistas desta paragens preferem ainda não falar muito.
Mas o tuntum do coração de cada um bate por Lula, é claro.
Será difícil arrancar de algum petista, por aqui, uma declaração peremptória, definitiva, categórica em favor do "Volta, Lula".
Mas os olhos de cada um, quando se conversa com petistas destas paragens, brilham e rebrilham só de pensar na possibilidade de vir o presidente-adjunto - na irônica definição de FHC - a disputar a sucessão de Dilma.
A presidente, é fato, jamais caiu no goto dos petistas.
Eles a enguliram até que sem maiores esforços porque Lula, primeiro, baixou o diktat e a impôs como a candidata; segundo, porque ela ganhou, e bem, no segundo turno; e terceiro, porque vinha se mostrando imbatível nas pesquisa, até umas quatro semanas atrás.
Mais eis que as ruas rugiram.
Eis que as ruas se incendiaram.
Eis que as ruas fizeram a avaliação de Dilma despencar, nivelando-a a outros pré-candidatos, como Marina Silva, do ainda em formação Rede, e o tucano Aécio Neves.
Pronto.
Era o que faltava para os olhos de petistas destas paragens brilharem quando se fala em "Volta, Lula".
Mas eles ainda evitam admitir isso claramente.
E muito menos publicamente.

TIM precisa construir 300 torres de transmissão


Que a TIM é uma das piores operadoras do país todos sabem.
Que é um caso de "puliça", muito mais.
Que esfola os bolsos de seus usuários, quando os deixa na mãos, também.
Que os telefones, muitas vezes, nem piam quando se tenta uma ligação, idem idem.
O que muito gente não sabe é que a TIM, para normalizar essa parada, compatibilizando suas estruturas de transmissão à demanda provocada pelos milhões que usuários que embarcaram em seus planos, precisaram construir, no mínimo, mais 300 torres de transmissão em todo o país.
Quem garante é um técnico que conhece, por dentro, por fora e pelos lados, as entranhas da empresa, alicerçadas em brilhantes estratégias de marketing que inflam sua carteira de clientes, mas minadas por estruturas de transmissão muito aquém, em termos de potência, da que seria realmente necessária implantar para que nós, usuário da TIM, não fiquemos ligando duas, três, quatro vezes até que a ligação se complete, mas imediatamente caia.
E a nossa heróica Anatel, o que faz, hein?
A Anatel, como todos estamos cansados de ver, tem aplicado multas às operadoras de telefonia celular, entre elas a TIM.
E tem cobrado, como também testemunhamos, que as operadoras adéquem suas metas de eficiência àquelas previstas em normas regulamentadoras que orientam as concessões no setor.
Mas ninguém, dentre nós usuários, é capaz de saber duas coisas: primeiro, se as multas são recolhidas; e segundo, se as operadoras dão alguma bola para as cobranças da Anatel quanto a metas de eficiência.
Mas tudo indica que isso não é possível.
Porque é impossível, racional e logicamente, que uma operadora, precisando implantar pelo menos 300 torres de transmissão por este país continental afora, consiga atingir metas mínimas de eficiência.
E então, como ficamos nós, usuários?
Ficamos e continuamos lesados, ora bolas.

O Código de Mineração e os privilégios à Vale

Sobre a postagem “Novo” Código de Mineração conserva privilégio à Vale, diz um Anônimo:

Eis a arte de falar sem dizer nada. Quais são os privilégios mantidos à Vale no projeto de lei, se há no PL o aumento dos royalties para 4% do faturamento e não mais sobre o lucro líquido, o que é de fato um avanço? Que artigos são danosos ao interesse público? Que omissões existem?
É impressionante como essa turma da Marina nunca tem nada de objetivo a dizer, mesmo diante de uma coisa tão concreta como um projeto de lei. Nas sugestões genérias há coisas nova e boas. Só que as novas não são boas e as boas não são novas.
Licitação para concessões de áreas minerais , e quem vai investir na pesquisa mineral para descobrir as áreas? Teremos uma "Minasbrás"?
Extinguir o DNPM para criar uma Agência Reguladora, quando hoje se discute justamente a impotência das agências reguladoras?
Restrição para exploração mineral em terras indígenas e reservas ambientais já existem. Possibilidade de cobrança pelo uso de recursos hídricos também. Conclusão: essa Rede tá furada.

E diz Charles Alcantara, em resposta:

O anônimo considera suficiente taxar o minério em 4% do faturamento bruto, quando o petróleo paga 10%.
Também deve considerar justo ter sido retirada do PL a cobrança de participação especial, que asseguraria mais recursos ao Pará em razão do volume extraordinário de minério explorado em nosso território.
O anônimo considera justo que as mineradoras utilizem e poluam as nossas águas sem que tenham que pagar por isto.
Esse anônimo está me cheirando a sócio de mineradora, e mineradora das grandes.