ISMAEL
MORAES – advogado socioambiental
Desde quando os romanos destruíram o Segundo
Templo e a cidade de Jerusalém (70 d.C), expulsando os seus habitantes numa
diáspora cujo início do fim deu-se em 1948 com a criação do Estado de Israel,
os judeus praticantes sempre encerraram as refeições da Páscoa com a saudação:
“No ano que vem, em Jerusalém!”, como sinal de manterem acesa a esperança de
retornarem às terras dos seus ancestrais e que fora prometida a Abraão antes
mesmo de a Moisés.
De 70 d.C até 1948,
Jerusalém foi reconstruída e ocupada por muitos povos, e há muitos séculos
pertence ao país chamado Palestina, que hoje está sob o domínio de Israel. Em
meio a guerras religiosas e coloniais acabou por pacificar-se em compartilhar
seu espaço como a sede de tradições das três correntes monoteístas (o
islamismo, o cristianismo e o judaísmo) com a mesma origem: todas tem como
patriarca original o velho Abraão, passando por Moisés e chegando a Cristo,
que, mesmo sendo judeu, é considerado por Maomé (é citado 19 vezes no Alcorão)
como o profeta apenas menos importante que os dois citados.
O historiador judeu
Shlomo Sand, da Universidade de Tel-Aviv, conta que quando os judeus dos
movimentos sionistas começaram a retornar à Palestina no século XIX eles foram
bem recebidos pelos palestinos, que foram cedendo terras àqueles imigrantes
famintos e muito pobres. Alguns anos mais tarde, ao demonstrarem suas intenções
de quererem todas as terras dos palestinos nativos, os conflitos começaram. A
Inglaterra era titular do Mandato administrativo sobre a Palestina, e agia
favoravelmente aos judeus. Mas os ingleses programavam agir de acordo com as
resoluções internacionais, e mesmo sendo pró-judeus, estes não estavam
satisfeitos.
O primeiro grande
atentando terrorista a bomba em Jerusalém (morreram 91 pessoas, a maioria
árabes e ingleses) ocorreu em 1946, com a explosão do Hotel King David para
expulsar os ingleses, e não foi praticado por árabes muçulmanos, e sim por
judeus . Não quaisquer judeus, mas sim os fundadores do Estado de Israel, entre
eles, Menachem Begin e Ben Gurion, futuros primeiros-ministros.
Há muito tempo que
Israel já possui o controle militar e político de Jerusalém, mas tem sido
obrigado, por convenções internacionais, a respeitar espaços sagrados de outras
religiões, como na Cidade Antiga o Nobre Santuário, onde está a Mesquita de
Al-Aqsa e o Domo da Rocha, terceiro local sagrado do Islã depois de Meca e
Medina, cuja plataforma é a área do Monte do Templo, que faz parte da mesma
edificação do Muro das Lamentações, local sagrado dos judeus, o que causa
grande potencial conflito. Extremistas judeus tem constantemente fustigado
peregrinos muçulmanos, mas em poucos casos foram punidos.
Se Jerusalém já faz
parte do Estado de Israel, quais as intenções do presidente norte-americano
Donald Trump de passar por cima da comunidade internacional (inclusive a
ocidental europeia em peso e a Rússia) e reconhecer Jerusalém como capital
desse país, mandando transferir a sede da missão diplomática americana para lá?
Não se sabe ao certo, mas parece que seja mais a intenção de agradar movimentos
evangélicos dos EUA, para melhorar sua política doméstica.
Mas, o que se sabe ao
certo é que com esse ato simples o líder ianque fez jorrar mais gasolina nas
chamas das relações já tão explosivas do Oriente Médio como um todo, e mantém
os EUA como alvo preferencial das reações extremistas muçulmanas.
Vamos
esperar que no ano de 2018 que vem, o Mundo inteiro não esteja em Jerusalém.
2 comentários:
"agradar movimentos evangélicos dos EUA"?
Pressupor que uma ação dessa magnitude teria essa finalidade é muita inocência. O que está em jogo é a política global. O islã dominou a Europa com a migração em massa e hoje pratica uma política de ameaça com terrorismo fazendo chantagens com os países democráticos que não têm pulso para sair do politicamente correto e combater o inimigo.
No meu entendimento o ato de Trump, diferente do Obama, foi mais uma forma de se posicionar firmemente contra as chantagens dos países Mulçumanos(vale lembrar que não são tão democráticos como nossa mídia mostra).
Nem tudo o que a comunidade internacional defende está certo. Lembre-se que a maioria pode estar errada. E ainda que esteja certa, Trump tem todo o direito de fazê-lo. E outra: os evangélicos ianques não apitam nada. Se apitassem, Trump nunca seria escolhido como o candidato republicano, pq Ted Cruz é muito melhor e perdeu. Por fim ainda foi politicamente incorreto com os muçulmanos, aqueles que, como os nazistas, odeiam o maravilhoso e abençoado povo judeu.
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