Petro e Hernández: respeito, antes e acima de tudo, à alternância democrática no poder |
Há direitistas e direitistas.
Há aqueles raivosos, odientos e odiosos, que flertam sempre com o golpismo e estimulam a violência, muito embora arrotem todos os dias que são democratas e amantes das liberdades.
Mas também há os direitistas que, muito embora o sejam, conservam um pingo de lucidez que os estimula a respeitar as rotinas e os princípios democráticos, sem tugir nem mugir.
Vejam o caso da Colômbia.
Lá, num dos pleitos mais polarizados, senão o mais polarizado da história do País, um ex-guerrilheiro, Gustavo Petro, ganhou as eleições e levou a esquerda, pela primeira vez, ao topo do poder no País.
Petro venceu por 700 mil votos de diferença, ou 50,44% dos votos válidos, contra 47,31% de seu adversário, o direitista Rodolfo Hernández, um populista e machista.
Mas o fato de ser direitista, populista e machista não impediu Hernández de observar a elogiável postura de reconhecer a derrota - democraticamente.
“Respeito o resultado. Espero que essa decisão seja a melhor para todos. Desejo que Gustavo Petro saiba dirigir o país e seja fiel ao seu discurso de combate à corrupção”, disse ele.
Hernández não foi como o odioso e odiento Donald Trump, por exemplo, que incentivou a invasão do Capitólio porque alegou que teria havido fraudes na vitória de Joe Biden.
E também não fez como o odioso e odiento Jair Bolsonaro está fazendo desde logo, ao tentar desacreditar o sistema eletrônico de votação, ao mesmo tempo em que açula os fanáticos que o seguem contra a Justiça Eleitoral e o Supremo.
Aliás, a colunista da Folha Mônica Bergamo informa que Bolsonaro encaminhou por mensagem a um grupo restrito reportagem da BBC News Brasil que tinha o título "Ex-guerrilheiro vence eleição na Colômbia e será primeiro presidente de esquerda do país".
Abaixo da foto, Bolsonaro escreveu: "Cuba... Venezuela... Argentina... Chile ... Colômbia... Brasil???", numa referência ao fato de a esquerda, com Lula, ter chance de voltar ao poder no país.
Pois é.
E se Lula ganhar, Bolsonaro terá a lucidez de agir como Hernández agiu?
Sabe-se lá.
Nada indica que sim.
Mas convém acompanharmos os fatos.
Acompanhemos, pois.
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