segunda-feira, 20 de junho de 2022

"Respeito o resultado", proclama lucidamente um direitista derrotado. Bolsonaro diria o mesmo?

Petro e Hernández: respeito, antes e acima de tudo, à alternância democrática no poder

Há direitistas e direitistas.

Há aqueles raivosos, odientos e odiosos, que flertam sempre com o golpismo e estimulam a violência, muito embora arrotem todos os dias que são democratas e amantes das liberdades.

Mas também há os direitistas que, muito embora o sejam, conservam um pingo de lucidez que os estimula a respeitar as rotinas e os princípios democráticos, sem tugir nem mugir.

Vejam o caso da Colômbia.

Lá, num dos pleitos mais polarizados, senão o mais polarizado da história do País, um ex-guerrilheiro, Gustavo Petro, ganhou as eleições e levou a esquerda, pela primeira vez, ao topo do poder no País.

Petro venceu por 700 mil votos de diferença, ou 50,44% dos votos válidos, contra 47,31% de seu adversário, o direitista Rodolfo Hernández, um populista e machista.

Mas o fato de ser direitista, populista e machista não impediu Hernández de observar a elogiável postura de reconhecer a derrota - democraticamente.

“Respeito o resultado. Espero que essa decisão seja a melhor para todos. Desejo que Gustavo Petro saiba dirigir o país e seja fiel ao seu discurso de combate à corrupção”, disse ele.

Hernández não foi como o odioso e odiento Donald Trump, por exemplo, que incentivou a invasão do Capitólio porque alegou que teria havido fraudes na vitória de Joe Biden.

E também não fez como o odioso e odiento Jair Bolsonaro está fazendo desde logo, ao tentar desacreditar o sistema eletrônico de votação, ao mesmo tempo em que açula os fanáticos que o seguem contra a Justiça Eleitoral e o Supremo.

Aliás, a colunista da Folha Mônica Bergamo informa que Bolsonaro encaminhou por mensagem a um grupo restrito reportagem da BBC News Brasil que tinha o título "Ex-guerrilheiro vence eleição na Colômbia e será primeiro presidente de esquerda do país".

Abaixo da foto, Bolsonaro escreveu: "Cuba... Venezuela... Argentina... Chile ... Colômbia... Brasil???", numa referência ao fato de a esquerda, com Lula, ter chance de voltar ao poder no país.

Pois é.

E se Lula ganhar, Bolsonaro terá a lucidez de agir como Hernández agiu?

Sabe-se lá.

Nada indica que sim.

Mas convém acompanharmos os fatos.

Acompanhemos, pois.

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