Leitor aqui do Espaço Aberto, aposentado do INSS, passou quatro horas desta terça-feira (8) trançando de um lado para o outro, para desenrolar os nós decorrentes de um golpe de que foi vítima na última sexta-feira, 4 de fevereiro.
Naquele dia, por volta das 11h, o aposentado recebeu ligação de uma mulher, que se identificou como "Letícia" e disse que ligava de uma certa "Central Antifraude" do INSS. O número de telefone que aparecia no visor do celular mostrava o código 91, indicando que poderia ser de Belém.
A bandida perguntou se o aposentado autorizara um banco digital a emitir um cartão de crédito consignado, no limite de R$ 43 mil. Ele respondeu que não. E que nunca, sequer tinha ouvido falado no tal banco.
A mulher informou, então, que o interlocutor estava sendo vítima de uma fraude, já que o limite do cartão já fora usado e, por isso, o banco estava descontando o valor de R$ 1.080,00 de seus proventos. Ao mesmo tempo, a fraudadora perguntava se o aposentado autorizava a suposta "Central Antifraude" a cancelar o cartão, bloquear o pagamento das parcelas e depositar na conta bancária dele, em até 48 horas, os R$ 43 mil correspondentes ao limite do cartão.
Diante do oferecimento desse prestimoso serviço, o aposentado, é claro, concordou. Mas, para isso, era necessário confirmar endereço, número do CPF e número da conta bancária e da agência onde o dinheiro seria depositado, dados, aliás, que já estavam de posse da tal "Central Antifraude". Também precisou mandar pelo WhatsApp (número de São Paulo) a foto da carteira de identidade (frente e verso). E olhem só: também fez prova de vida, baixando um aplicativo que capta a imagem do rosto da pessoa.
Pronto. Com tudo isso, a "Central Antifraude" estava com todos os dados suficientes para providenciar o cancelamento do cartão consignado, o bloqueio dos descontos e o depósito dos R$ 43 mil na conta bancária.
Encerrado o atendimento, o aposentado desconfiou e foi consultar seu contracheque do INSS. E viu que os proventos estavam sendo pagos integralmente, sem qualquer desconto, contrariando informação da fraudadora.
Pelo WhatsApp, o aposentado voltou a contactar com "Letícia", a bandida, e explicou esse detalhe. Ouviu como resposta a informação de que, realmente, o desconto não aparecia no contracheque, mas no RMC (Registo de Margem Consignável), documento emitido pelo INSS.
Quando solicitou, então, que a "Central Antifraude" lhe mandasse o RMC, não obteve mais resposta.
Nesta terça-feira, o aposentado entrou em contato com o INSS, pelo número 135, obteve a confirmação de que nenhum desconto fora feito e recebeu a recomendação para jamais atender qualquer ligação de alguém dizendo falar em nome do INSS, porque a Previdência dificilmente se comunica com os inativos por telefone e, quando o faz, é somente pelo 135. Além disso, a atendente orientou o alvo do golpe a lavrar um boletim de ocorrência, o que já foi feito.
Agora, é ficar atento pra saber se os documentos fornecidos aos fraudadores serão usados para algum golpe que exigirá descontos nas contas bancárias do aposentado.
Então, já sabem.
Assim como bancos, a Receita Federal e outros órgãos, o INSS também nunca liga pra você.
Se ligarem em nome do INSS, é golpe.
Ou meio golpe.
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